A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI
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Todavia, se todas essas “vias” foram e têm si<strong>do</strong> extremamente produtivas, emtermos <strong>de</strong> avanços <strong>do</strong> movimento, parece não haver dúvida que a escolha <strong>do</strong> parlamentocomo canal para se fazer avançar o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização da saú<strong>de</strong> encontrouaí um espaço privilegia<strong>do</strong> para exploração. Várias tentativas <strong>de</strong> explicação “aposteriori” po<strong>de</strong>m ser tentadas. Entretanto, alguns fatos são, sem dúvida elucidativos.Primeiramente, o parlamento sempre foi um espaço <strong>de</strong> contradições, mesmo nosmomentos duros da ditadura em que permaneceu aberto. Da mesma forma, por suascaracterísticas próprias, era o que oferecia mais oportunida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>mocrático,ainda pouco franquea<strong>do</strong> em outros espaços institucionais e mesmo públicos, assim comona imprensa. De outra parte, as eleições <strong>de</strong> 1974 haviam recupera<strong>do</strong>, em boa medida, apluralida<strong>de</strong> partidária <strong>do</strong> parlamento, ainda que agrupa<strong>do</strong>s sob as duas legendas daARENA e MDB; e, neste, podiam ser encontra<strong>do</strong>s vários parlamentares i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s,se não com os parti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> esquerda inspira<strong>do</strong>res <strong>do</strong> movimento, com o própriomovimento, que sempre teve a questão <strong>de</strong>mocrática como central, permitin<strong>do</strong> assim,umamplo arco <strong>de</strong> alianças. Na verda<strong>de</strong>, até mesmo na ARENA foi possível encontrarparlamentar i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> com o movimento.Assim, a “via <strong>do</strong> parlamento” não significou apenas se privilegiar o processolegiferante, isto é, a proposição e aprovação <strong>de</strong> leis convergentes com a Reforma Sanitária.Pelo contrário, no começo, ou seja, até a Constituinte (87-88), o Parlamento, e emespecial a Câmara <strong>do</strong>s Deputa<strong>do</strong>s e sua Comissão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, foi utiliza<strong>do</strong> principalmentecomo espaço para o <strong>de</strong>bate público sobre a Saú<strong>de</strong> e até mesmo para a “organização”<strong>do</strong> movimento, com apoio <strong>de</strong> parlamentares e da infra-estrutura da própriaComissão.Embora a legislação aprovada em 1975, crian<strong>do</strong> o Sistema Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>(Lei nº 6229) e o SINPAS já fosse um alvo objetivo <strong>do</strong> movimento, uma vez que continhatoda a base jurídica para a manutenção <strong>do</strong> “status quo”, a investida no campopropositivo, em termos <strong>de</strong> mudança da legislação, só se iniciou, <strong>de</strong> fato, com o processoConstituinte em 1987, <strong>de</strong>flagra<strong>do</strong>, no caso da Saú<strong>de</strong>, em 1986, com a 8ª ConferênciaNacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.No tocante ainda à “via <strong>do</strong> parlamento”, uma outra vertente também <strong>de</strong>ve ser<strong>de</strong>stacada, que era a <strong>do</strong> investimento militante na eleição <strong>de</strong> parlamentares fe<strong>de</strong>rais eestaduais e também prefeitos e verea<strong>do</strong>res comprometi<strong>do</strong>s com o movimento, quepassaram a ter a questão da saú<strong>de</strong> em suas plataformas eleitorais. Nessa época aindaforam poucos os que se candidataram a partir da sua inserção no movimento; a maioriaestava mais ligada à questão geral da <strong>de</strong>mocratização, sob cuja ban<strong>de</strong>ira o movimento“pegava carona”.Assim, a escolha da “via <strong>do</strong> parlamento” pelo movimento sanitário, teve menosa ver com uma visão “legalista”, que passou a ser privilegiada mais tar<strong>de</strong>, <strong>do</strong> que comas circunstâncias que conferiam ao parlamento a condição <strong>de</strong> espaço quase exclusivopara o <strong>de</strong>bate público <strong>de</strong> oposição ao regime, através da <strong>de</strong>núncia e da construção <strong>de</strong>uma contra-política; no caso, para a saú<strong>de</strong>.Neste texto será privilegiada a questão <strong>do</strong> processo constituinte, por ser o maisbem <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> e o que teve os resulta<strong>do</strong>s mais objetivos e concretos,quanto à institucionalização da Reforma Sanitária. O processo <strong>de</strong> elaboração da legislaçãoinfra-constitucional também já tem si<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong>, o que será referi<strong>do</strong> oportunamente.A<strong>de</strong>mais, a exemplificação, via Constituinte, dá bem uma dimensão <strong>do</strong> que tem si<strong>do</strong> aatuação <strong>do</strong> movimento sanitário no Parlamento.64 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>