12.07.2015 Views

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Prova disto são as inúmeras Comissões Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito (CPIs) realizadaspara apurar <strong>de</strong>núncias vinculadas às questões <strong>do</strong>s medicamentos, sempre <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adasa partir <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> conflito entre a indústria, o governo e instituições dasocieda<strong>de</strong> civil. A última, realizada em 1994, repete, sem nenhuma originalida<strong>de</strong>, odiagnóstico e as recomendações <strong>de</strong> suas antecessoras, sem que nada <strong>de</strong> inova<strong>do</strong>r aconteçano concreto da política setorial. Da mesma forma, não foram nada originais as discussõessobre o tema durante a VIII Conferência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, realizada em 1985. Ali,parte da responsabilida<strong>de</strong> pelo caos então vigente na saú<strong>de</strong> era atribuída ao controle <strong>do</strong>setor <strong>de</strong> medicamentos e equipamentos pelas multinacionais e a solução proposta foi ada estatização da indústria farmacêutica. 1De fato, para o movimento sanitário, as questões envolven<strong>do</strong> medicamentos evacinas, sempre foram remetidas para o espaço da <strong>luta</strong> i<strong>de</strong>ológica o que explica o baixonúmero e a baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das propostas <strong>de</strong> intervenção que surgiram até aqui. Friseseque, em todas elas, o Esta<strong>do</strong> tem um papel abso<strong>luta</strong>mente central. Claro que por seruma área <strong>de</strong> atuação com alto grau <strong>de</strong> inter-relação com outras áreas das políticaseconômicas, industriais e sociais, são limitadas as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformações maisprofundas a partir <strong>de</strong> uma atuação isolada <strong>do</strong> setor saú<strong>de</strong>.Inúmeros <strong>do</strong>cumentos produzi<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong>s últimos anos, ao se <strong>de</strong>bruçaremsobre os <strong>de</strong>terminantes estruturais da crise <strong>de</strong> medicamentos no país invariavelmentereferiam-se <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> enfático a <strong>do</strong>is <strong>de</strong>les: o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> pelas empresasmultinacionais e a <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> país em relação á produção <strong>do</strong>s insumos básicos(matérias-primas e intermediários). Esses <strong>do</strong>is argumentos refletem bem esse dilemada utilização estratégica da questão <strong>do</strong>s medicamentos como espaço <strong>de</strong> <strong>luta</strong> estritamentei<strong>de</strong>ológica. Estaríamos em situação mais favorável se o merca<strong>do</strong> brasileiro estivessecontrola<strong>do</strong> por empresas privadas <strong>de</strong> capital nacional? Estas, em nosso país, pautariamsua conduta pelo respeito aos consumi<strong>do</strong>res, pelo acatamento aos princípios das políticassetoriais e por uma postura ética irrepreensível? E o que dizer <strong>do</strong>s produtores nacionais<strong>de</strong> insumos que com freqüência oferecem produtos mais caros e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> duvi<strong>do</strong>saem relação àqueles oferta<strong>do</strong>s por outros países produtores ?Porém apesar das CPIs e das <strong>de</strong>liberações das diferentes Conferências <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>,a cada ano fortalece-se um mo<strong>de</strong>lo que tem como características básicas:• A conformação, como em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong> um merca<strong>do</strong> controla<strong>do</strong> porum número relativamente pequeno <strong>de</strong> empresas que ten<strong>de</strong>m a impor suaslógicas empresariais ao merca<strong>do</strong> e ao interior <strong>do</strong> aparato estatal.• O enfraquecimento da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Laboratórios Públicos.• A manutenção da exclusão <strong>de</strong> amplas parcelas da população <strong>do</strong> acesso aosmedicamentos essenciais. Estima-se que hoje cerca <strong>de</strong> 23% da populaçãoconsome 60% da produção nacional (Bermu<strong>de</strong>z, 1995).• O esvaziamento e a perda progressiva <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r da Central <strong>de</strong> Medicamentos(CEME), <strong>de</strong>scaracterizada por sucessivos escândalos. Sua concepçãooriginal <strong>de</strong> centralizar as compras para os programas <strong>de</strong> distribuição <strong>do</strong>governo fe<strong>de</strong>ral, imaginan<strong>do</strong> com isso obter um alto po<strong>de</strong>r indutor sobre aestrutura <strong>de</strong> produção mas também sobre os preços a nível <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>,fracassou na prática. Hoje, essa estrutura centralizada que insiste em resistir,está na contramão <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> SUS.1. Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1985 –Relatório Final da VIII Conferência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, Brasília / DF.300 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!