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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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astante específico. Ser profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> implica em ter além <strong>de</strong> um conhecimentopróprio e complexo, uma disposição subjetiva especial para lidar com pessoas, quasesempre, em situação frágil e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> suas orientações, o que “... exigeconhecimento específico, disciplina, responsabilida<strong>de</strong>, atenção e acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conviver com o stress, o sofrimento, a <strong>do</strong>r e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolverproblemas alheios.” (Macha<strong>do</strong>, 1995:54) 10Por essa sua especificida<strong>de</strong> a prática requer <strong>do</strong> profissional uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhoarticulada ao comportamento e atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seu próprio objeto <strong>de</strong> intervenção,também um indivíduo e ator social. Alian<strong>do</strong> obediência com <strong>de</strong>pendência e confiança,<strong>do</strong> paciente para com o profissional (especialmente o médico), a relação entre esses <strong>do</strong>isatores tem se estabeleci<strong>do</strong> com nítida autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> profissional.Agin<strong>do</strong> como intermedia<strong>do</strong>res entre a ciência e a realida<strong>de</strong> cotidiana osprofissioanis <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> passam a ter status diferencia<strong>do</strong>, com representação social singulare <strong>de</strong>stacada. Concordamos com Starr (1982:18) 11 , quan<strong>do</strong> apresenta os médicos como“... intermediários entre a ciência e a experiência privada, interpretan<strong>do</strong> problemaspessoais na linguagem abstrata <strong>do</strong> conhecimento científico, para muita gente, o únicocontato com o mun<strong>do</strong> científico que <strong>de</strong> outra maneira estaria a uma distância proibitiva.Os médicos oferecem uma espécie <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> individualizada, uma relação pessoal,um conselho autoriza<strong>do</strong>. Pelas circunstâncias da enfermida<strong>de</strong> induzem a aceitar seusjuízos. Quase sempre com <strong>do</strong>res, temen<strong>do</strong> a morte, os enfermos têm uma necessida<strong>de</strong>especial <strong>de</strong> confiança e são muito propensos a crer”.Desta forma, é pru<strong>de</strong>nte pensarmos os recursos humanos em saú<strong>de</strong> como atorescentrais <strong>de</strong> qualquer ação terapêutica, seja ela <strong>de</strong> natureza hospitalar, ambulatorial ouaté mesmo <strong>de</strong> intervenção preventiva da saú<strong>de</strong> pública. E mais, esses profissionais têm,por natureza <strong>do</strong> ofício e conhecimento específico, processos <strong>de</strong> trabalhos singulares noqual, a abso<strong>luta</strong> rotinização, burocratização e indiferenciação não são “bem vin<strong>do</strong>s”. Aqualida<strong>de</strong> da assistência à saú<strong>de</strong>, portanto, <strong>de</strong>manda não apenas a<strong>de</strong>quadas condiçõesobjetivas para seu <strong>de</strong>senvolvimento, senão flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas e dinâmica <strong>de</strong>reavaliação permanente <strong>de</strong> sua organização. Em suma, que seja vista como trabalho emprocesso, além <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> trabalho. E aqui estamos nos referin<strong>do</strong> tanto aoconhecimento técnico-científico adquiri<strong>do</strong> nas escolas profissionais e suas formas <strong>de</strong>atualização e aprimoramento, como, e principalmente, as condições <strong>de</strong> sua utilizaçãoem transformações dadas da realida<strong>de</strong>.Mudanças ocorridas no campo das ciências médicas e da estrutura <strong>de</strong> produção<strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nestas últimas décadas, têm provoca<strong>do</strong> alterações significativastanto no processo <strong>de</strong> trabalho como na própria composição da estrutura ocupacional<strong>do</strong>s profissionais que produzem serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Assistimos ao nascimento <strong>de</strong> algumasprofissões (fisioterapia, nutrição, psicologia, etc.), o fortalecimento <strong>de</strong> outras (medicina,o<strong>do</strong>ntologia, etc.) e o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> profissões até então consi<strong>de</strong>radas tradicionaisna estrutura ocupacional (farmácia, por exemplo). Um novo cenário <strong>de</strong> organização <strong>de</strong>interesses corporativo surge no setor saú<strong>de</strong>. Estas profissões passam a disputar ereivindicar áreas monopolistas <strong>de</strong> atuação e prática profissionais. Os conflitos sãoinevitáveis e a disputa por clientela se dá <strong>de</strong> forma acentuada, por vezes, ferin<strong>do</strong> osprincípios éticos da prática profissional. O merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho hoje é segmenta<strong>do</strong> e10. MACHADO, M.H. - Trabalha<strong>do</strong>res da Saú<strong>de</strong>: um bem público?, op. cit., p. 54.294 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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