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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em geral, inclusive e principalmente <strong>do</strong>s serviços priva<strong>do</strong>s contrata<strong>do</strong>s peloSUS e <strong>do</strong>s outros serviços priva<strong>do</strong>s, particularmente os planos e seguros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Po<strong>de</strong>r-se-ia dizer que o problema é gran<strong>de</strong> e complexo <strong>de</strong>mais para um equacionamentoa curto prazo (embora já <strong>de</strong>corram quase <strong>de</strong>z anos da promulgação danova Constituição). Ocorre que é justamente em função <strong>de</strong>ssa dimensão e varieda<strong>de</strong>que a <strong>de</strong>scentralização se impõe como estratégia central.Outra questão que tem comprometi<strong>do</strong> profundamente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avanço<strong>do</strong> SUS como política social é o <strong>de</strong>srespeito ao princípio da equida<strong>de</strong> na alocação <strong>do</strong>srecursos públicos, pela não unificação <strong>do</strong>s orçamentos fe<strong>de</strong>ral, estaduais e municipais,nas suas respectivas esferas, propician<strong>do</strong> a <strong>de</strong>stinação, pelas instituições públicas, <strong>de</strong>vultosos montantes ao co-financiamento <strong>de</strong> planos e seguros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seusfuncionários. Sem se falar no prestígio e força que esses segmentos <strong>de</strong> usuários (normalmenteos mais organiza<strong>do</strong>s) <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> emprestar à pressão pela melhoria <strong>do</strong>s serviçospúblicos, usa<strong>do</strong>s pela população menos organizada e mais necessitada. Além <strong>de</strong>renúncias fiscais, como a <strong>de</strong>dução <strong>do</strong> imposto <strong>de</strong> renda e outros subsídios diretos eindiretos que favorecem o setor priva<strong>do</strong> e estimulam o seu uso pela população, numatática específica da cartilha neo-liberal.Quanto à malversação <strong>do</strong> dinheiro público, fato inconteste, a questão tem duasexpressões principais: o não controle público sobre as ações e serviços presta<strong>do</strong>s peloshospitais, clínicas e laboratórios priva<strong>do</strong>s contrata<strong>do</strong>s pelo SUS (e que <strong>de</strong>veriam atuarcomo se públicos fossem) e que, com a conivência <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s e respalda<strong>do</strong>s pelosparlamentares que os representam, constituem verda<strong>de</strong>iras sinecuras <strong>de</strong> captação <strong>do</strong>srecursos públicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com fins eminentemente mercantis, sem qualquer compromissosocial; e a ineficiência da gestão pública propriamente dita, sufocada por regrasburocráticas que se sobrepõem ao interesse público e também pelo corporativismo e<strong>de</strong>scompromisso público <strong>de</strong> amplos segmentos profissionais (ainda que se <strong>de</strong>va reconhecera inexistência <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> real valorização <strong>do</strong> trabalho). Outra questãoque, sem dúvida tem manti<strong>do</strong> o padrão <strong>de</strong> distorções nos serviços priva<strong>do</strong>s contrata<strong>do</strong>e, hoje incorporadas também aos serviços públicos, é a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remuneração(AIH) por produção, há vinte anos <strong>de</strong>nunciada por Gentille <strong>de</strong> Mello como “fatorincontrolável <strong>de</strong> corrupção”, assertiva ainda válida.Deve-se registrar também que, além <strong>de</strong> se gastar mal, não há dúvida que, paraos parâmetros internacionais também se gasta pouco; o que po<strong>de</strong>ria ser otimiza<strong>do</strong> pelamaior racionalida<strong>de</strong> e controle <strong>do</strong>s gastos, sem que isso ilida a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se buscarmais recursos para o setor, <strong>de</strong> uma forma mais estrutural e menos conjuntural.É necessário também que se <strong>de</strong>nuncie o afastamento <strong>do</strong> SUS <strong>do</strong> seu princípio<strong>do</strong>utrinário mais central que é a integralida<strong>de</strong>. Isto é, a indissociabilida<strong>de</strong> entre prevençãoe atenção curativa. Hoje, a priorida<strong>de</strong> orçamentária fe<strong>de</strong>ral é nitidamente representadapela assistência médico-hospitalar, em <strong>de</strong>trimento criminoso das ações <strong>de</strong> promoção eproteção da saú<strong>de</strong>. E a atual proposta <strong>de</strong> reforma administrativa <strong>do</strong> Ministério daAdministração e da Reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ainda insiste em separar o SUS em <strong>do</strong>is: ohospitalar (<strong>de</strong> referência) e o básico (<strong>do</strong>s distritos sanitários). Na verda<strong>de</strong>, o que está-sepassan<strong>do</strong> é uma relegação da própria <strong>do</strong>utrina da Reforma Sanitária, pelos própriosintegrantes <strong>do</strong> movimento, que, após a aprovação da base jurídico legal, passaram atratar apenas <strong>do</strong> SUS, esquecen<strong>do</strong>-se que este é apenas estratégia <strong>de</strong> uma projeto maior<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização da saú<strong>de</strong>, que inclui a questão da intersetorialida<strong>de</strong> e a mudança dacultura médica e tecnológica vigente que associa qualida<strong>de</strong> ao consumo <strong>de</strong> tecnologia90 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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