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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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produtos protegi<strong>do</strong>s por patentes e sua difusão internacional, a partir <strong>de</strong> uma custosaativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propaganda, notadamente sobre a classe médica.Com relação à ativida<strong>de</strong> tecnológica, estu<strong>do</strong>s recentes mostram que mais <strong>de</strong> 90%<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s comerciais nos primeiros 3 anos <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong> novos princípios ativosconcentram-se nas 20 maiores empresas <strong>do</strong> planeta. Os custos para o lançamento <strong>de</strong> umnovo produto no merca<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento até a aprovação final pelasautorida<strong>de</strong>s sanitárias, tem cresci<strong>do</strong> significativamente ao longo das últimas décadas.Estima-se que, atualmente, a <strong>de</strong>spesa envolvida para a introdução <strong>de</strong> uma nova drogasupere o valor <strong>de</strong> US$ 200 milhões. O orçamento anual <strong>de</strong> P&D das empresas lí<strong>de</strong>res daindústria, freqüentemente, ultrapassa o valor <strong>de</strong> US$ 1 bilhão e raramente é inferior aUS$ 500 milhões (Grabowsky, H. & Vernon, J., 1994). 6Na outra ponta <strong>de</strong>sta estratégia competitiva, encontra-se uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>marketing que geralmente representa <strong>de</strong> 30% a 40% <strong>do</strong> preço <strong>do</strong> medicamento. Estaestratégia estrutura-se <strong>de</strong> forma bastante ampla, envolven<strong>do</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> representantesque fazem a propaganda junto aos médicos, “promoções” junto às farmácias, realizações<strong>de</strong> congressos e propaganda na mídia.As estratégias <strong>de</strong> inovações e <strong>de</strong> marketing são, assim, fortemente articuladas. Ageração <strong>de</strong> novos produtos – que se <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra em múltiplos produtos <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s e formas<strong>de</strong> apresentação – é a base sobre a qual se consolida a li<strong>de</strong>rança e a imagem dasfirmas junto aos forma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> opinião especializada. O marketing, por sua vez, potênciaesta imagem inova<strong>do</strong>ra, seja através <strong>de</strong> inovações substantivas ou pelo lançamento <strong>de</strong>“novida<strong>de</strong>s” sem qualquer avanço terapêutico significativo.Neste campo, falar em soberania <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res – um <strong>do</strong>s fundamentos básicos<strong>do</strong> liberalismo – é bastante problemático. Não existem bens competitivos que oconsumi<strong>do</strong>r possa optar em caso <strong>de</strong> restrições orçamentárias. Quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> sobre oconsumo (o médico) não é o responsável pela compra <strong>do</strong> produto, não sen<strong>do</strong> restringi<strong>do</strong>pelo seu custo. O lançamento <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>s no merca<strong>do</strong> torna-se o mecanismo <strong>de</strong> competiçãoprivilegia<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> a concorrência em preço importante somente para segmentosmenos relevantes <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico.Deste mo<strong>do</strong>, a gran<strong>de</strong> empresa farmacêutica é, ao mesmo tempo, o agente, porexcelência, <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos fármacos e medicamentos e um agente que semove obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> uma lógica mercantil, que po<strong>de</strong> se contrapor às necessida<strong>de</strong> dapopulação e às ações públicas <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong>.Esta duplicida<strong>de</strong> constitui o elemento essencial que tem permea<strong>do</strong> as políticaspúblicas para a área nos países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Os Esta<strong>do</strong>s Nacionais são os agentes que<strong>de</strong>vem mediar o conflito entre os interesses priva<strong>do</strong>s e as necessida<strong>de</strong>s sociais. De umla<strong>do</strong>, impõe-se a garantia <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> e <strong>do</strong> po<strong>de</strong>rio inova<strong>do</strong>r das empresas através<strong>de</strong> mecanismos como subsídios às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D, compras governamentais diretase indiretas, garantia <strong>do</strong>s direitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> industrial, estímulo a fusõesempresariais, etc. De outro la<strong>do</strong>, a dimensão social <strong>do</strong>s medicamentos impõe umarigorosa intervenção estatal na indústria, envolven<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a vigilância sanitária e asações <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> até o acompanhamento e restrições às políticas <strong>de</strong> preços,5. Time, 1995. Remaking an industry. Time Magazine, September, 4, 19956. Grabowisky, H. & Vernon, J., 1994. “Innovation and Structural Change in Pharmaceuticals andBiotechnology”. Industrial and Corporate Change; Vol. 3, No 2.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>303

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