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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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mentos <strong>de</strong> <strong>luta</strong> <strong>do</strong>s quais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alteração real da correlação <strong>de</strong>forças. Ou seja, parafrasean<strong>do</strong> Gramsci, é quan<strong>do</strong> as i<strong>de</strong>ologias se tornam parti<strong>do</strong>, quese está colocan<strong>do</strong> em questão a hegemonia <strong>do</strong>minante.Neste senti<strong>do</strong>, a institucionalização <strong>do</strong> movimento sanitário através da criação<strong>do</strong> <strong>CEBES</strong>, alcançan<strong>do</strong> assim constituir-se em um verda<strong>de</strong>iro parti<strong>do</strong> sanitário, foi capaz<strong>de</strong> organizar as diferentes visões críticas <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> um projetocomum e estratégias e táticas <strong>de</strong> ação coletiva. O <strong>CEBES</strong> representou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>uma estrutura institucional para o triedro que caracterizou o movimento da reformasanitária brasileira: a construção <strong>de</strong> um novo saber que evi<strong>de</strong>nciasse as relações entresaú<strong>de</strong> e estrutura social; a ampliação da consciência sanitária on<strong>de</strong> a Revista Saú<strong>de</strong> emDebate foi, e continua sen<strong>do</strong>, seu veículo privilegia<strong>do</strong>; a organização <strong>do</strong> movimentosocial, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> espaços e estratégias <strong>de</strong> ação política.No editorial <strong>do</strong> número 1 da Revista Saú<strong>de</strong> em Debate, <strong>de</strong> 1976 po<strong>de</strong>-se ler: “Aanálise <strong>do</strong> setor saú<strong>de</strong> como componente <strong>do</strong> processo histórico-social vem sen<strong>do</strong> feita<strong>de</strong> forma frequente por estudiosos, que nem sempre encontram os veículos <strong>de</strong> divulgaçãomais apropria<strong>do</strong>s. Saú<strong>de</strong> em Debate preten<strong>de</strong> ampliar e levar adiante tais discussões,no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> reafirmar a íntima relação existente entre saú<strong>de</strong> e a estrutura social” 2 .Já no editorial da revista no 10 reafirma-se o papel político da entida<strong>de</strong>, nacondução <strong>do</strong> movimento sanitário: “O Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s, como articula<strong>do</strong>r <strong>do</strong> sabercom a prática política tem assegura<strong>do</strong> hoje, mais <strong>do</strong> que nunca, a sua função <strong>de</strong>formulação <strong>de</strong> contra-políticas e <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> novos ‘mo<strong>de</strong>los’ <strong>de</strong> atuação, frente a umquadro institucional em transformação e grupos <strong>de</strong> profissionais e contingentes dapopulação em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição política e encaminhamento <strong>de</strong> suas <strong>luta</strong>s” 3 .No entanto, tal protagonismo na condução <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> contrapolíticasnão esteve imune ao <strong>de</strong>bate nacional sobre as diferentes concepções e estratégias<strong>de</strong>mocráticas que passaram a permear toda a trajetória <strong>do</strong> <strong>CEBES</strong>. No editorial daRevista Saú<strong>de</strong> em Debate no 3, <strong>de</strong> 1977, encontramos uma divisão explícita entre umaorientação mais “institucional” e outra, orientada <strong>de</strong> forma mais “movimentista”:“Existem duas concepções da atuação <strong>do</strong> <strong>CEBES</strong>, não exclu<strong>de</strong>ntes, que polarizamos interesses <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> associa<strong>do</strong>s. A primeira afirma o <strong>CEBES</strong> comoaglutina<strong>do</strong>r das tendências renova<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> setor saú<strong>de</strong>, em nível profissional, com oobjetivo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar esforços para <strong>de</strong>senvolver políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais a<strong>de</strong>quadas àrealida<strong>de</strong> brasileira (ou ‘necessida<strong>de</strong>s sanitárias da população’).A segunda concepção, sem subestimar o trabalho realiza<strong>do</strong> nas entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, quer <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s voltadas mais diretamente àcomunida<strong>de</strong>, através <strong>de</strong> suas várias organizações (Socieda<strong>de</strong>s Amigos <strong>de</strong> Bairros,Sindicatos, Clubes <strong>de</strong> Mães, entida<strong>de</strong>s estudantis etc.).Na realida<strong>de</strong> as duas concepções se harmonizam quan<strong>do</strong> o <strong>CEBES</strong> é concebi<strong>do</strong>como um movimento <strong>de</strong> opinião.... trata-se então <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o <strong>CEBES</strong> como umórgão <strong>de</strong>mocrático e que preconiza a <strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong> setor saú<strong>de</strong>, receben<strong>do</strong> todasas contribuições que atendam aos objetivos <strong>de</strong> uma Reforma Sanitária, que <strong>de</strong>ve tercomo um <strong>do</strong>s marcos a unificação <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, públicos e sem fins lucrativos,com a participação <strong>do</strong>s usuários estimulada, crescente, possibilitan<strong>do</strong> sua influêncianos níveis <strong>de</strong>cisórios e amplian<strong>do</strong> o acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> boa qualidada<strong>de</strong>” 4 .Apesar da posição <strong>do</strong> Editorial buscar a conciliação entre as duas posiçõesapontadas, em torno a um projeto comum <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, certo é que26 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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