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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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amento bruto já atingia um valor superior a US$8 bilhões, ten<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que triplica<strong>do</strong>num perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> apenas 6 anos, o que constitui algo sem paralelo em qualquer outrosetor da indústria brasileira. Provavelmente, o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> medicamentos <strong>do</strong> Brasil já éhoje o 5º ou o 6º merca<strong>do</strong> no ranking da indústria farmacêutica. Todavia, e surpreen<strong>de</strong>ntemente,os da<strong>do</strong>s agrega<strong>do</strong>s não indicam que houve um crescimento expressivo dadisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medicamentos para a população. Enquanto, em termos <strong>de</strong> valor,houve uma expansão <strong>de</strong> 72% entre 1993 e 1995 (sen<strong>do</strong> 28% em 94 e 34% em 95), emtermos físicos, a produção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s farmacêuticas expandiu-se em apenas 9%, ten<strong>do</strong>,inclusive, <strong>de</strong>cresci<strong>do</strong> 6% no perío<strong>do</strong> 93/94.Comparan<strong>do</strong> a expansão em termos <strong>de</strong> valor e <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, o valor médio <strong>de</strong>uma unida<strong>de</strong> farmacêutica (medi<strong>do</strong> em termos <strong>do</strong> faturamento bruto) elevou-se <strong>de</strong>US$2,99 para US$4,67, representan<strong>do</strong> um crescimento <strong>de</strong> 56% num intervalo <strong>de</strong> 2 anos!Mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a limitação <strong>de</strong> uma análise tão agregada, é abso<strong>luta</strong>mente improvávelque uma elevação <strong>de</strong>sta natureza possa estar associada principalmente àintrodução <strong>de</strong> novos produtos com qualida<strong>de</strong> superior, ainda mais num prazo tão curto.Por trás <strong>de</strong>stes da<strong>do</strong>s, está a questão da liberalização <strong>de</strong> preços numa indústria fortementeoligopolizada e pouco exposta à concorrência, uma vez que foi justamente no início <strong>do</strong>sanos 90 que o setor foi <strong>de</strong>sregulamenta<strong>do</strong>.O discurso da eficiência e competitivida<strong>de</strong> da indústria frente a estes da<strong>do</strong>s ficabastante prejudica<strong>do</strong>. Se a regulamentação burocrática prejudica os interesses empresariaise origina o gasto com recursos e esforços na obtenção <strong>de</strong> favores públicos(fenômeno conheci<strong>do</strong> como rent seeking), a <strong>de</strong>sregulamentação <strong>de</strong> um setor estrutura<strong>do</strong>como um oligopólio, que apresenta impacto direto nas políticas sociais, originacomportamentos priva<strong>do</strong>s fortemente <strong>de</strong>letérios e ineficientes para o consumi<strong>do</strong>r.Voltan<strong>do</strong> à questão tecnológica, pela análise das informações disponíveis, assistesea uma forte discrepância entre a posição <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e a base tecnológica <strong>do</strong> país. OBrasil é o único país, entre os 10 primeiros merca<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, com ativida<strong>de</strong>s tecnológicase base <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> princípios ativos quase que <strong>de</strong>sprezíveis, não acompanhan<strong>do</strong>,minimamente, mesmo países com um grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mais próximo,como a Espanha e a Coréia <strong>do</strong> Sul.Deste mo<strong>do</strong>, a dimensão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> nacional, a reduzida pressão competitiva sobreas empresas lí<strong>de</strong>res, a inexpressiva contribuição da indústria para a capacitação tecnológicae a formação <strong>de</strong> recursos humanos em áreas estratégicas (biotecnologia, produtos naturais,entre outras) e a dimensão social <strong>do</strong> medicamento <strong>de</strong>scartam a concepção simplista,atualmente hegemônica, <strong>de</strong> que o Brasil <strong>de</strong>veria a<strong>do</strong>tar um padrão <strong>de</strong> especialização que sevoltasse para ativida<strong>de</strong>s menos complexas. A inserção num merca<strong>do</strong> mundial globaliza<strong>do</strong>não requer que se abra mão da conformação <strong>de</strong> um padrão <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento assenta<strong>do</strong>no trabalho qualifica<strong>do</strong> e em ativida<strong>de</strong> com maior substância tecnológica.O Sistema Produtor Oficial: uma alternativa <strong>de</strong> política?Os tempos mudaram. Para os que atuam no setor público, a ultima década acentuoufrustrações e perplexida<strong>de</strong>s. A tendência <strong>do</strong>s governos em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> – inclusivesocialista – é transferir para o merca<strong>do</strong> o eixo das estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico e social. Nesta concepção o Esta<strong>do</strong> se afasta da órbita direta <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>bens e serviços, limitan<strong>do</strong>-se à função regula<strong>do</strong>ra e prove<strong>do</strong>ra em áreas específicas comoeducação e saú<strong>de</strong>.308 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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