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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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O gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> familiares e usuários, este ator que parece terentra<strong>do</strong> <strong>de</strong>finitivamente no cenário da <strong>de</strong>sinstitucionalização, produz uma malha <strong>de</strong>reflexões e atuações permanentes em torno da questão da reforma psiquiátrica. Mesmoalgumas das associações, criadas a partir <strong>de</strong> pressões da Fe<strong>de</strong>ração Brasileira <strong>de</strong> Hospitais(FBH) no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> combater o PL 3657/89 ou o crescimento social e político <strong>do</strong>Movimento da Reforma Psiquiátrica, já não conseguem posicionar-se, como pretendiamos “empresários da loucura”, em <strong>de</strong>fesa irredutível das práticas manicomiais. A partir <strong>de</strong>seu envolvimento com as discussões, com as novas práticas que se estão <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>,tais associações terminam por serem levadas a aceitar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma reforma nosetor, superan<strong>do</strong> assim alguns <strong>do</strong>s princípios que anteriormente <strong>de</strong>fendiam.Apesar <strong>de</strong> existirem algumas associações <strong>de</strong> familiares <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 70, foia partir da aprovação na Câmara <strong>do</strong> PL 3657/89 que se observou uma visível proliferaçãodas mesmas. Primeiro porque, a partir da Sosintra, uma das mais antigas <strong>de</strong>stasassociações, que passou a apoiar o PL, outras seguiram o mesmo rumo e, outras ainda,foram constituídas com o mesmo objetivo. Por outro la<strong>do</strong>, a FBH, assustada com a rápidaaprovação <strong>do</strong> PL na Câmara, passou a pressionar os familiares comunican<strong>do</strong>-lhes que oprojeto, uma vez a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> obrigalos-ia-os a <strong>de</strong>volver os pacientes às suas famílias que,sem qualquer apoio, assumiriam o pesa<strong>do</strong> ônus <strong>do</strong> <strong>do</strong>ente em casa, sen<strong>do</strong> então criadaa Associação <strong>do</strong>s Familiares <strong>de</strong> Doentes Mentais (AFDM).Com o apoio da FBH, a AFDM logo tornou-se uma importante associação, namedida em que obteve apoio e recursos para participar <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os eventos relaciona<strong>do</strong>sao <strong>de</strong>bate sobre o PL 30 . A FBH, por outro la<strong>do</strong> ainda, acionou os setores acadêmicoscom os quais mantêm relações, e <strong>do</strong>s quais muitos <strong>do</strong>s proprietários associa<strong>do</strong>sfazem parte, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> opor uma resistência <strong>de</strong> caráter técnico-especialístico. Nestecontexto, o <strong>de</strong>bate sobre o PL acirra-se rapidamente e toma conta <strong>de</strong> sensível parte <strong>do</strong><strong>de</strong>bate nacional.A Associação Brasileira <strong>de</strong> Psiquiatria (ABP), uma das mais legítimas entida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> setor, <strong>de</strong>cidiu apoiar o PL na medida em que, ameaçada pela “crise <strong>de</strong> vocações”,isto é, pela preocupante diminuição <strong>de</strong> associa<strong>do</strong>s, vislumbrara colocar-se no <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>forma progressista e positiva. Mesmo com tal iniciativa, a ABP não logrou tornar-seuma entida<strong>de</strong> representativa <strong>do</strong>s psiquiatras ou, menos ainda, <strong>do</strong> Movimento da ReformaPsiquiátrica. Sua crise aumentara com o surgimento <strong>de</strong> duas outras entida<strong>de</strong>s, estas <strong>de</strong>tendência mais explicitamente organicistas, que absorveram parcela <strong>do</strong>s psiquiatras.Em resumo, os atores mais importante no atual contexto são as associações <strong>de</strong>usuários e familiares que, sob uma ótica geral, são membros constituintes <strong>do</strong> movimentosocial mais amplo no qual o MTSM pretendia, e alcançou, tornar-se.A DOENÇA ENTRE PARÊNTESES - AS TRANSFORMAÇÕES NOCAMPO CONCEITUALUm <strong>do</strong>s marcos da Reforma Psiquiátrica brasileira foi o alto investimento naquestão da formação <strong>de</strong> quadros. Já em 1982 foram inicia<strong>do</strong>s o Curso <strong>de</strong> Especialização30. O I Forum da AFDM, realiza<strong>do</strong> em Nova Friburgo/RJ, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 18 a 20 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1995, tevecomo co-patrocina<strong>do</strong>res a Clínica Santa Lúcia (Nova Friburgo) e os Hospitais Psiquiátricos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro. AFDM, 1995. I Forum da AFDM. Nova Friburgo, RJ.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>177

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