12.07.2015 Views

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

que este movimento por atenção também traria, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le, sofrimento, <strong>do</strong>r, me<strong>do</strong> <strong>de</strong>morrer, riscos reais <strong>de</strong> óbito, dúvidas, etc. Como dialogar com a <strong>de</strong>manda senão falan<strong>do</strong>com ela. Como inventar um mo<strong>de</strong>lo que atuasse tanto sobre necessida<strong>de</strong>sepi<strong>de</strong>miologicamente <strong>de</strong>finidas, quanto sobre a <strong>de</strong>manda por atenção?É verda<strong>de</strong>, que ao escolher tal percurso a saú<strong>de</strong> coletiva preocupava-se em secontrapor ao saber médico tradicional. Saber limita<strong>do</strong>, como já tanto <strong>de</strong>monstramos.Contu<strong>do</strong>, penso que nossa crítica per<strong>de</strong> força quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>ixa dissolver no social. Além<strong>de</strong>stas elaborações mais gerais - histórico-estruturais - haveria que se reconstruir opensamento médico, passar por ele para ultrapassá-lo, para enriquecê-lo. Ignorá-lo ounegá-lo somente tem empobreci<strong>do</strong> nosso discurso.O saber e a prática sanitária não po<strong>de</strong>rão nunca escapar da centralida<strong>de</strong> que a<strong>do</strong>ença ocupa em nosso campo. Preten<strong>de</strong>r tratar somente da saú<strong>de</strong>, afirmar que centros<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> não <strong>de</strong>veriam se ocupar da <strong>do</strong>ença mas da saú<strong>de</strong>, são reações <strong>de</strong>lirantes <strong>de</strong>auto-afirmação perante o discurso médico hegemônico. Declarações que mais nos infantilizam<strong>do</strong> que nos permitiriam superar as limitações da prática clínica mercantilizada.A especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso campo, tarefa esperada e cobrada pela socieda<strong>de</strong>, é a <strong>de</strong> pensara enfermida<strong>de</strong>, o risco <strong>de</strong> a<strong>do</strong>ecer, para daí inventarmos mecanismos <strong>de</strong> produzir saú<strong>de</strong>.Espera-se que os profissionais e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>scubram meios <strong>de</strong> ampliar nossocontrole sobre o corpo, sobre a quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> da vida. Nosso objetivo é asaú<strong>de</strong>, certo. Mas nosso objeto <strong>de</strong> investigação e <strong>de</strong> trabalho é a enfermida<strong>de</strong> ou o risco<strong>de</strong> enfermar-se. Parece heresia, mas não ó é. Afirmo que o objeto da saú<strong>de</strong> coletiva e daclínica são os processos saú<strong>de</strong>-<strong>do</strong>ença-atenção. Nosso objetivo, produzir saú<strong>de</strong>. Senãoconfundiríamos nosso papel com o das instituições políticas, ou <strong>do</strong>s movimentos sociais,ou <strong>de</strong> outras agências governamentais.Evidência 2Dilacerada entre a onipotência explicativa e a dificulda<strong>de</strong> em operacionalizarprojetos, a saú<strong>de</strong> coletiva é cada vez mais, principalmente, sistema <strong>de</strong> informações oulinha auxiliar <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> outras instâncias que executariam ações produtoras <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>.Observei, em vários municípios, a instalação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnos Centros <strong>de</strong> Informação,com mapeamento <strong>de</strong> óbitos, <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> risco por áreas homogênease até por <strong>do</strong>micílio, sem, contu<strong>do</strong>, haver, como contrapartida, um aumento dacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção <strong>do</strong>s serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Culto à vigilância, ao esquadrinhamentodas cida<strong>de</strong>s; sem criativida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte no tocante às ações práticas.Sem dúvida, aqui caberia uma longa digressão sobre po<strong>de</strong>r. Muitas ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>pública confrontam-se com interesses particulares. Polêmica sobre distribuição <strong>de</strong> verbas,o quê tem si<strong>do</strong>, <strong>de</strong> fato, prioriza<strong>do</strong>? Dificulda<strong>de</strong> para interferir na dinâmica <strong>de</strong>organizações privadas - o merca<strong>do</strong> ser soberano - e, em conseqüência, não tem si<strong>do</strong> fácilfiscalizar fábricas para proteger a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res, ou controlar a indústria <strong>de</strong>alimentos ou <strong>de</strong> medicamentos, etc e etc. Contu<strong>do</strong>, questiono, aqui, uma certa <strong>de</strong>sistênciainterna aos próprios agentes da saú<strong>de</strong> coletiva. I<strong>de</strong>ntifico sinais <strong>de</strong> autocastraçãoquan<strong>do</strong> inventamos mais mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> conhecer indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> que <strong>de</strong> intervir na realida<strong>de</strong>.Não que as intervenções sejam simples, ao contrário. I<strong>de</strong>ntifico em nossas práticas maisrespeito à proprieda<strong>de</strong> privada <strong>do</strong> que a vida <strong>do</strong>s cidadãos. Para a saú<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>fesa davida <strong>de</strong>veria aparecer em primeiro lugar; <strong>de</strong>pois, haveria o jogo social, a disputa. Percebo120 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!