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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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Os profissionais operam com base na perícia, também fonte <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, enfatizan<strong>do</strong>a autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s especialistas 22 . Há, especialmente para o médico, uma importanteautonomia em relação às suas <strong>de</strong>cisões técnico-profissionais, com um conseqüente<strong>de</strong>safio: como coor<strong>de</strong>nar a existência <strong>de</strong> trabalhos com significativa autonomia, a sermesmo assegurada em algum nível, articulan<strong>do</strong>-os racionalmente em torno <strong>de</strong> umamissão e objetivos pactua<strong>do</strong>s para a organização como um to<strong>do</strong>?Nas organizações profissionais, o papel da tecnoestrutura, <strong>do</strong> nível intermediárioe mesmo <strong>de</strong> seu centro <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, é limita<strong>do</strong>, toman<strong>do</strong> como referência o grau <strong>de</strong>condicionamento sobre o trabalho <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res, no caso <strong>de</strong> um hospital, seus médicose, no caso <strong>de</strong> uma universida<strong>de</strong>, seus professores e/ou pesquisa<strong>do</strong>res.Segun<strong>do</strong> Dussault (1992), os profissionais vão tentar controlar a organização paramanter e até mesmo reforçar o seu po<strong>de</strong>r sobre as <strong>de</strong>cisões que influenciam o seu trabalho.Nesse caso, os profissionais buscam ocupar espaços em outros setores organizacionais,seja no centro <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão (os médicos passam a ser dirigentes também), ao nível datecnoestrutura (interferin<strong>do</strong> nas condições <strong>de</strong> trabalho tecnologia, procedimentos geraiscomo mecanismos <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> recursos, <strong>de</strong> salários, <strong>de</strong> outros prêmios, etc.) emesmo nas ativida<strong>de</strong>s logísticas 23 .Dussault (1992) faz uma outra observação <strong>de</strong> suma importância para que secompreenda o contexto e as exigências <strong>de</strong> aperfeiçoamento da gestão em organizações<strong>de</strong> tipo profissionais. Diz esse autor: “Autonomia profissional ten<strong>de</strong> a favorecer a segmentaçãoem grupos (<strong>de</strong> profissionais) com interesses divergentes, o que explica a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sefazer mudanças na organização inteira. Para<strong>do</strong>xalmente, mudanças acontecem facilmente, aonível das unida<strong>de</strong>s, justamente por causa da autonomia <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res” 24 .Esse para<strong>do</strong>xo, po<strong>de</strong> ser trabalha<strong>do</strong> como problema tipo oportunida<strong>de</strong> para organizaçõesprofissionais que optem por mo<strong>de</strong>los gerenciais <strong>de</strong>scentraliza<strong>do</strong>s e com sistemas<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação basea<strong>do</strong>s enfaticamente nos resulta<strong>do</strong>s, como explora<strong>do</strong> adiante.É inegável que sejam organizações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r comparti<strong>do</strong>. Mesmo entre os profissionais,como assinala Lemos (1994), há uma tendência para o isolamento entre si, <strong>de</strong>grupos e mesmo sub-grupos, com o surgimento <strong>de</strong> objetivos diferentes, “on<strong>de</strong> grupos <strong>de</strong>especialistas médicos, ten<strong>de</strong>m a abordar os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, enfática ou exclusivamente apartir da perspectiva da sub-especialida<strong>de</strong> em questão” 25 .Não é difícil perceber que tal processo gere repercussões negativas sobre o to<strong>do</strong>organizacional, on<strong>de</strong> objetivos pulveriza<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>sconexos comprometem os resulta<strong>do</strong>sfinais da organização.A natureza <strong>do</strong> trabalho médico possui ainda uma outra importante característica,qual seja a <strong>de</strong> ser consumi<strong>do</strong> no próprio processo <strong>de</strong> produção e on<strong>de</strong> cada processoapresenta singularida<strong>de</strong>s condicionadas pelo cliente. São processos não padronizáveis,com muito pouca tolerância ao erro e bastante <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s pelo po<strong>de</strong>r/saberprofissional, que condiciona enormemente a sua <strong>de</strong>cisão a cada tarefa enfrentada.19. I<strong>de</strong>m.Ibi<strong>de</strong>m. p.106-109.20. Essa noção é interessante e significa compreen<strong>de</strong>r cada configuração enquanto uma força que age juntocom as <strong>de</strong>mais (forças) numa tensão dialética, on<strong>de</strong> cada uma possui pesos específicos e sen<strong>do</strong> uma<strong>de</strong>las mais potente, com isso, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> um tipo organizacional particular.21. Mintzberg, Henry, op.cit.p.174-176.22. Lemos, Sheyla. op.cit.p.120.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>151

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