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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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equida<strong>de</strong>, a integralida<strong>de</strong>, expressivos <strong>do</strong> direito à saú<strong>de</strong> como um direito <strong>de</strong> cidadania.Para tanto, o núcleo <strong>de</strong> idéias-força <strong>do</strong> pensamento reforma<strong>do</strong>r prescrevia que o Esta<strong>do</strong><strong>de</strong>veria ser aproxima<strong>do</strong> da socieda<strong>de</strong> usuária e permeabiliza<strong>do</strong> a suas <strong>de</strong>mandas. Énesse contexto que a “participação da comunida<strong>de</strong>” e a “<strong>de</strong>scentralização políticoadministrativa”aparecem como o centro da reforma institucional embutida na ReformaSanitária. A primeira para dar expressão e legitimida<strong>de</strong> política às <strong>de</strong>mandasredistribuitivas e a segunda para diminuir distâncias administrativas e remover barreirasburocráticas, prevenin<strong>do</strong> o <strong>de</strong>sperdício e a erosão <strong>de</strong> recursos. Vê-se claramente que,em tal agenda, o compromisso com a equida<strong>de</strong> é associa<strong>do</strong> à preocupação com aeficiência.Algo muito distinto marca o discurso que, na passagem da década, aportan<strong>do</strong>tardiamente ao Brasil, encarna a receita neoliberal <strong>de</strong> “ajuste estrutural da economia”:<strong>de</strong>slocar o Esta<strong>do</strong> e restabelecer o merca<strong>do</strong> como locus privilegia<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo alocativo<strong>de</strong> recursos e <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico. Com sua pauta minimalista <strong>de</strong> políticasocial e seu projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>smonte <strong>do</strong> aparelho estatal prove<strong>do</strong>r e regula<strong>do</strong>r, a reforma <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> presidida pela razão econômica, apresenta-se como um veto à Reforma Sanitária.No fogo <strong>de</strong> barragem da eficiência contra a equida<strong>de</strong>, o campo da Reforma Sanitáriaper<strong>de</strong> seu elo <strong>do</strong>utrinário com a temática da reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, aceitan<strong>do</strong> tacitamenteque a ban<strong>de</strong>ira da eficiência seja monopolizada pelos neoliberais e que o SUS sejacoloca<strong>do</strong> em xeque, não pelos constrangimentos financeiros e administrativos que sofre,mas por suas generosida<strong>de</strong>s universalistas, “irremediavelmente gera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> práticasperdulárias”.Atualmente, mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 90, apresenta-se uma curiosa conjuntura setorial.De um la<strong>do</strong>, um clima intelectual e político <strong>de</strong> reservas e restrições ao SUS. De outro,um processo exuberante e acelera<strong>do</strong> <strong>de</strong> modificações na arquitetura e no funcionamento<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong> através da <strong>de</strong>scentralização e da participação, ten<strong>de</strong>ntes ambas aelevar as pressões redistribuitivas.A efetiva <strong>de</strong>scentralização da gestão e a ampla disseminação <strong>do</strong>s Conselhos <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> por to<strong>do</strong> o país são lembradas positivamente em to<strong>do</strong>s os inventários sobrerealizações <strong>do</strong> SUS, como inovações que “pegaram”. Entretanto, não é claro seu papelnos futuros <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos <strong>do</strong> SUS e da Reforma Sanitária. Aqui, tanto a reflexão teóricaquanto o cálculo político parecem presos a um círculo <strong>de</strong> giz on<strong>de</strong> os Conselhos sãotrata<strong>do</strong>s ou como heróicos guardiães <strong>do</strong> SUS, ou como construções fúteis, <strong>de</strong> escassapotência política.Na verda<strong>de</strong>, uma efetiva valorização das vivências sociais e práticas políticassuscitadas pelos Conselhos exige ultrapassar os limites <strong>de</strong> suas relações mais imediatascom o SUS, suas prescrições e marcos legais, possibilitan<strong>do</strong> então uma ponte com o<strong>de</strong>bate contemporâneo sobre a reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Os Conselhos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> são, por seusfundamentos conceituais e por sua trajetória empírica, um tema propício a esse <strong>de</strong>safio.Recuperar as inspirações e marcos originais da Reforma Sanitária, provi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> seuaggiornamento conceitual e programático, po<strong>de</strong> abrir caminho para incorporar na pautada reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> reconciliar a eficiência com a equida<strong>de</strong>, requalifican<strong>do</strong>a,assim, como caminho para a <strong>de</strong>mocracia.94 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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