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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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internalizar suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D, dada a precária capacitação qualitativae quantitativa <strong>do</strong>s recursos humanos locais. Mesmo a produção industrial <strong>de</strong>matérias-primas que, por si, já envolveria uma maior contribuição local,mostra-se pouco estimulante, uma vez que os custos unitários <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>obrae <strong>de</strong> transporte não são expressivos.b) As empresas privadas nacionais não possuem porte financeiro e <strong>de</strong> recursoshumanos para se envolver em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maior risco tecnológico e econômico,haven<strong>do</strong> ainda a presença <strong>de</strong> fatores históricos e culturais que tornamsuas estratégias extremamente míopes, voltadas para resulta<strong>do</strong>s imediatos.Entra-se, assim, num círculo vicioso no qual a precária capacitação local<strong>de</strong>sestimula os investimentos em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maior conteú<strong>do</strong> tecnológico e em que osbaixos investimentos em tecnologia não alavancam a base nacional para a geração oumesmo a absorção <strong>de</strong> tecnologias mais complexas.Caberia indagar qual seria o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento qualitativoda indústria local num mun<strong>do</strong> crescentemente globaliza<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> a tendênciainternacional seria a da especialização das estruturas produtivas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<strong>do</strong>tações específicas a cada país ou região. Esta questão merece uma reflexão cuida<strong>do</strong>sa,engloban<strong>do</strong> múltiplas dimensões, uma vez que constitui o suporte conceitual que permeiaas concepções hegemônica sobre o tema.Partin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> uma concepção realista, <strong>de</strong>ve-se reconhecer que seria <strong>de</strong>sastrosouma política avessa às gran<strong>de</strong>s empresas farmacêuticas, uma vez que estas respon<strong>de</strong>mquase pela totalida<strong>de</strong> das inovações setoriais, mesmo daqueles produtos liga<strong>do</strong>s diretamenteàs ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública como é o caso das vacinas. Todavia, o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>que possuem, expresso numa elevada concentração da produção nas diferentesclasses terapêuticas, po<strong>de</strong> implicar em práticas prejudiciais ao consumi<strong>do</strong>r e ao Esta<strong>do</strong>como fonte essencial <strong>do</strong> financiamento <strong>do</strong> consumo farmacêutico.De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1990 (IMS), as 4 maiores empresas em cada classe terapêuticachegam a controlar até 100% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> (medicamentos para terapiacoronariana), sen<strong>do</strong> este pre<strong>do</strong>mínio quase sempre superior a 80 % (Vitamina B e C,tranqüilizantes, etc.). Isto, alia<strong>do</strong> às características gerais <strong>do</strong> padrão competitivo vigente(vi<strong>de</strong> item anterior), traz riscos concretos <strong>de</strong> a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> estratégias empresariais<strong>de</strong>svinculadas das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em termos das tecnologias utilizadas, daa<strong>de</strong>quação da linha <strong>de</strong> produtos e <strong>do</strong>s preços pratica<strong>do</strong>s.Neste contexto, e isto é reconheci<strong>do</strong> mesmo nos países industriais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s,a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> estratégias progressistas por parte das empresas lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em gran<strong>de</strong>medida, da existência <strong>de</strong> pressão competitiva no merca<strong>do</strong> local que estimule a introdução<strong>de</strong> inovações substantivas no merca<strong>do</strong> (e não somente <strong>de</strong> “fachada”) e a prática <strong>de</strong>preços competitivos.Como vimos, nos países <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, a produção <strong>do</strong>s medicamentos genéricosvem cumprin<strong>do</strong> este papel, sem restringir os esforços tecnológicos empresariais. NoBrasil, o problema que se coloca é mais complexo, uma vez que o teci<strong>do</strong> industrialforma<strong>do</strong> pelas empresas privadas nacionais é mais frágil, sen<strong>do</strong> a precarieda<strong>de</strong>tecnológica o fator <strong>de</strong>terminante principal, uma vez que a limitada estrutura <strong>de</strong> marketingpo<strong>de</strong>ria ser parcialmente superada mediante a política <strong>de</strong> compra <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (nos mol<strong>de</strong>sda presente mesmo nos países mais avança<strong>do</strong>s).306 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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