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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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O materialismo histórico torna-se o fundamento epistemológico <strong>do</strong> “objeto”processo saú<strong>de</strong>/<strong>do</strong>ença, ao mesmo tempo que se institui como instrumento <strong>de</strong> transformaçãoracional da realida<strong>de</strong>. Por isso, torna-se possível, por exemplo, i<strong>de</strong>ntificar umaepi<strong>de</strong>miologia científica que se contrapõe a uma epi<strong>de</strong>miologia “burguesa”. Assim, acategoria central explicativa <strong>do</strong> processo saú<strong>de</strong>/<strong>do</strong>ença seria, pelo seu máximo grau <strong>de</strong>abstração, aquela <strong>de</strong> “produção” e “reprodução social”, naturalmente intermediada poroutras categorias, quan<strong>do</strong> se consi<strong>de</strong>ra especificida<strong>de</strong>s (socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> classe, porexemplo). São necessárias, assim, categorias <strong>do</strong> tipo: merca<strong>do</strong>ria, valor, força <strong>de</strong> trabalho,classe. “então, a nova síntese po<strong>de</strong> explicar a oposição dialética entre, por exemplo, areprodução social, orientada primeiro para a formação <strong>do</strong> valor e, portanto, para avalorização <strong>do</strong> valor sobre a reprodução natural, e condições naturais externas ou ecológicas.Além disso, ao incorporar na síntese estas novas categorias, aparece, no resulta<strong>do</strong>final da mesma, o ‘perfil epi<strong>de</strong>miológico <strong>de</strong> classe’” 12 .Contra o positivismo, que tomou das “ciências naturais” o mo<strong>de</strong>lo para explicara socieda<strong>de</strong> e sua dinâmica, <strong>de</strong>senvolve-se aqui um esforço para pensar a totalida<strong>de</strong> davida a partir <strong>de</strong> categorias que foram criadas para pensar parte <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong> real,que é a história humana. “Sociologizada”, a <strong>do</strong>ença estaria inteiramente explicada peloprocesso que traz consigo a máxima <strong>de</strong>terminação. O conhecimento aqui aproxima-se,e bastante, <strong>de</strong> um mecanismo <strong>de</strong> corroboração <strong>de</strong> situações e <strong>de</strong> causas que, estas sim,precisam ser eliminadas. A “terapêutica” é uma só, ainda que divergências táticas possamser i<strong>de</strong>ntificadas e, até mesmo, admitidas. Vê-se bem que uma finalida<strong>de</strong> acaba pori<strong>de</strong>ntificar, em um primeiro momento, o objetivo com o objeto e, <strong>de</strong> tanto ressaltá-lo,substituir um pelo outro. Em outros termos, tu<strong>do</strong> se passa como, em saben<strong>do</strong> o quequero, sei o que é e como fazer.Na verda<strong>de</strong>, as coisas não se <strong>de</strong>ixam passar exatamente da forma como sãoconcebidas. Uma primeira dificulda<strong>de</strong> refere-se à operacionalização <strong>de</strong> categoriasconceituais chaves da proposição. A primeira, e fundamental, é aquela <strong>de</strong> “classe social”.Não se trata aqui <strong>de</strong> percorrer a história <strong>de</strong>ste conceito mas, muito simplesmente, <strong>de</strong>apontar eventuais razões <strong>de</strong> certo insucesso <strong>de</strong> sua utilização em estu<strong>do</strong>s empíricos,como os empreendi<strong>do</strong>s pela epi<strong>de</strong>miologia. Uma primeira pergunta, por isso mesmo,<strong>de</strong>ve ser formulada: como i<strong>de</strong>ntificar uma “classe social”? Ou, melhor dizen<strong>do</strong>, quemcompõe tal ou qual “classe social”? Sob o capitalismo, duas classes são i<strong>de</strong>ntificadas: aproprietária <strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> produção, opon<strong>do</strong>-se àquela que, operan<strong>do</strong> os instrumentos<strong>de</strong> produção, é excluída <strong>de</strong> parcela <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu trabalho. Resulta uma questãocrucial: on<strong>de</strong> localizar, por exemplo, os que não produzem e nem se apropriam <strong>do</strong> valorproduzi<strong>do</strong>? Ou seja, o que vem a ser aquele que não é capitalista e nem proletário.Como ser-lhe-ia traça<strong>do</strong> um “perfil epi<strong>de</strong>miológico”?Há aqui um problema, inicialmente meto<strong>do</strong>lógico. A abordagem da realida<strong>de</strong>empírica tem si<strong>do</strong> feita, em geral, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> categorias relativas a atributos pessoais(sexo, ida<strong>de</strong>, raça) e econômico-culturais (escolarida<strong>de</strong>, ocupação e, fundamentalmente,renda). As “classes sociais” seriam, assim, “vistas” através <strong>de</strong> diferenças estabelecidaspor “faixas <strong>de</strong> ingresso”, ou seja por uma estratificação monetária. Não sen<strong>do</strong> possívelse libertar das categorias que só me<strong>de</strong>m o “funcionalida<strong>de</strong>” <strong>do</strong> sistema social, o“impasse” meto<strong>do</strong>lógico remete a questão, obrigatoriamente, para o plano conceitual.12. I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m. Pag. 250.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>213

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