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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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principal obra <strong>de</strong> Engelhardt, para quem o princípio <strong>de</strong> autonomia se <strong>de</strong>staca com relaçãoaos outros 38 . Esta prevalência <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> autonomia é compreensível, por um la<strong>do</strong>,ten<strong>do</strong> em conta o ethos norte-americano, profundamente marca<strong>do</strong> pelo individualismomo<strong>de</strong>rno e a cultura protestante; e, por outro, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> formal <strong>de</strong> seter uma hierarquia <strong>de</strong> valores para dirimir os casos em que existe conflito entre princípios,que não po<strong>de</strong>m ser resolvi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> outra forma; fazen<strong>do</strong>, por exemplo, referência àscircunstâncias. Contu<strong>do</strong>, Engelhardt parece ter si<strong>do</strong> sensibiliza<strong>do</strong> pelos argumentos <strong>de</strong>seus críticos, pois, na 2a edição <strong>de</strong> sua obra, propõe <strong>de</strong> substituir a centralida<strong>de</strong> <strong>do</strong>princípio <strong>de</strong> autonomia com a centralida<strong>de</strong> <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> consentimento (principle ofpermission) 39 , como única forma razoável e imparcial <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões morais numcontexto on<strong>de</strong> é impossível se referir a princípios <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> prévios e a algumaforma <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> pré-estabelecida.A crítica ao “principialismo” na sua vertente “libertária” é patente, por exemplo,no mo<strong>de</strong>lo emergente europeu <strong>do</strong> “personalismo”, ou “antropológico”, inspira<strong>do</strong>, entreoutros, pelos filósofos francêses Paul Ricoeur e Emmanuel Lévinas e o movimento <strong>do</strong>s“direitos humanos”, particularmente vivo na cultura francesa 40 e no pensamento católicoprogressista.Já em âmbito latino-americano a crítica ao individualismo subjacente ao mo<strong>de</strong>loprincipialista que priviligiaria o princípio <strong>de</strong> autonomia, é feita a partir <strong>do</strong>s problemaséticos e políticos concretos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> injustiça social, razão pela qual, se quisessemos<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r um autêntico mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> quatro princípios prima facie, <strong>de</strong>veriamos recuperarsobretu<strong>do</strong> o princípio <strong>de</strong> justiça, porquanto seja o mais “carente” <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s na nossasituação concreta 41 . Além disso, e intimamente vincula<strong>do</strong> ao princípio <strong>de</strong> justiça, o importanteseria consi<strong>de</strong>rar <strong>de</strong>vidamente a dimensão pública, ou coletiva, <strong>do</strong>s vários problemasmorais relativos ao efetivo bem-estar da coletivida<strong>de</strong> humana. Em particular,como afirma Volnei Garrafa, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos profun<strong>do</strong>s mutamentos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> atual, seriapreciso que a bioética assumisse a análise crítica <strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos sanitários daspolíticas públicas, ou seja, consi<strong>de</strong>rar “a dimensão da ética em saú<strong>de</strong> pública” 42 . E comesta observação já estamos na segunda fase da bioética, na qual se <strong>de</strong>staca a dimensão“pública”.A FASE DOS CONFLITOS “PÚBLICOS”: BIOÉTICA DOS ANOS 90A segunda fase começa praticamente com o início <strong>do</strong>s anos 90. Neste momento, oprincipialismo ainda constitui a corrente pre<strong>do</strong>minante da bioética (especialmente paraaquela norte-americana e a européia <strong>de</strong> tradição analítica como a inglesa), passa a acontecerum recorte mais rigoroso <strong>do</strong> seu campo disciplinar, com o consequente reconhecimento<strong>de</strong> novas dimensões pertinentes à avaliação moral, especialmente àquelarelacionada com a dimensão pública. Esta segunda fase, portanto, passa a proporcionarum “peso” maior às <strong>de</strong>cisões morais, não somente no que diz respeito aos contextosculturais, sociais e políticos, mas também no que se refere aos efeitos contextuais aposteriori. Isso faz com que o grau <strong>de</strong> conflitualida<strong>de</strong> possa ser muitas vezes mais agu<strong>do</strong>.Esta conflitualida<strong>de</strong> fica patente, por exemplo, nos <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos das Conferências<strong>do</strong> Cairo (1994) e <strong>de</strong> Beijin (1995) sobre a situação populacional e a condição da mulher.Sem falar <strong>do</strong>s <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos da Conferência <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro (1992) sobre o meioSAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>233

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