A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI
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De um la<strong>do</strong> reverso, um saber que se proponha a ser conhecimento científicomais <strong>do</strong> que tecnológico também nos apresenta esta <strong>do</strong>bra <strong>de</strong> revelar “o mun<strong>do</strong>” e <strong>de</strong>permitir uma ação sobre o mesmo.Mas, aqui estamos operan<strong>do</strong> com saberes que têm uma distinção importante aconsi<strong>de</strong>rar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que, como um saber tecnológico, está imediatamente referi<strong>do</strong> e concretiza<strong>do</strong>em processos <strong>de</strong> trabalhos bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s, que expõem diretamente suas intencionalida<strong>de</strong>s.Entretanto, tu<strong>do</strong> indica que quan<strong>do</strong> estamos diante <strong>de</strong> uma tecnologia <strong>do</strong> tipoleve (como o acolhimento) a situação é um pouco distinta <strong>de</strong> quan<strong>do</strong> estamos peranteuma tecnologia <strong>do</strong> tipo dura (como o realizar uma conduta totalmente normalizada oumesmo o processo incorpora<strong>do</strong>r <strong>de</strong> máquinas-ferramentas), e isto nos coloca que nooperar das leves, como a própria clínica ou os processos das tecnologias das relações(como é o caso <strong>do</strong> acolhimento ou <strong>do</strong> vínculo), o processo operatório é bem mais abertoao fazer <strong>do</strong> trabalho vivo em ato. O que também permite-nos re<strong>de</strong>finir o conceito quetemos <strong>de</strong> recursos escassos, pois tecnologia leve nunca é escassa ela sempre é em processo,em produção. (Aqui há que rever a noção cara às políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública que operamcom o conceito <strong>de</strong> escassez permanente e priorida<strong>de</strong> focal exclu<strong>de</strong>nte).Por isso, procurar ferramentas para operar sobre relações institucionais é umatarefa um pouco mais árdua <strong>do</strong> que estar tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um processo bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> e normatiza<strong>do</strong>,pois vem impregnada <strong>de</strong> uma quase igual importância tanto <strong>do</strong> seu la<strong>do</strong> <strong>de</strong>instrumentalizar a ação humana <strong>de</strong> intervir na realida<strong>de</strong> como em um processo <strong>de</strong>trabalho, quanto <strong>do</strong> seu la<strong>do</strong> <strong>de</strong> estar revelan<strong>do</strong> “o mun<strong>do</strong>” e seus senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>spara os “opera<strong>do</strong>res/interventores”. Pois estamos diante <strong>de</strong> uma situação muitoparecida com a dinâmica <strong>do</strong> trabalho vivo na saú<strong>de</strong> que nos coloca perante uma realida<strong>de</strong>operatória que é sempre um “em processo”, um “dan<strong>do</strong>”, no qual os homens são aomesmo tempo opera<strong>do</strong>res, sujeitos e objetos <strong>do</strong>s trabalhos-intervenções.A perspectiva <strong>de</strong> construir analisa<strong>do</strong>res rui<strong>do</strong>sos para compreen<strong>de</strong>r processos <strong>de</strong>trabalho em saú<strong>de</strong> é marcada pela idéia pouco positiva <strong>de</strong> criar dispositivos que tenhamo compromisso com a abertura <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> fuga em processos instituí<strong>do</strong>s, mais <strong>do</strong> quecom a produção <strong>de</strong> receitas sobre como construir o trabalho <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> correto e certo.A criação <strong>de</strong>stes dispositivos não obe<strong>de</strong>ce a um processo aleatório qualquer, poiscomo já dissemos os mesmos estão marca<strong>do</strong>s pelas distintas lógicas instituintes queoperam no interior <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> trabalho em saú<strong>de</strong>. Assim, tomar os processosinstituintes que operam no interior <strong>do</strong>s espaços intercessores e tentar operar comferramentas-dispositivos que “abrem” estas presenças lógicas é uma perspectiva vitalpara criar “olhares analisa<strong>do</strong>res rui<strong>do</strong>sos” sobre o mo<strong>do</strong> como se constituem as práticas<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, suas tecnologias e direcionalida<strong>de</strong>s, e seus mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gestão.Em algumas experiências em serviços que vivenciamos, estivemos diante <strong>de</strong> umasituação problema que mostrava que um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> grupo populacional - crianças<strong>de</strong>snutridas - só tinham acesso aos serviços da re<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> estavam“sem problema imediato”, pois sempre que apresentavam uma “intercorrência” eramrecusadas (nunca tinha vaga, filas enormes para chegarem à recepção, etc...) e acabavamsen<strong>do</strong> atendidas em um “pronto-atendimento” qualquer, sem o mínimo compromissomédico-sanitário e sem capacida<strong>de</strong> resolutiva.Diante <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong>ste tipo consi<strong>de</strong>ramos como fundamental colocar oconjunto <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em situação e produzin<strong>do</strong> um certo138 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>