A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI
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ensino médico. Estes movimentos, caracterizan<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong>, a Medicina Integral e aMedicina Preventiva americanas e em parte também a Medicina Comunitária, voltaramsepara reorientar o ato médico através <strong>de</strong> mudanças no <strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> médico,individualmente pensa<strong>do</strong>. Este, com base em uma aprendizagem <strong>de</strong> novo caráter(medicina preventiva), diante da especialização médica, retomaria a abordagem integral<strong>do</strong> <strong>do</strong>ente (“to<strong>do</strong> bio-psico-social”) e ainda saberia atuar sobre as <strong>de</strong>mandastecnologicamente simples, mas bastante expressivas <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista epi<strong>de</strong>miológico:as “reais necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da população”, termos usa<strong>do</strong>s pelos própriosmovimentos reforma<strong>do</strong>res.Observemos a natureza exterior ao trabalho <strong>de</strong>sta proposição. Atribui à Educaçãoo valor <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminante <strong>do</strong>s fenômenos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, ao supor apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar os recursos humanos por anteriorida<strong>de</strong> relativamente àscondições concretas no trabalho e esperar que eles atuem como agentes <strong>de</strong> mudança daprópria prática. Para problemas <strong>do</strong> tipo: fragmentação na assistência médica, elitização<strong>do</strong> consumo e restrição <strong>do</strong> acesso aos serviços; qualida<strong>de</strong> variável na produção <strong>do</strong>scuida<strong>do</strong>s; cuida<strong>do</strong>s muito diferencia<strong>do</strong>s pelos diversos segmentos populacionais;insuficiência “resolutiva” <strong>do</strong>s serviços; e, por fim, <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> da assistência, oinstrumento <strong>de</strong> transformação pensa<strong>do</strong> foi exclusivamente o próprio trabalha<strong>do</strong>r, combase na transformação <strong>de</strong> sua formação escolar.Essa forma <strong>de</strong> abordagem representou, portanto, a tomada das práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>como objeto <strong>de</strong> intervenção, mas também, simultaneamente, a tomada <strong>do</strong>s recursoshumanos. Na realida<strong>de</strong>, trata-se da tomada <strong>de</strong>ste último em substituição ou comorepresentante das práticas.Por outro la<strong>do</strong>, é interessante notar que, relativamente à pretensão <strong>de</strong> se formarprofissionais mais volta<strong>do</strong>s para a apreensão <strong>do</strong> processo saú<strong>de</strong>-<strong>do</strong>ença como processosocial e <strong>de</strong> se politizar a prática médica (e em saú<strong>de</strong>), esta proposição <strong>de</strong> MedicinaPreventiva/Integral que faria tal reforma foi objeto <strong>de</strong> duras críticas, por parte <strong>do</strong>sintelectuais da Saú<strong>de</strong> Coletiva e precursores <strong>do</strong> movimento pela reforma sanitária. Masa essa mesma crítica escaparam os significa<strong>do</strong>s técnicos e sociais, as repercussões éticopolíticase as concepções sobre a saú<strong>de</strong> e suas práticas, que estavam no núcleo da proposição,qual seja, realizar a intervenção na produção <strong>do</strong>s serviços e no trabalho por meioda reforma escolar, exclusiva ou centralmente. Em realida<strong>de</strong> isto viria a ser objeto <strong>de</strong>discordância, ainda que não alvo direto <strong>de</strong> crítica, em outra postura reforma<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>stesmesmos intelectuais, na concepção <strong>do</strong>s recursos humanos como força <strong>de</strong> trabalho, comoveremos.As outras abordagens <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre recursos humanos(2. e 3a/3b) são maisrecentes e emergem ligadas à introdução <strong>do</strong> pensamento econômico em saú<strong>de</strong>. Abrema possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se tomar diretamente as práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como objeto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> eintervenção, ou se tomar a perspectiva <strong>de</strong> trabalho em socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção 3 .2. Cf. Arouca, A.S.- O Dilema Preventivista: contribuição para a compreensão crítica da MedicinaPreventiva, <strong>Faculda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas (UNICAMP),SãoPaulo,Brasil,Tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong>,1975;Donnangelo, M.C.F. e Pereira, L.- Saú<strong>de</strong> e Socieda<strong>de</strong>, DuasCida<strong>de</strong>s, São Paulo, Brasil, 1976.3. A bibliografia neste caso é extensa e po<strong>de</strong> ser consultada ao final. Vale notar a completa sistematizaçãoque aparece em PAIM, J. S.- Recursos Humanos em Saú<strong>de</strong> no Brasil..., op.cit.284 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>