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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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Rejeita<strong>do</strong> e reverti<strong>do</strong> o encaminhamento da<strong>do</strong> pelo MS, o evento pô<strong>de</strong> prosseguirsob o coman<strong>do</strong> político <strong>do</strong> MTSM que então introduziu na política nacional alguns <strong>de</strong>seus temas programáticos, <strong>de</strong>ntre os quais a cidadania <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes mentais, a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> revisão da legislação ordinária (tanto no que diz respeito à legislação civil, quanto aocódigo penal e à legislação sanitária), e a premissa da reorientação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo médicopsiquiátrico<strong>de</strong> assistência 15 .Por outro la<strong>do</strong>, a partir <strong>de</strong> uma dissidência surgida no MTSM em São Paulo, coma criação da Plenária <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental, a política <strong>de</strong> “ocupação <strong>de</strong> espaços públicos” <strong>do</strong>MTSM entrava <strong>de</strong>finitivamente em xeque. Composta basicamente por jovens profissionais,cuja base teórico-prática tinha a hegemonia da experiência <strong>de</strong>senvolvida porFranco Basaglia, a Plenária questionava as diretrizes e estratégias <strong>do</strong> MTSM 16 .Reunin<strong>do</strong>-se em encontro paralelo à I CNSM, e a partir <strong>de</strong> uma convocação <strong>do</strong>smembros da Plenária, o MTSM viu-se frente à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reavaliação <strong>de</strong> suasestratégias e princípios e aceitou agendar o II Congresso Nacional <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>resem Saú<strong>de</strong> Mental 17 .Em Bauru o MTSM sofreu uma profunda e radical transformação, dissolven<strong>do</strong>seenquanto agremiação <strong>de</strong> técnicos e reconstruin<strong>do</strong>-se enquanto Movimento Social 18 .Como conseqüência, o projeto <strong>do</strong>minante <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> ser a transformação <strong>de</strong> carátertecnocientífico para tornar-se um rompimento com a solução daquela or<strong>de</strong>m 19 .“Por uma socieda<strong>de</strong> sem manicômios” o lema surgi<strong>do</strong> <strong>de</strong>ste encontro <strong>de</strong> Bauru,expressava uma ruptura, tanto epistemológica, quanto estratégica que marcaria os anossubseqüentes, on<strong>de</strong> o eixo <strong>do</strong>s <strong>de</strong>bates saía <strong>do</strong>s limites meramente assistenciais e, maisainda, da simples oposição entre serviços extra-hospitalares versus serviços hospitalares,para a superação radical <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo psiquiátrico tradicional, expresso tanto nomanicomial quanto no saber médico sobre a loucura.Dois anos após, com a possibilida<strong>de</strong> surgida a partir da intervenção na Casa <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> Anchieta, em Santos, concretizou-se uma outra dimensão histórica. Com asinovações introduzidas pela Reforma Sanitária, que permitiram uma efetiva <strong>de</strong>scentralizaçãono sistema nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em 03 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1989, a Prefeitura <strong>de</strong> Santos<strong>de</strong>cidiu intervir naquela clínica psiquiátrica privada, on<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> mortes e outrassituações <strong>de</strong> violência vinham ocorren<strong>do</strong>.Com a intervenção, diferentemente <strong>de</strong> outras ocorridas em outros momentos ecida<strong>de</strong>s, surgiu a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pôr em prática a experiência radical: a <strong>de</strong>smontagem<strong>do</strong> aparato institucional manicomial, com a conseqüente implantação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong>15. Quanto ao Relatório Final da I CNSM ver Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1988. I Conferência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Mental. Brasília: Centro <strong>de</strong> Documentação <strong>do</strong> MS.16. Algumas especificida<strong>de</strong>s quanto as contribuições <strong>de</strong> Franco Basaglia serão abordadas mais adiante.17. O II Congresso Nacional <strong>de</strong> Trabalha<strong>do</strong>res em Saú<strong>de</strong> Mental foi realiza<strong>do</strong> em Bauru, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>1987. O primeiro tinha si<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong> em São Paulo, em janeiro <strong>de</strong> 1979.18. Movimento Social Por Uma Socieda<strong>de</strong> Sem Manicômios.19. É neste momento que a expressão manicômio passa a ser a<strong>do</strong>tada estrategicamente como termo geralpara <strong>de</strong>finir qualquer tipo <strong>de</strong> instituição psiquiátrica pautada na tutela e custódia, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> acentuarseu caráter ambíguo ou híbri<strong>do</strong>, isto é, semi-médico/semi-jurídico. Aqui também são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s o Dia ea Semana Nacional da Luta Antimanicomial, que passarão a ser comemora<strong>do</strong>s anualmente até o presentemomento.170 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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