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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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Um primeiro elemento da “crise” (não necessariamente o mais importante), seriao elemento humano que imprime dinâmica e senti<strong>do</strong> ao processo. O médico, mal forma<strong>do</strong>porque parcialmente informa<strong>do</strong>, terá sua ação certamente limitada e, por conseqüência,não resolutiva. Reduzida ao biológico, a ação é eminentemente hospitalar, espaço tambémrestrito em relação à <strong>de</strong>manda que a epi<strong>de</strong>miologia nos diz ser prevalente. Não há comodiscordar da racionalida<strong>de</strong> da crítica, principalmente se se consi<strong>de</strong>ra seus pressupostos,ancora<strong>do</strong>s que estão na “concepção ampliada <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>”. Todavia, algumas pon<strong>de</strong>raçõesparecem pertinentes. De on<strong>de</strong> vem a força <strong>do</strong> “mo<strong>de</strong>lo flexneriano” que, engessan<strong>do</strong> oensino médico em torno <strong>do</strong> biológico, resulta em tantos efeitos nefastos? As reformascurriculares, aparentemente e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, têm si<strong>do</strong> uma permanente “or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> dia “.Com que sucesso? Aparentemente escasso pois, constantemente, reforma-se o reforma<strong>do</strong>.Por isso, há que se perguntar, também, sobre o efetivo alcance das tentativas <strong>de</strong> “expansão<strong>do</strong> objeto”. A “medicina comunitária”, por exemplo e sobre a qual não cabe aqui retomaranálises já muito bem realizadas, pareceu ser estratégia a<strong>de</strong>quada para uma melhorcompreensão tanto <strong>do</strong> objeto quanto <strong>do</strong>s objetivos das práticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Fora <strong>do</strong> hospital,a realida<strong>de</strong> se apresentaria, por assim dizer, mais inteira. Se <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rarmos as “críticas<strong>de</strong> esquerda” a ela dirigidas, justas, diga-se <strong>de</strong> passagem, em que contribuiu para aresolução <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> das populações, tanto aqui como em seu terreno <strong>de</strong>origem, os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América? Como se explica a sua “ausência da moda”?Pelas críticas, à esquerda e à direita, ou por limitações <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo que opera só pelojá assenta<strong>do</strong>, bloquean<strong>do</strong>, <strong>de</strong> certa forma, a novida<strong>de</strong> <strong>do</strong> conhecer?Em outros termos, como ampliar o conhecimento <strong>de</strong>ste objeto - o <strong>do</strong>ente - que,somente por ser social, po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e comunicar seu sofrimento no processo <strong>de</strong>ajuda que o faz mover em direção a um saber que po<strong>de</strong>, a seu juízo, lhe aten<strong>de</strong>r. Umaproposição foi, sem dúvida, a <strong>de</strong> ensinar ao futuro profissional a, pelo menos, enten<strong>de</strong>ros “males sociais”. Pelo ensino das ciências sociais se buscava, também, a formação <strong>de</strong>“consciências críticas” que pu<strong>de</strong>ssem dar à ciência e à arte <strong>de</strong> curar um senti<strong>do</strong> político,em princípio, emancipa<strong>do</strong>r.Quer parecer que três elementos, pelo menos, se impuseram como obstáculo a<strong>de</strong>terminadas tentativas <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação <strong>do</strong> objeto, <strong>do</strong>s saberes e das práticas. Reformulaçõesestas que os levariam a um plano que, <strong>de</strong> pronto, representaria soluções radicaise permanentes para to<strong>do</strong>s os problemas i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s no humano universo da vida. Umprimeiro i<strong>de</strong>ntifica-se nas implacáveis “leis <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>”. O profissional muito maisnelas se mira <strong>do</strong> que em interesses que, maiores, não necessariamente coinci<strong>de</strong>m comos seus, particulares. To<strong>do</strong> um capítulo po<strong>de</strong>ria ser aqui <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>. Outros já o fizeramcom extrema competência e o que se quer aqui marcar é a existência <strong>de</strong> um “obstáculo”constantemente renova<strong>do</strong> que é transposto, eventualmente, muito mais por uma<strong>de</strong>terminada a<strong>de</strong>são político-i<strong>de</strong>ológica <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> que por exigências <strong>de</strong> suaativida<strong>de</strong> profissional. É esta que, instrumento <strong>de</strong> sua vivência, orienta sua inserçãosocial.Um segun<strong>do</strong> refere-se à política e às conjunturas que lhe dão forma. Os processosque resultaram em uma relativa <strong>de</strong>mocratização, pelo menos no âmbito da AméricaLatina, colocaram não só novas questões como também novas formas <strong>de</strong> encaminhálas.Durante os anos ‘60 e ‘70, uma união quase unânime se concretizou contra os regimes14. Rodriguez Neto, E. SUS, O Ensino Médico e os Hospitais Universitários. Saú<strong>de</strong> em Debate, 49-50. Março1996.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>219

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