A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI
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Uma das matrizes <strong>de</strong>sse pensamento econômico em saú<strong>de</strong> foi conexa à introdução<strong>do</strong> planejamento e também da teoria <strong>do</strong>s sistemas, no setor. Viu no processo <strong>de</strong>produção, social e em saú<strong>de</strong>, uma estrutura em dinâmica processual, na qual seuselementos eram componentes subordina<strong>do</strong>s e conforma<strong>do</strong>s à estrutura. Se isto representouum olhar diretamente dirigi<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, tratou <strong>do</strong>s recursoshumanos como ferramentas, instrumental <strong>do</strong> próprio trabalho.A outra matriz <strong>do</strong> pensamento econômico, já em adição com estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> naturezasociológica na vertente <strong>do</strong> trabalho, introduzirá, nos anos 70-80, a dimensão <strong>de</strong> relativaautonomia <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r por referência à estrutura <strong>de</strong> trabalho, ainda que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntepor referência ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção social. Trata-se <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que abordam o merca<strong>do</strong><strong>de</strong> trabalho em saú<strong>de</strong>, e em seu <strong>de</strong>senvolvimento, os recursos humanos como força <strong>de</strong>trabalho, e, pois, indivíduos ou pessoas 4 . Como tal não per<strong>de</strong>m nunca a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> crítica e recusa, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> estratégias <strong>de</strong> insubordinação, mesmo quan<strong>do</strong> emsituação <strong>de</strong> extremo constrangimento <strong>de</strong> sua ação. Aliás este é o caso da mecanização erotinização <strong>do</strong> trabalho, situação em que o próprio conceito <strong>de</strong> “força <strong>de</strong> trabalho” surge,quan<strong>do</strong> significa pessoas que são reduzidas, em razão <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> trabalho,ao corpo instrumental: corpo e mente ferramentas <strong>do</strong> trabalho.O movimento traça<strong>do</strong> pelos diferentes olhares para os recursos humanos é revela<strong>do</strong>rda historicida<strong>de</strong> na construção <strong>de</strong>sse conhecimento, e não há dúvida que <strong>de</strong>vemosencontrar uma explicação para tal. Também <strong>de</strong>vemos ter claro que encontraremos umadisputa histórica entre interesses e concepções <strong>de</strong> vida social distintos. De um la<strong>do</strong>, aprodução conserva<strong>do</strong>ra das políticas vigentes, e, pois, guardiã da hegemonia políticoi<strong>de</strong>ológicae suas proposições técnicas. De outro, a perspectiva crítica, em que se inserea produção particular <strong>de</strong> grupamentos e movimentos contesta<strong>do</strong>res, tal como o <strong>CEBES</strong>,entre outros. Contu<strong>do</strong>, também é preciso ter claro, que o próprio movimento críticocujas bases foram a discordância política e i<strong>de</strong>ológica, nem sempre conseguiu percebersecomo participante, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong>, da cultura técnica e social que historicamentegerou a hegemonia, e, ainda que não completamente inseri<strong>do</strong> nesta, <strong>de</strong> viés ou soslaio,também contribuía em sua reprodução, já que a crítica político-i<strong>de</strong>ológica nem semprealcança também a dimensão <strong>do</strong>s valores culturais. Aliás, o estu<strong>do</strong> das transformações<strong>do</strong> discurso crítico, mostram a dificulda<strong>de</strong> e o amadurecimento <strong>do</strong> movimento pelaReforma Sanitária, neste percurso.O que nos daria uma primeira idéia sobre essa dificulda<strong>de</strong> na crítica? Enten<strong>de</strong>mosque uma possível explicação funda-se no valor culturalmente da<strong>do</strong> ao sabercientífico no interior das práticas em saú<strong>de</strong> 5 . Como constituinte <strong>do</strong> trabalho em saú<strong>de</strong>,o saber tem si<strong>do</strong> ora toma<strong>do</strong> como exclusivo <strong>de</strong>terminante das ações profissionais, ora,em outro extremo, anula<strong>do</strong> como componente estrutura<strong>do</strong>r das ações, e toma<strong>do</strong> comofator totalmente <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> no plano das condições concretas <strong>do</strong> trabalho. Seria,portanto, o peso <strong>do</strong> saber ou sua qualificação como problemática <strong>de</strong> recursos humanosno mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, o que produz essa oscilação e dinâmica <strong>de</strong> enfoques/abordagens.Aliás, a classificação que acima realizamos, refletiu exatamente esse nosso entendimento.4. Não há neste caso a preocupação <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar com maior precisão os conceitos <strong>de</strong> pessoa, indivíduo,sujeito, personagem, cidadão ou ator social. A referência aqui é num plano muito genérico, e quercontrastar a coisa e o humano, ou a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> própria e a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> anulaçãocompleta da vonta<strong>de</strong> própria, e, portanto, em situação <strong>de</strong> abso<strong>luta</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> comportamento,ação ou <strong>de</strong>sempenho.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>285