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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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Evidência 4Exigimos muito da atenção primária, prometemos muito como resulta<strong>do</strong> da ação<strong>de</strong> centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> equipes multiprofissionais inseridas no primeiro nível <strong>de</strong>atendimento. No entanto, a re<strong>de</strong> básica nem se transformou em porta <strong>de</strong> entrada <strong>do</strong>SUS e nem logrou fazer toda a saú<strong>de</strong> coletiva que insinuávamos. Depois <strong>de</strong> vinte anosinvestin<strong>do</strong> na re<strong>de</strong> básica, agora, há como que uma <strong>de</strong>sistência oficial <strong>de</strong> fazê-la funcionarpara garantir atenção integral. Reconhecimento da impotência <strong>de</strong> promessas onipotentes.Como fuga para frente, sem exame franco <strong>do</strong> relativo insucesso, surge nova receita,grandiloqüente: médicos <strong>de</strong> família e agentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> supririam todas as falhas daatenção primária à saú<strong>de</strong>.A proposta da saú<strong>de</strong> coletiva para a re<strong>de</strong> básica tem si<strong>do</strong> também muito “OM”,totaliza<strong>do</strong>ra. Caberia-lhe simplesmente funcionar como porta <strong>de</strong> entrada - resolven<strong>do</strong>90% da <strong>de</strong>manda clínica - e, ao mesmo tempo, executar a maioria das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>pública. Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, vigilância epi<strong>de</strong>miológica, visitas <strong>do</strong>miciliares,intervenção sobre a comunida<strong>de</strong>, prevenção <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>mias e en<strong>de</strong>mias. Sem dúvida,tratou-se <strong>de</strong> uma exorbitância. Super-trabalha<strong>do</strong>res primários. E a coisa não temfunciona<strong>do</strong>.Como já sugeri, enten<strong>do</strong> que as responsabilida<strong>de</strong>s pela saú<strong>de</strong> pública <strong>de</strong>veriamser divididas entre a re<strong>de</strong> básica e núcleos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> coletiva em cada distrito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Ou seja, mesmo quan<strong>do</strong> as equipes locais interviessem diretamente, <strong>de</strong>veriam serapoiadas por grupos <strong>de</strong> sanitaristas. E mais, algumas medidas <strong>de</strong>veriam estar à cargo<strong>de</strong>stes sanitaristas: vigilância em saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, por exemplo; ou coor<strong>de</strong>nação<strong>de</strong> campanhas para controle <strong>do</strong> <strong>de</strong>ngue, ou investigação <strong>de</strong> um agravo súbito einespera<strong>do</strong>, etc.Quanto à porta <strong>de</strong> entrada... bem, assegurar acesso à toda a <strong>de</strong>manda é um mecanismoindispensável para marcar um sistema como integral. E aí estamos falhan<strong>do</strong>. Falhamosporque não se conseguiu responsabilizar, <strong>de</strong> fato, aos médicos pela atenção clínica<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no nível básico. Quan<strong>do</strong> muito, alguns realizam pronto-atendimento - asfamigeradas 4 consultas por hora. Na verda<strong>de</strong>, tratar-se-ia <strong>de</strong> elaborar um novo contrato<strong>de</strong> trabalho entre equipes multiprofissionais da re<strong>de</strong> básica e usuários. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>trabalho seria semelhante ao proposto para os médicos <strong>de</strong> família. Aliás esta é gran<strong>de</strong>incógnita que <strong>de</strong>veria ser esclarecida: por que razão nossas autorida<strong>de</strong>s propõem mecanismos<strong>de</strong> atenção integral e resolutiva, com responsabilização <strong>do</strong>s médicos e auxiliarespelo cuida<strong>do</strong> integral <strong>de</strong> um certo número <strong>de</strong> pacientes, apenas para o programa <strong>de</strong>médicos da família? Por que não organizar a porta <strong>de</strong> entrada, toda re<strong>de</strong> básica, <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong>stes princípios? Por que situar o médico <strong>de</strong> família fora e distante <strong>do</strong>s centros ou postos<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>? Receio <strong>de</strong> quebrar o compromisso sujo sela<strong>do</strong> entre médicos e governantes?Enfim, sem a criação <strong>de</strong> uma porta <strong>de</strong> entrada que assegurasse amplo acesso eacolhida aos problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> - ou seja, universalida<strong>de</strong> -; intervenção personalizadacomo projetos terapêuticos singulares - eqüida<strong>de</strong> -; e alta resolutivida<strong>de</strong>, nunca teremoso SUS socialmente legitima<strong>do</strong>. Não custa caro montar um sistema com estascaracterísticas. Custaria transformações culturais, organizacionais e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Porexemplo, <strong>de</strong>legar às equipes locais, ao médicos <strong>de</strong> família, ou aos clínicos, pediatras, ocontrole sobre as internações e utilização <strong>de</strong> recursos especializa<strong>do</strong>s, públicos oucontrata<strong>do</strong>s. Há saídas, mas há também um imobilismo assusta<strong>do</strong>r em relação a medidasradicais <strong>de</strong> transformação <strong>do</strong>s atuais padrões <strong>de</strong> funcionamento da atenção básica.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>123

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