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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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a regulação <strong>do</strong> suprimento <strong>de</strong> medicamentos essenciais, o controle da publicida<strong>de</strong> edivulgação, a produção direta, entre outros mecanismos.Um estu<strong>do</strong> recente (QUEIROZ, 1993) 7 mostra que as formas <strong>de</strong> intervenção sãobastante variadas entre os distintos países. Na França e Inglaterra, por exemplo, há umsistema bastante amplo <strong>de</strong> acompanhamento e controle <strong>de</strong> preços e <strong>de</strong> lucrativida<strong>de</strong>.Na Espanha, o 8º merca<strong>do</strong> mundial, o governo possui uma política agressiva <strong>de</strong> apoioàs empresas nacionais, notadamente no fomento à pesquisa, já ten<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong>resulta<strong>do</strong>s expressivos na balança comercial e na inserção da indústria nas ativida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> P&D. Outros exemplos ainda po<strong>de</strong>m ser cita<strong>do</strong>s, como o caso japonês (e, maisrecentemente, o coreano), on<strong>de</strong> algumas empresas já adquiriram porte internacional,inclusive em termos <strong>de</strong> inovações, basean<strong>do</strong>-se num apoio estatal bastante ativo.A presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> torna-se uma necessida<strong>de</strong> justamente pela dupla dimensão<strong>de</strong>ste produto. Pela ótica industrial, é uma merca<strong>do</strong>ria típica <strong>de</strong> uma indústria inova<strong>do</strong>raque <strong>de</strong>ve ser analisada pelo retorno econômico que representa. Pela ótica <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r,é um bem associa<strong>do</strong> aos seus direitos à saú<strong>de</strong> enquanto cidadão. O Esta<strong>do</strong> tem, assim, opapel <strong>de</strong> fazer a mediação entre estas duas lógicas, direcionan<strong>do</strong> sua resultante no senti<strong>do</strong><strong>de</strong> privilegiar os aspectos <strong>de</strong> política sanitária. A participação <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Nacionaisnos gastos com medicamentos, por sua vez, torna sua atuação também crucial sob aperspectiva da <strong>de</strong>stinação <strong>do</strong>s recursos públicos. Somente para ilustrar este papel, bastasaber que a participação pública nos gastos com medicamentos é superior a 60% naAlemanha, França e Itália e supera 70% na Espanha e na Inglaterra (International MedicalStatistics – IMS). No Brasil em 1995 a participação da aquisição <strong>de</strong> medicamentos nosgastos fe<strong>de</strong>rais com saú<strong>de</strong> limitou-se a cerca <strong>de</strong> 5%.Uma das ações governamentais mais importantes – e <strong>de</strong> especial interesse para apolítica brasileira – é o apoio governamental que vem sen<strong>do</strong> conferi<strong>do</strong> a empresasin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes para a produção <strong>de</strong> produtos genéricos. Estes são produtos cujas patentesjá estão expiradas e que são vendi<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> a <strong>de</strong>signação <strong>do</strong> princípio ativo (semmarca comercial), a um preço substancialmente inferior, já que não embutem a margempara o marketing e a amortização <strong>do</strong>s gastos com P&D, além <strong>de</strong> ser um merca<strong>do</strong> no quala competição em preços é mais relevante.Em função <strong>do</strong> estímulo <strong>de</strong> políticas industriais e sanitárias – como a exigência <strong>de</strong>menores requerimentos para a aprovação <strong>de</strong> princípios ativos bioequivalentes e aautorização para que as farmácias substituam os produtos receita<strong>do</strong>s com o nome <strong>de</strong>fantasia por genéricos com o mesmo princípio ativo – o merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s genéricos hoje jáchega a representar uma parcela importante <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> farmacêutico <strong>de</strong> diversos países<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. Nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Japão e Canadá esta participação já se amplioupara a faixa <strong>de</strong> 20% a 30% das vendas <strong>de</strong> medicamentos e na Itália e Reino Uni<strong>do</strong> paraa faixa <strong>de</strong> 10%, ten<strong>do</strong> impacto expressivo na racionalização <strong>do</strong>s recursos públicos(Queiroz, op. cit.).Este crescente peso <strong>do</strong>s genéricos possui uma importância bastante abrangente<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> impacto na dinâmica industrial. Além <strong>de</strong> se constituir num referencialque impõe um limite aos preços <strong>do</strong>s novos medicamentos que sejam similares,representa um forte mecanismo indutor para que as ativida<strong>de</strong>s tecnológicas das empresasse voltem para inovações substantivas que representem ganhos terapêuticos efetivos,7. Queiroz, S. R. R., 1993. Competitivida<strong>de</strong> da Indústria <strong>de</strong> Fármacos. Estu<strong>do</strong> da Competitivida<strong>de</strong> da IndústriaBrasileira. Campinas: Unicamp.304 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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