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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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Desse mo<strong>do</strong>, distintas perspectivas <strong>de</strong> análise e <strong>de</strong> posições político-i<strong>de</strong>ológicasapontaram para muitas das ambiguida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> projeto reformista (Gallo, 1995). O <strong>de</strong>bateverifica<strong>do</strong> ao final <strong>do</strong>s oitenta sobre a natureza e o estágio da Reforma Sanitária Brasileirailustra parcialmente seus impasses. Muitos questionamentos foram feitos porcompanheiros que <strong>de</strong>fendiam a Reforma Sanitária movi<strong>do</strong>s, certamente, pelo intuito <strong>de</strong>fazê-la avançar o mais rapidamente possível, sem comprometer os seus traços fundamentais.É compreensível que muitos centrassem a sua atenção não apenas naquilo queconsi<strong>de</strong>ravam mais importante para o avanço mas, também, em função <strong>de</strong> posiçõespolítico-i<strong>de</strong>ológicas e <strong>de</strong> inserções político-institucionais diversas. O trecho a seguirilustra parte daquelas ambiguida<strong>de</strong>s:“As Ações Integradas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (AIS) eram consi<strong>de</strong>radas como estratégicas para aimplantação da Reforma Sanitária mas a sua <strong>de</strong>fesa não <strong>de</strong>veria representar nenhum empecilhopara seu início (da Reforma). Os Sistemas Unifica<strong>do</strong>s e Descentraliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUDS) sãoconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como um passo fundamental para a Reforma, assim como a criação <strong>de</strong> um SistemaÚnico <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Ambos, porém, não <strong>de</strong>vem ser confundi<strong>do</strong>s com a própria Reforma” (Arouca,1988:2).Se a Reforma Sanitária não eram as AIS, não eram os SUDS nem o SUS, o queseria, afinal, a Reforma Sanitária? Talvez essa fosse uma das perguntas que maisatormentava as cabeças <strong>do</strong>s seus militantes. Tratar-se-ia <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al a ser persegui<strong>do</strong>que, apesar <strong>do</strong>s passos da<strong>do</strong>s, jamais seria alcança<strong>do</strong>? Ou seriam apenas manifestaçõesparciais <strong>de</strong> uma totalida<strong>de</strong> na <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> ângulo pelo qual se dirigisse o olhar?Ainda que não se questionasse o projeto da Reforma Sanitária nem a busca <strong>de</strong>uma teoria para o mesmo, foi criticada a “via prussiana” <strong>de</strong> operar modificações reformistasno mo<strong>de</strong>lo assistencial e aqueles que estavam a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> uma concepção restritada Reforma Sanitária “escuda<strong>do</strong>s em um pensamento <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> conserva<strong>do</strong>r, o da dialética <strong>do</strong>possível” (Campos, 1988:189).Se a Reforma Sanitária é um processo que passou pelas AIS e SUDS, ainda quenão se confundisse com os mesmos, sofreu a implantação distorcida <strong>do</strong> SUS (conduzidapor muitos <strong>do</strong>s seus oponentes), e não se restringe a uma reforma administrativa, caberiaresgatar nesse tortuoso percurso, até mesmo para reforçar o moral <strong>do</strong>s militantes ecombatentes, as vitórias conquistadas e os elementos eventualmente concretiza<strong>do</strong>s. Osesforços para a unificação e <strong>de</strong>scentralização (Cor<strong>de</strong>iro, 1991; Brasil, 1993), bem comoas tentativas, <strong>de</strong> mudança <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo assistencial hegemônico (Teixeira & Paim, 1990;Merhy et alii, 1991; Campos, 1992; Men<strong>de</strong>s, 1993; Cecílio, 1994; Ayres, 1994; Teixeira &Melo, 1995; Schraiber et alii, 1996) nos últimos anos, inscrevem-se nesse resgate.Contu<strong>do</strong>, compõe a radicalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> projeto a consciência <strong>de</strong> que o mesmo integrauma totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças, inclusive <strong>de</strong> ór<strong>de</strong>m ética e cultural. Nesse senti<strong>do</strong><strong>de</strong>ve fazer parte <strong>de</strong>ssa radicalida<strong>de</strong> uma certa distância entre realida<strong>de</strong> e projeto namedida em que novos propósitos sejam historicamente estabeleci<strong>do</strong>s. Não fora assim orisco seria o conformismo e o conserva<strong>do</strong>rismo. Mas a referência a uma Reforma quenunca se reconhece na realida<strong>de</strong>, enquanto processo, e uma reiteração obsessiva <strong>do</strong> quenão é Reforma Sanitária tem também o risco <strong>do</strong> fatalismo e <strong>do</strong> imobilismo.Se a leitura da crise <strong>do</strong> setor saú<strong>de</strong> efetuada pelo projeto da Reforma implicava areorganização <strong>do</strong>s sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a gestão <strong>de</strong>mocrática e o planejamento participativo,como não consi<strong>de</strong>rar, seriamente, os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s nesses componentes técnicoinstitucionais?Se a unida<strong>de</strong> dialética entre a construção <strong>de</strong> um saber, a i<strong>de</strong>ologia e asSAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>15

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