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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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<strong>do</strong> trabalho. Por isso, por mais que aprimoremos a dimensão educacional ou o ensinoescolar, nossa ação, se restrita a isto, apenas atingirá aspectos parciais <strong>do</strong> trabalho.Por outro la<strong>do</strong>, o trabalha<strong>do</strong>r, consoante com sua condição humana que o capacitaefetivamente para criar, inventar soluções e adaptar-se a situações muito diversas, tem<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> habilida<strong>de</strong>s tecnológicas concretas. Po<strong>de</strong>mos auxiliá-lo neste <strong>de</strong>senvolvimentoe, também, tentar promovê-lo <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a articular sua habilida<strong>de</strong> a questõessócio-sanitárias conhecidas, discutidas e valorizadas, quer pelos profissionais, ou pelapopulação. Tal seria o caso em nossa pretensão <strong>de</strong> tratarmos <strong>do</strong>s problemasepi<strong>de</strong>miologicamente significativos para nós, técnicos da Saú<strong>de</strong>, em negociação <strong>de</strong>ssaimportância junto à população.Mas, o que se po<strong>de</strong> verificar é que têm si<strong>do</strong> extremamente freqüentes as formas<strong>de</strong> aproximação <strong>do</strong>s recursos humanos que são redutoras <strong>de</strong> suas problemáticas, talcomo as que acima apontamos. Por isso, seria oportuno indagarmos, por que, afinal, aformação <strong>do</strong> tipo escolar <strong>de</strong> cada profissional parece ser o mais importante em todaessa realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho? Por que é essa formação aquilo que <strong>de</strong>ve ser muda<strong>do</strong>?A resposta encontra-se na História. Nela observaremos as razões <strong>de</strong>sse proce<strong>de</strong>r,que tecnicamente falan<strong>do</strong> se amparam no estatuto que o saber científico adquiriu parao trabalho em saú<strong>de</strong>, ao longo <strong>do</strong> século XIX, enquanto ainda sobretu<strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>smédicos, e que, inclusive, possibilitou a estes o monopólio <strong>de</strong> praticar e conhecer,fornecen<strong>do</strong> também bases i<strong>de</strong>ológicas e políticas para aquele mesmo estatuto <strong>do</strong> sabere, pois, para aquele mesmo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o trabalho e seus problemas.Vale a pena, então, examinarmos um pouco esse momento histórico da constituiçãoda medicina mo<strong>de</strong>rna, quan<strong>do</strong>, a prática médica se estabelecerá como um trabalho <strong>de</strong>natureza muito peculiar, relativamente aos outros trabalhos da socieda<strong>de</strong>. Essa suapeculiarida<strong>de</strong> permitirá que sua ação técnica seja concebida sobretu<strong>do</strong> como aplicaçãodireta da ciência; exercício <strong>de</strong> um especial saber; uma profissão. Profissão, naquelecontexto, significou uma intervenção técnica nuclearmente apoiada na atuação <strong>de</strong> seuagente para a produção <strong>do</strong> trabalho. Por esse motivo o conceito <strong>de</strong> profissão refere-se aum trabalho que nasceria como ativida<strong>de</strong> que se dá fundamentalmente pelascaracterísticas vinculadas ao profissional, concepção que ainda guardamos da medicinaaté hoje.Estamos, portanto, diante <strong>de</strong> um trabalho em que o caráter <strong>de</strong> intervenção eficazé muito relevante, daí buscar amparo em uma fundamentação científica para sua açãotécnica, mas esta, mesmo sen<strong>do</strong> intervenção direta e manual sobre seu objeto, tal comoqualquer outro trabalho, será concebida como radicalmente distinta <strong>de</strong> outras tecnologiasou trabalhos manuais. A profissão médica será sempre vista como algo muito distinto<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais trabalhos, não só porque suas ações são especializadas, ou porque oconhecimento (a Ciência) envolvi<strong>do</strong> seja complexo e extenso, ou mesmo porque tenharegras próprias <strong>de</strong> exercício, mas porque lhe é dada uma rígida moral <strong>de</strong> prática,implican<strong>do</strong> uma habilida<strong>de</strong> tecnológica peculiar: uma sabe<strong>do</strong>ria especial acerca <strong>do</strong> uso<strong>do</strong>s conhecimentos científicos, tanto quanto <strong>do</strong>s valores éticos. A prática médica e, emcerta medida, to<strong>do</strong> trabalho em saú<strong>de</strong>, não serão vistos sob a imagem comum <strong>de</strong> trabalho.Por isso, a primeira noção <strong>de</strong> profissão é a <strong>de</strong> um trabalho quase não-trabalho!Isto conferirá a seus agentes, no conjunto <strong>do</strong>s trabalhos sociais, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> socialbem circunscrita e protegida, elitizan<strong>do</strong>-os socialmente. A intervenção manual, nestecaso, transcen<strong>de</strong>ria o senti<strong>do</strong> técnico comum <strong>de</strong> manipulação pura e simples <strong>de</strong> umSAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>289

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