12.07.2015 Views

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O SUS e um <strong>do</strong>s seus Dilemas: Mudar a Gestão e aLógica <strong>do</strong> Processo <strong>de</strong> Trabalho em Saú<strong>de</strong> (umEnsaio sobre a Micropolítica <strong>do</strong> Trabalho Vivo)Emerson Elias Merhy *Para além da crise <strong>do</strong> atual padrão <strong>de</strong> relações entre o esta<strong>do</strong> e a socieda<strong>de</strong> noBrasil, que em si tem gera<strong>do</strong> uma enormida<strong>de</strong> <strong>de</strong> problemas no interior <strong>do</strong>s equipamentosinstitucionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, convivemos no dia a dia com uma gama muito ampla<strong>de</strong> outros problemas que alteram intensamente a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> emcumprir com o seu papel <strong>de</strong> instrumentos à serviço da vida individual e coletiva.Ao la<strong>do</strong> da: falta <strong>de</strong> dinheiro; <strong>do</strong> uso político clientelista das políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>por parte das esferas fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais; das disputas entre os diferentesministérios sociais por recursos financeiros; da intensa campanha neo-liberal para <strong>de</strong>smoralizarqualquer ação competente por parte <strong>do</strong> setor público; da ausência <strong>de</strong> umalegislação a<strong>de</strong>quada à importância das políticas sociais no interior <strong>do</strong>s governos e dafrágil estrutura tributária <strong>do</strong>s governos municipais, que convivem com uma gran<strong>de</strong>retração <strong>do</strong>s gastos fe<strong>de</strong>rais e estaduais no setor; convivemos com uma profunda crise<strong>de</strong> falta <strong>de</strong> eficácia e efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, públicos e priva<strong>do</strong>s.Inúmeros são os exemplos que mostram a <strong>de</strong>sumanização <strong>do</strong>s serviços em relaçãoa clientela; a falta <strong>de</strong> compromisso <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com o sofrimento<strong>do</strong>s usuários; a baixa capacida<strong>de</strong> resolutiva das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; a intensa <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>no atendimento <strong>do</strong>s diferentes estratos econômico-sociais e o privilegiamento <strong>do</strong>scidadãos, que po<strong>de</strong>m pagar altos preços pelos serviços, no acesso ao melhor que se temno setor.Alia-se a isto o baixo impacto que as ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> têm ti<strong>do</strong> nos principais problemasda população e a sua pouca contribuição para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidadas pessoas, ocorren<strong>do</strong> em muitos casos o contrário, uma piora <strong>de</strong> alguns indica<strong>do</strong>res<strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das populações, revela<strong>do</strong> no aumento da presença <strong>de</strong> <strong>do</strong>ençasevitáveis e erradicáveis. O que po<strong>de</strong> mostrar uma contribuição pouco efetiva das atuaisações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na promoção e proteção <strong>do</strong>s indivíduos e da coletivida<strong>de</strong>, expressan<strong>do</strong>a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impacto <strong>do</strong> atual <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo tecno-assistencial a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> pelo sistema<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, brasileiro.Este quadro tem esta<strong>do</strong> presente cotidianamente na vida das instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,no Brasil, e tem se expressa<strong>do</strong> não só na total insegurança da clientela no tipo <strong>de</strong> atendimento<strong>do</strong> qual muitas vezes está sen<strong>do</strong> vítima, mas também na profunda crise <strong>de</strong>realização e satisfação, como cidadão e profissional, <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong>setor saú<strong>de</strong>.Entretanto, é interessante observar que, para<strong>do</strong>xalmente, a Constituição <strong>de</strong> 1988procura garantir a saú<strong>de</strong> como um direito <strong>do</strong> cidadão, como um bem <strong>de</strong> relevânciapública, mostran<strong>do</strong> que qualquer interesse <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m privatizante, na área da saú<strong>de</strong>,SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>125

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!