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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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EM SAÚDE, ANTES DE TUDO, SE PRODUZ “BENS RELAÇÕES”,PRODUTOS DE PROCESSOS INTERCESSORESPara realizarmos a nossa reflexão vamos partir <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> “intercessores”que estaremos usan<strong>do</strong> com senti<strong>do</strong>s semelhantes ao <strong>de</strong> Deleuze no livro “Conversações” 9 ,que com este termo preten<strong>de</strong> “figurar” a intersecção que ele e Guattari constituíram naprodução <strong>do</strong> livro “Anti-Edipo” 10 , procuran<strong>do</strong> passar a idéia <strong>de</strong> que esta junção não foiuma simples somatória <strong>de</strong> um com o outro, e muito menos que aquele livro foi umproduto <strong>de</strong> 4 mãos, mas sim o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um processo singular, constituí<strong>do</strong> peloencontro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is em um único momento.O uso <strong>de</strong>ste termo é portanto para <strong>de</strong>signar o espaço <strong>de</strong> relação que se produz noencontro <strong>de</strong> “sujeitos”, isto é, nas suas intersecções, e que é um produto que existe paraos “<strong>do</strong>is” em ato, não ten<strong>do</strong> existência sem este momento em processo, e no qual os“inter” se colocam como instituintes em busca <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> instituição muitopróprio, <strong>de</strong>ste sujeito coletivo novo que se formou.De posse <strong>de</strong>sta idéia, estamos queren<strong>do</strong> dizer também que quan<strong>do</strong> um trabalha<strong>do</strong>r<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> encontra-se com um usuário, no interior <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> trabalho, estabelece-seentre eles um espaço intercessor que sempre existirá nos seus encontros, massó nos seus encontros, e em ato.A imagem <strong>de</strong>ste espaço é semelhante à da construção <strong>de</strong> um espaço comum <strong>de</strong>intersecção entre <strong>do</strong>is conjuntos, ressalvan<strong>do</strong> que este espaço não existe só nesta situação,e nem só na saú<strong>de</strong>, pois tanto a relação entre <strong>do</strong>is trabalha<strong>do</strong>res inseri<strong>do</strong>s em um mesmoprocesso <strong>de</strong> trabalho é intercessora, quanto em outros processos <strong>de</strong> trabalho, que não sóo da saú<strong>de</strong>, também há os processos intercessores.Deste mo<strong>do</strong>, além <strong>de</strong> reconhecer a existência <strong>de</strong>ste processo singular é fundamental,em uma análise <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> trabalho, se tentar <strong>de</strong>scobrir o tipo <strong>de</strong>intersecção que se constitui e os distintos motivos que operam no seu interior.Vejamos isto <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> esquemático, para que <strong>de</strong>pois possamos tirar conseqüênciasanalíticas <strong>de</strong>ste entendimento.1. Os esquemas mais comuns em processos <strong>de</strong> trabalho como o da saú<strong>de</strong>, querealizam atos imediatamente <strong>de</strong> assistência com o usuário, apresentam-se comoo <strong>do</strong> diagrama abaixo, que chamamos <strong>de</strong> uma “intersecção partilhada”.2. Os que se constituem nos casos mais típicos <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> trabalho, como o<strong>de</strong> um marceneiro que produz uma ca<strong>de</strong>ira, mostram que o usuário é externoao processo, pois o momento intercessor se dá com a “ma<strong>de</strong>ira”, que éplenamente contida pelo espaço <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, como uma “intersecçãoobjetal”.Esta distinção da constituição <strong>do</strong>s processos intercessores mostra como a dinâmicaentre o produtor e o consumi<strong>do</strong>r, e os jogos entre necessida<strong>de</strong>s ocorrem em espaços bem8. Merhy, E.E. - Agir em Saú<strong>de</strong>, op.cit.9. Deleuze, G. - Conversações, Editora 34, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1992.10. Guattari, F. e Deleuze, G. - El Antiedipo - capitalismo y esquizofrenia, Ediciones Corregi<strong>do</strong>r, BuenosAires, 1974.132 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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