A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI
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intervenções vão se tornan<strong>do</strong> próximas daquilo para o qual foram elaboradas: vãocumprin<strong>do</strong> com sua finalida<strong>de</strong>, vão sen<strong>do</strong> cada vez mais eficazes. Ao contrário <strong>do</strong>sefeitos obti<strong>do</strong>s pelas primeiras medidas <strong>de</strong> saneamento urbano (incluin<strong>do</strong> melhoriasdas “condições <strong>de</strong> vida”), que atirava no que via e acertava no que não via, a medicinadas <strong>do</strong>enças infecciosas abriu a via <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação precisa <strong>do</strong>s alvos, ainda que muitos<strong>de</strong>les permanecessem camufla<strong>do</strong>s e seu arsenal terapêutico se revelasse relativamenterestrito. As alusões militares não são fortuitas e se inserem muito bem em um contextono qual uma concepção ontológica da <strong>do</strong>ença encontra uma materialida<strong>de</strong>, possibilitan<strong>do</strong>o estabelecimento <strong>de</strong> um objetivo concreto: aniquilar o inimigo. A eficácia varia, repitase,em função <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio sobre o processo: da erradicação da varíola às aindaincertezas relativas à AIDS. Não sen<strong>do</strong> intervenção dirigida a uma singularida<strong>de</strong> (comose faz, por exemplo, na psicanálise), a eficácia terá que se mostrar efetiva, ou seja, válidae positiva fora <strong>do</strong> contexto em que foi testada, revelan<strong>do</strong> seus efeitos no conjunto <strong>do</strong>sexpostos passíveis <strong>do</strong>s danos que se quer corrigir. A poliomielite seria um bom exemplo.Sabidamente eficaz, a vacina só teve sua finalida<strong>de</strong> plenamente realizada quan<strong>do</strong>,efetivamente, foi <strong>de</strong>clarada a extinção da <strong>do</strong>ença entre nós.Assim, o “tipo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença” é <strong>de</strong> máximo interesse pois é por ele que saberei seposso algo fazer e como fazê-lo. O processo, como em geral sói acontecer, é complexo,revelan<strong>do</strong> a interveniência <strong>de</strong> fatores outros cuja significação varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com ascircunstâncias. Fala-se em “ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> transmissão”, por exemplo, e até mesmo em uma“história natural das <strong>do</strong>enças”. Todavia, e isso hoje é fundamental, o que realmenteimporta é a i<strong>de</strong>ntificação das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção visan<strong>do</strong> uma reorientação<strong>de</strong> “normas vitais”, ou ainda, uma reversão <strong>do</strong>s processos, se se quiser. Assim, mesmoque não seja uma exata originalida<strong>de</strong>, é plena <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> a afirmação <strong>de</strong> que a <strong>do</strong>ença<strong>de</strong> Chagas, por exemplo, é “caso <strong>de</strong> BNH e não <strong>de</strong> BHC”. Política habitacional <strong>de</strong> máximoefeito terapêutico, mesmo porque, o saber médico nada produziu até hoje que, em nívelestritamente biológico, previna o a<strong>do</strong>ecer e/ou cure a <strong>do</strong>ença no homem, posto que emratos existem indícios promissores. Se o tivesse feito, é possível que a retórica acimamencionada soasse com outros timbres e harmonia. Nesse senti<strong>do</strong>, a medicina continuaten<strong>do</strong> um importante papel a <strong>de</strong>sempenhar, pelo menos informan<strong>do</strong> sobre “nexoscausais”, ainda que parciais e parcela<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> difícil “controle” quan<strong>do</strong> se trata, porexemplo, da sexualida<strong>de</strong> e erotismo humanos.Por outro la<strong>do</strong>, da<strong>do</strong> que sabemos medir (méto<strong>do</strong>), o que medir (objeto) e paraque medir (objetivo), po<strong>de</strong>mos construir um retrato da situação e a ela atribuir umvalor instantâneo (bom ou mal) ou “evolutivo” (melhor ou pior). Posto que a medidapo<strong>de</strong> ser generalizada, os valores tornam-se comparáveis, no tempo e no espaço. Porisso, usualmente, trabalha-se com “gradientes” que ligam “tipos polares”, o que permitea construção <strong>de</strong> indica<strong>do</strong>res. A partir <strong>de</strong>sta técnica “diagnóstica” (<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>), po<strong>de</strong>-seindagar mais precisamente sobre o significa<strong>do</strong> da “crise da saú<strong>de</strong>”.Se se assume que o termo “crise” quer conotar “algo que não vai bem”, a primeirapossibilida<strong>de</strong> a se admitir é a <strong>de</strong> que “antes, a coisa ia bem”, ou pelo menos, “melhor <strong>do</strong>que agora”. Assim, obrigatório se torna perguntar: quan<strong>do</strong> ia bem?, o que era bom, porque era melhor? A Organização Pan-Americana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> contribui para que se possarefletir sobre uma resposta. Em sua excelente publicação, “As Condições <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> nasAméricas” 13 , mostra que as populações cresceram, têm maior expectativa <strong>de</strong> vida, os13. Organização Pan-americana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - Publicação científica 254 1990.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>217