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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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e condições concretas <strong>do</strong> trabalho. Além disto, ele próprio surge como um mero aplica<strong>do</strong>r<strong>do</strong>s conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s, uma vez que adquirin<strong>do</strong> outros conhecimentos ele,automaticamente, mudaria sua prática e o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho! Deixan<strong>do</strong> mais claro, osproblemas <strong>do</strong> trabalho são transforma<strong>do</strong>s em problemas apenas <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho pessoale individual <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, como se fossem apenas problemas <strong>de</strong> seu <strong>do</strong>mínio em umsaber-fazer. Em segun<strong>do</strong> lugar, esse <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> um saber-fazer, isto é, <strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> umaefetiva tecnologia <strong>de</strong> trabalho, reduz-se a <strong>de</strong>ter saberes ao término <strong>de</strong> uma capacitação escolar.Estes <strong>de</strong>slocamentos reduzem o problema inicial. Assim, questões geradas naprodução das ações <strong>de</strong> assistência, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas tanto pelo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> produzir cuida<strong>do</strong>sa<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>, quanto pelas condições concretas da produção e distribuição social <strong>do</strong>sserviços (e <strong>do</strong> trabalho) na socieda<strong>de</strong>, tornam-se questões <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e, ainda porcima, <strong>de</strong> sua base escolar.Ora, sabemos que a assistência produzida e as condições e contextos <strong>do</strong> trabalhosão realida<strong>de</strong>s em que objetivos técnicos estão articula<strong>do</strong>s aos objetivos institucionais,sob os quais a técnica organiza-se em tal ou qual forma <strong>de</strong> produzir cuida<strong>do</strong>s. E estaorganização representa interesses e políticas administrativas <strong>de</strong> diferentes empresas;representa compromissos junto a complexos financeiros ou médico-industriais;representa certas disponibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> trabalho, instalações e formas <strong>de</strong> interagircom a clientela; representa, ainda, maior ou menor satisfação no trabalho. Tu<strong>do</strong> isso éque conformará os padrões <strong>do</strong> <strong>de</strong>sempenho profissional, para o conjunto <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res, em geral, e com diferenciações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certa gama possível <strong>de</strong>comportamentos individuais, para profissionais particulares.Essa situação complica-se ainda mais se consi<strong>de</strong>rarmos o mo<strong>do</strong> como os profissionaisadquirem seus conhecimentos científicos e a<strong>de</strong>stramento técnico, pois esse mo<strong>do</strong>correspon<strong>de</strong> a situações extremamente selecionadas <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong>. To<strong>do</strong>s sabemosdas críticas <strong>de</strong> que são alvo os hospitais-escola, por exemplo. Nesse processo <strong>de</strong> ensinocom sua pré-seleção <strong>de</strong> casos e patologias, <strong>de</strong> regra com base em interesse <strong>de</strong> pesquisacientífica <strong>do</strong> tipo biomédica, ocorre um aprendiza<strong>do</strong> que em termos práticos to<strong>do</strong>s osprofissionais sabem não correspon<strong>de</strong>r a situações equiparáveis <strong>do</strong> cotidiano assistencial.Centra-se a aprendizagem na vivência <strong>do</strong> mais difícil, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista científico, comose isto recobrisse a gama <strong>de</strong> situações <strong>do</strong> dia-a-dia <strong>do</strong> trabalho, que quase sempre, aocontrário, correspon<strong>de</strong> a <strong>de</strong>mandas mais simples, <strong>do</strong> mesmo ponto <strong>de</strong> vista científico.Trabalho simples ou trabalho complexo são vistos como se fossem a mesma coisa queconhecimento científico simples ou complexo. Mas, <strong>de</strong> fato, no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, a“simplicida<strong>de</strong>” é apenas da patologia, sen<strong>do</strong> a assistência ou o cuida<strong>do</strong> a ser produzi<strong>do</strong>um trabalho complexo <strong>de</strong> outra natureza que aquele da prática hospitalartecnologicamente armada. E apenas em algumas das situações <strong>de</strong> trabalho, é que teremosuma proximida<strong>de</strong> daquelas experimentadas na escola.Muitas vezes buscamos resolver esse impasse por meio <strong>de</strong> capacitações profissionais,que, contu<strong>do</strong>, são repetições <strong>do</strong>s padrões escolares <strong>de</strong> qualificação, visan<strong>do</strong> àatualização <strong>do</strong>s conhecimentos científicos mais recentes e da tecnologia <strong>de</strong> ponta, apenas.Dominar o conhecimento científico, porém, não é o mesmo que <strong>do</strong>minar a habilida<strong>de</strong> tecnológica6. É necessário lembrar que as propostas <strong>do</strong> tipo “medicina comunitária” representam relativamente àsoutras uma reflexão que avança na direção <strong>do</strong>s próprios serviços e da produção <strong>do</strong> trabalho, ao conectaras questões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e formação profissional com a organização institucional da produção, atravésda preocupação com as necessida<strong>de</strong>s sociais em saú<strong>de</strong> e a participação “comunitária”.288 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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