12.07.2015 Views

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Do Biológico e <strong>do</strong> Social.Um Pequeno BalançoRicar<strong>do</strong> Lafetá NovaesUM OBJETOAs questões que nos colocamos <strong>de</strong>rivam, essencialmente, da forma <strong>de</strong> “estarmosno mun<strong>do</strong>” e <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os fenômenos que nele percebemos. As explicações quepara eles construímos são fundamentais na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> nossos comportamentos,da intervenção que sobre o mun<strong>do</strong> fazemos.Sigerist 1 , por exemplo, nos ensina que o culto a Asclépio torna-se pan-helênico apartir <strong>do</strong> século VI a.C. Em que consistia? Receben<strong>do</strong> os enfermos nos templos <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>sao semi<strong>de</strong>us, os sacer<strong>do</strong>tes relatavam, inicialmente, as curas ali realizadas. A seguir,oferendas e sacrifícios eram a ele feitos. Ao <strong>do</strong>rmir o enfermo, aparecia-lhe em sonhoum “asclepía<strong>de</strong>” recomendan<strong>do</strong> um remédio para o seu mal. Cura<strong>do</strong>, o ex-enfermo<strong>de</strong>dicava ao templo uma “oferenda” em testemunho <strong>de</strong> sua gratidão.É contra esta concepção mítica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, inclusive <strong>do</strong> mal que também se traduzna enfermida<strong>de</strong>, que a Grécia clássica vai forjan<strong>do</strong> um pensamento racional que serevelará como “originário” da civilização oci<strong>de</strong>ntal. É preciso construi-lo segun<strong>do</strong> regrasclaras cujo significa<strong>do</strong> seja universal e cuja ratio <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bre-se, também, na instauração<strong>do</strong> bem como máximo objetivo <strong>do</strong> viver. Essa a tentativa platônica cujo sucesso seráinapelavelmente nega<strong>do</strong> pela dinâmica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que se move muito mais pela paixãoque o filósofo queria controlar. A lógica que terá maior prestígio será aquela <strong>de</strong> seudiscípulo que tomará a própria experiência vivida como fonte <strong>do</strong> conhecer. Com Aristóteles,não se trata, exatamente, da essência instaura<strong>do</strong>ra, mas sim das regras <strong>do</strong>movimento e <strong>de</strong> sua compreensão, a partir <strong>do</strong> visto e senti<strong>do</strong>.É neste contexto que, rompen<strong>do</strong> (e conviven<strong>do</strong>) com a concepção mítica da <strong>do</strong>ença,a “teoria <strong>do</strong>s humores” inaugura o que por muitos é ti<strong>do</strong> como o “nascimento damedicina científica”. A idéia mestra, como se sabe, é aquela <strong>de</strong> “harmonia” <strong>do</strong>s elementosconstituintes da natureza: quatro são aqueles fundamentais (terra, fogo, ar e água), quatrosão as estações e qualida<strong>de</strong>s (quente, frio, úmi<strong>do</strong> e seco) e quatro são os “humores”constituintes <strong>do</strong> vivo, marcadamente <strong>do</strong> humano (bile, negra e amarela, fleuma e sangue).Equilibra<strong>do</strong>s os humores, isto é, cada qual na sua proporção “justa”, o esta<strong>do</strong> é dito <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. A <strong>do</strong>ença vem, então, a ser um <strong>de</strong>sequilíbrio humoral “causa<strong>do</strong>” por fatoresexternos (ar, clima, alimentos, bebidas) e internos (“constituição”, excesso e pre<strong>do</strong>minância<strong>de</strong> um humor sobre os outros).1. Sigerist, H.E. A History of Medicine. Oxford University Press, New York. 1955.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>205

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!