A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI
A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI
A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
No que se refere à Medicina Comunitária, constata-se uma busca <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong>para os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> enfatizan<strong>do</strong>-se noções outras como regionalização ehierarquização <strong>de</strong> serviços, participação comunitária, multiprofissionalida<strong>de</strong>, etc(Cor<strong>do</strong>ni, s/d). Através <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstração (momento focal) e <strong>de</strong> programas<strong>de</strong> extensão <strong>de</strong> cobertura (momento amplia<strong>do</strong>) novos aportes conceituais, meto<strong>do</strong>lógicose operativos surgiram a partir das disciplinas <strong>de</strong> planejamento e administração taiscomo análises <strong>de</strong> custo-benefício e custo-efetivida<strong>de</strong>, programação, planejamentoparticipativo, sistema <strong>de</strong> informação, etc (Paim, 1986).Na medida em que a compreensão e crítica das propostas <strong>de</strong> Medicina Preventivae <strong>de</strong> Medicina Comunitária eram <strong>de</strong>senvolvidas no Brasil e em alguns países latinoamericanos,com estímulo <strong>de</strong> certos setores da Organização Panamericana <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>(OPS), verificou-se um renascimento da Medicina Social inspirada nos princípios quefundamentaram a sua emergência na Europa em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX. Nessas tentativas<strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação <strong>do</strong> campo disciplinar eram explicita<strong>do</strong>s os conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong> novo paradigma:“Consi<strong>de</strong>ra-se saú<strong>de</strong> e <strong>do</strong>ença como um único processo que resulta da interação <strong>do</strong> homemconsigo mesmo, com outros homens na socieda<strong>de</strong> e com elementos bióticos e abióticos <strong>do</strong> meio.Esta interação se <strong>de</strong>senvolve nos espaços sociais, psicológico e ecológico, e como processo temdimensão histórica (...). A saú<strong>de</strong> é entendida como o esta<strong>do</strong> dinâmico <strong>de</strong> adaptação a mais perfeitapossível às condições <strong>de</strong> vida em dada comunida<strong>de</strong> humana, num certo momento da escala histórica(...). A <strong>do</strong>ença é consi<strong>de</strong>rada, então, como manifestação <strong>de</strong> distúrbios <strong>de</strong> função e estrutura<strong>de</strong>correntes da falência <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> adaptação, que se traduz em respostas ina<strong>de</strong>quadasaos estímulos e pressões aos quais os indivíduos e grupos humanos estão continuamente submeti<strong>do</strong>snos espaços social, psicológico e ecológico” (Silva, 1973:31-32).Nesse senti<strong>do</strong>, a produção teórica <strong>de</strong>senvolvida nas décadas <strong>de</strong> setenta e <strong>de</strong> oitentapermitia apontar a emergência <strong>de</strong> um paradigma alternativo em Saú<strong>de</strong> Coletivacentra<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is conceitos fundamentais: <strong>de</strong>terminação social das <strong>do</strong>enças e processo <strong>de</strong>trabalho em saú<strong>de</strong>. O entendimento <strong>de</strong> que a saú<strong>de</strong> e a <strong>do</strong>ença na coletivida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>mser explicadas exclusivamente nas suas dimensões biológica e ecológica, porquanto taisfenômenos são <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s social e historicamente, enquanto componentes <strong>do</strong>sprocessos <strong>de</strong> reprodução social, permitia alargar os horizontes <strong>de</strong> análise e <strong>de</strong> intervençãosobre a realida<strong>de</strong>. Não cabe no momento revisar a significativa produção científica <strong>de</strong>ssacorrente teórica mas assinalar que este paradigma orientava muitas das proposições <strong>do</strong>movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização da saú<strong>de</strong>, não apenas no que se referia à saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>trabalha<strong>do</strong>r e às políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas naquilo que dizia respeito a uma totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mudanças que passava pelo setor saú<strong>de</strong> e implicava alterações mais profundas em outrossetores, no Esta<strong>do</strong>, na socieda<strong>de</strong> e nas instituições (Paim, 1992).Enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o movimento sanitário como “um conjunto organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> pessoas egrupos partidários ou não, articula<strong>do</strong>s ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um projeto” (Escorel, 1988:5), três tipos <strong>de</strong>práticas foram i<strong>de</strong>ntificadas pela autora para a sua caracterização: a prática teórica (aconstrução <strong>do</strong> saber), a prática i<strong>de</strong>ológica (a transformação da consciência) e a práticapolítica (a transformação das relações sociais). Ainda que o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssas diferentespráticas seja fundamental para a compreensão <strong>do</strong> movimento, parece insuficiente pararespon<strong>de</strong>r certas questões presentemente postas no processo da Reforma,particularmente no que se refere ao momento tático-operacional.Essas práticas i<strong>de</strong>ntificadas no âmbito <strong>do</strong> movimento representam distintas dimensõesda prática social mas não a esgotam. Enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> prática social como “conjuntodas práticas que se inter-<strong>de</strong>terminam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um to<strong>do</strong> social da<strong>do</strong>” (Herbert, 1976:200),SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>13