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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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se dar conta que sua ausência viria a comprometer as formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia direta <strong>de</strong>base.Os mo<strong>de</strong>los alternativos <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia, <strong>de</strong>ntro da teoria política liberal, ganhamsua mais clara conformação na proposta <strong>de</strong> Schumpeter 11 , no caso da <strong>de</strong>mocraciarepresentativa, e no <strong>de</strong> Macpherson 12 , para a <strong>de</strong>mocracia participativa.Schumpeter (1984:337) <strong>de</strong>fine: “o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocrático é aquele acor<strong>do</strong> institucionalpara se chegar a <strong>de</strong>cisões políticas em que os indivíduos adquirem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão através <strong>de</strong> uma <strong>luta</strong> competitiva pelos votos da população”.Chaui (1990:138) 13 chama a atenção para a relação entre Esta<strong>do</strong> interventor eeconomia oligopólica embutida nesta <strong>de</strong>finição e resume os traços <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo schumpeteriano:a) a <strong>de</strong>mocracia é um mecanismo para escolher e autorizar governos, a partirda existência <strong>de</strong> grupos que competem pela governança, associa<strong>do</strong>s em parti<strong>do</strong>s políticose escolhi<strong>do</strong>s pelo voto; b) a função <strong>do</strong>s votantes não é a <strong>de</strong> resolver problemas políticos,mas a <strong>de</strong> escolher homens que <strong>de</strong>cidirão sobre quais são os problemas políticos e comoresolvê-los - a política é uma questão <strong>de</strong> elites dirigentes; c) a função <strong>do</strong> sistema eleitoral,sen<strong>do</strong> a <strong>de</strong> criar o rodízio <strong>do</strong>s ocupantes <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r, tem como tarefa preservar a socieda<strong>de</strong>contra os riscos da tirania; d) o mo<strong>de</strong>lo político baseia-se no merca<strong>do</strong> econômico funda<strong>do</strong>no pressuposto da soberania <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e da <strong>de</strong>manda que, na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>maximiza<strong>do</strong>r racional <strong>do</strong>s ganhos, faz com que o sistema político produza distribuiçãoótima <strong>de</strong> bens políticos; e) a natureza instável e consumi<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s sujeitos políticos obrigaà existência <strong>de</strong> um aparato governamental capaz <strong>de</strong> estabilizar as <strong>de</strong>mandas, reforçaracor<strong>do</strong>s e mo<strong>de</strong>rar os conflitos. Em outros termos, a burocracia é imprescindível paramanter um certo equilíbrio entre procura e oferta <strong>de</strong> bens públicos.A crítica a este mo<strong>de</strong>lo assinala o esvaziamento <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> moral da <strong>de</strong>mocraciabem como a pressuposição <strong>de</strong> que o homem político seja essencialmente um consumi<strong>do</strong>re apropria<strong>do</strong>r, reduzin<strong>do</strong> a participação cidadã à escolha <strong>de</strong>ntre as ofertas políticaselaboradas pelas elites, o que provocaria tanto a alienação como a perda <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>da própria representação <strong>de</strong>mocrática (parti<strong>do</strong>s, sistema eleitoral, governo).Macpherson (1978:94) vai mais além ao afirmar que “um sistema <strong>de</strong> elites emcompetição com um baixo nível <strong>de</strong> participação pelos cidadãos é uma exigência <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong> em que há <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>”.Em uma combinação original <strong>de</strong> pluralismo e corporativismo, Hirst 14 (1992:13)faz igualmente a crítica da <strong>de</strong>mocracia representativa e <strong>do</strong> socialismo, propon<strong>do</strong> comosolução viável “o gerenciamento econômico por meio da coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>sinteresses sociais e da orquestração <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> pela negociação entre os grupos <strong>de</strong>interesse”. Faz em seguida a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> corporativismo e <strong>do</strong> pluralismo (modalida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> representação <strong>de</strong> interesses geralmente vistas como antitéticas por outros autores, jáque implicam em situações opostas <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da relação entre Esta<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong>,e da mesmo quanto à competição no interior da socieda<strong>de</strong>), concluin<strong>do</strong>: “o que se afirmaaqui é que a representação corporativa <strong>do</strong>s interesses organiza<strong>do</strong>s po<strong>de</strong> fortalecer a<strong>de</strong>mocracia, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> aumentar a influência popular sobre o governo, e não a<strong>de</strong>bilita, como supõem muitos críticos <strong>do</strong> corporativismo (1992:13)”. “As formas maissofisticadas <strong>de</strong> pluralismo não preten<strong>de</strong>m abolir a <strong>de</strong>mocracia representativa e substituílapor um sistema novo e único <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia funcional. O que preten<strong>de</strong>m é multiplicaros corpos representativos e complementá-los por formas <strong>de</strong> representação funcional <strong>de</strong>interesses organiza<strong>do</strong>s (1992:15)”.30 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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