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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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nova correlação <strong>de</strong> forças, o movimento sanitário preten<strong>de</strong>u ressignificar politicamentea noção <strong>de</strong> cidadania, dan<strong>do</strong> a ela um caráter transforma<strong>do</strong>r.A Reforma Sanitária, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> esta posição política, foi por mim <strong>de</strong>finida comoreferin<strong>do</strong>-se a um processo <strong>de</strong> transformação da norma legal e <strong>do</strong> aparelho institucionalque regulamenta e se responsabiliza pela proteção à saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cidadãos e correspon<strong>de</strong>a um efetivo <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r político em direção às camadas populares, cujaexpressão material se concretiza na busca <strong>do</strong> direito universal à saú<strong>de</strong> e na criação <strong>de</strong>um sistema único sob a égi<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> 6 .O dilema reformista, enfrenta<strong>do</strong> como tensão permanente durante to<strong>do</strong> o processoda Reforma Sanitária, estava da<strong>do</strong> a partir da interpelação cidadã e da <strong>luta</strong> pelo direitoà saú<strong>de</strong>, o que implicava necessáriamente tomar o Esta<strong>do</strong> - em seu aparato jurídico eadministrativo - como locus privilegia<strong>do</strong> das práticas reforma<strong>do</strong>ras. Para isto, o que serequeria era a ampliação <strong>de</strong> alianças e a construção <strong>de</strong> um novo consenso e <strong>de</strong> umanova institucionalida<strong>de</strong>, enquanto a transformação social das práticas sanitárias e aconstrução <strong>de</strong> sujeitos políticos e suas estratégias <strong>de</strong> enfrentamento <strong>do</strong> conflito provocavatensões, fragmentações e dissensos.A posição <strong>do</strong> <strong>CEBES</strong> foi consolidada no <strong>do</strong>cumento apresenta<strong>do</strong> no I Simpósiosobre Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> na Câmara Fe<strong>de</strong>ral, em outubro <strong>de</strong> 1979, on<strong>de</strong> foiapresentada a plataforma programática <strong>do</strong> movimento sanitário, alcançan<strong>do</strong> a<strong>de</strong>são <strong>de</strong>parlamentares e sindicalistas, dan<strong>do</strong> início a uma trajetória que culminaria com ainscrição <strong>de</strong>stas propostas na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988. É impressionante reler aquele<strong>do</strong>cumento e verificar o grau <strong>de</strong> amadurecimento da proposta reforma<strong>do</strong>ra, <strong>de</strong>z anosantes <strong>de</strong> se transformar em norma legal, no que se <strong>de</strong>fine uma saú<strong>de</strong> autenticamente<strong>de</strong>mocrática como:“1.o reconhecimento <strong>do</strong> direito universal e inalienável, comum a to<strong>do</strong>s oshomem, à promoção ativa e permanente <strong>de</strong> condições que viabilizem apreservação <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong>.2. o reconhecimento <strong>do</strong> caráter sócio-econômico global <strong>de</strong>stas condições:emprego, salário, nutrição, saneamento, habitação e preservação <strong>de</strong> níveisambientais aceitáveis.3. o reconhecimento da responsabilida<strong>de</strong> parcial, porém intransferível dasações médicas propriamente ditas, individuais e coletivas, na promoçãoativa da saú<strong>de</strong> da população.4. o reconhecimento, finalmente, <strong>do</strong> caráter social <strong>de</strong>ste Direito e tanto daresponsabilida<strong>de</strong> que cabe à coletivida<strong>de</strong> e ao Esta<strong>do</strong> em sua representação,pela efetiva implementação das condições supra mencionadas 7 ”.Para viabilizar tais propostas, são enunciadas medidas concretas contra oempresariamento da medicina, pela gratuida<strong>de</strong> da atenção médica, pela criação <strong>do</strong>Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, pela atribuição ao Esta<strong>do</strong> da responsabilida<strong>de</strong> na administração<strong>de</strong>ste sistema, que <strong>de</strong>verá coor<strong>de</strong>nar a planificação e execução <strong>de</strong> uma política nacional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>; pelo estabelecimento <strong>de</strong> mecanismos financeiros capazes <strong>de</strong> sustentar osistema, pela <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que garanta maior controle social eparticipação política, pela regulação da prática médica privada, pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> umaestratégia <strong>de</strong> produção e distribuição <strong>de</strong> medicamentos.A constituição <strong>do</strong> movimento sanitário como ator político a<strong>do</strong>tou como estratégia,por um la<strong>do</strong>, a difusão e a ampliação da consciência sanitária, com vistas a alterar a28 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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