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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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A abertura para a filosofia e para a arte, representa outra via progressivamenteexplorada pelas reflexões e propostas atuais no campo da Saú<strong>de</strong> Coletiva:“Além das condições específicas <strong>do</strong> trabalho em saú<strong>de</strong>, entre outros, para propiciar avançosno senti<strong>do</strong> da constituição objetiva <strong>do</strong>s espaços da ação comunicativa, nos senti<strong>do</strong>s já aponta<strong>do</strong>s,há um outro, ainda relativamente mais inexplora<strong>do</strong>, mas cujas promessas teóricas são mais<strong>de</strong>cisivas: trata-se evi<strong>de</strong>ntemente da presença essencial <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s receptores <strong>de</strong> mensagens, <strong>do</strong>s frui<strong>do</strong>res das objetivações estéticas, <strong>do</strong>snecessita<strong>do</strong>s <strong>de</strong> filosofias” (Men<strong>de</strong>s-Gonçalves, 1995;23).Assim, a discussão <strong>de</strong> valores que informam as práticas e, especialmente, os queorientam as escolhas, seja nas consultas individuais, seja nas intervenções <strong>de</strong> caratercoletivo, está possibilitan<strong>do</strong>, presentemente, repensar a autonomia <strong>do</strong>s agentes, ao la<strong>do</strong>das questões mais estruturais remetidas à análise <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> trabalho em saú<strong>de</strong>(Schraiber, 1995). Do mesmo mo<strong>do</strong>, o diálogo inicia<strong>do</strong> com diferentes manifestaçõesartísticas, recusan<strong>do</strong> o dirigismo (Capinan, 1995) mas convidan<strong>do</strong> para outras leiturasda realida<strong>de</strong>, especialmente no que se refere ao “mun<strong>do</strong> subjetivo”, permite cogitarmo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> atenção para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida fundamenta<strong>do</strong>s num “agir comunicativo”que leve em conta as dimensões psicológicas e culturais <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Paim,1995a), particularmente os vincula<strong>do</strong>s ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida (<strong>do</strong>enças cardio-vasculares,AIDS, violência, transtornos mentais, etc). Se a arte é amiga da vida po<strong>de</strong> ser da saú<strong>de</strong>,também (Paim, 1995b).Apesar <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s essas iniciativas, não é ocioso lembrar que o chama<strong>do</strong> paradigmaflexneriano continua orientan<strong>do</strong> a organização <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> reforçar o mo<strong>de</strong>lo médico hegemônico (Paim, 1994). Dirigentes, empresários,trabalha<strong>do</strong>res <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, população e mídia continuam reproduzin<strong>do</strong> tal paradigma aoreduzir o sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> a um conjunto <strong>de</strong> estabelecimentos <strong>de</strong> assistência médicohospitalar,centra<strong>do</strong>s no diagnóstico e na terapêutica alopática.Evi<strong>de</strong>ntemente que o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida prevelescente na socieda<strong>de</strong> brasileira, prenhe<strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças e agravos, produz incessantemente umapopulação necessitada <strong>de</strong> serviços médicos que não po<strong>de</strong> ser ignorada. Não há, portanto,como conter essa <strong>de</strong>manda “espontânea”, seja produzida pelo sofrimento, pela miséria,ou mesmo pela oferta <strong>de</strong> serviços médicos. Mas a reorientação <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> atenção a<strong>do</strong>ença vigente para a construção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que, além <strong>de</strong> controlar danos eriscos preocupe-se com os <strong>de</strong>terminantes sócio-ambientais da saú<strong>de</strong> (PAIM, 1993b),impõe novos <strong>de</strong>safios. Enfatizar a promoção da saú<strong>de</strong>, a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e <strong>do</strong> ambiente,a prevenção das <strong>do</strong>enças reorganizan<strong>do</strong> a assistência médico-hospitalar – eletiva eemergencial – em função <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los assistenciais centra<strong>do</strong>s na oferta organizada e navigilância em saú<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser um <strong>do</strong>s caminhos. Nessa perspectiva, mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> atençãovolta<strong>do</strong>s para a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, requerem paradigmas alternativos tais como os quese tem tenta<strong>do</strong>, ultimamente, no Brasil.O repensar <strong>do</strong>s paradigmas, pressupostos e fundamentos teóricos da ReformaSanitária não po<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong>, aprisionar-se na conexão com as práticas estritamentepolíticas. Para que a Reforma Sanitária não crie falsos dilemas faz-se necessário que talconexão seja acompanhada por um conjunto <strong>de</strong> iniciativas no âmbito das instituições,serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e grupos sociais, tal como se observa nos processos <strong>de</strong> municipalizaçãoe distritalização volta<strong>do</strong>s para a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los assistenciais, <strong>de</strong> planejamento egestão alternativos. E para que o “otimismo da prática” não caia no i<strong>de</strong>alismo ou novoluntarismo cabe lembrar que a Reforma Sanitária ainda dispõe <strong>de</strong> um referencialSAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>21

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