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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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eter, é que a proposta preten<strong>de</strong> combinar a subjetivida<strong>de</strong> com a igualda<strong>de</strong>, não maiscomo homogeneida<strong>de</strong>, mas como igualda<strong>de</strong> complexa, que supõe necessariamente adiversida<strong>de</strong>.Boaventura Santos (1994:207) 23 trabalha a tensão entre cidadania e subjetivida<strong>de</strong>afirman<strong>do</strong> que: ”Ao consistir em direitos e <strong>de</strong>veres, a cidadania enriquece a subjetivida<strong>de</strong>e abre-lhe novos horizontes <strong>de</strong> auto-realização, mas, por outro la<strong>do</strong>, ao fazê-lo por via<strong>do</strong>s direitos e <strong>de</strong>veres gerais e abstratos que reduzem a individualida<strong>de</strong> ao que nela há<strong>de</strong> universal, transforma os sujeitos universais em unida<strong>de</strong>s iguais e intercambiáveis nointerior <strong>de</strong> administrações burocráticas públicas e privadas, receptáculos passivos <strong>de</strong>estratégias <strong>de</strong> produção, enquanto força <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> consumo enquantoconsumi<strong>do</strong>res, e <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação, enquanto cidadãos da <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>massas”.Por este raciocício o autor chega a formular uma proposição geral para a tensionalida<strong>de</strong>entre igualda<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong>: DIREITOS IGUAIS QUANDO A DIFERENÇAINFERIORIZA; DIREITO DE SER DIFERENTE QUANDO A IGUALDADE DESCA-RACTERIZA.Em outros termos, o que está em questão é a <strong>de</strong>mocracia que almejamos, já que aforma que <strong>de</strong>finimos a cidadania projeta o tipo <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> política que queremos.Em sua proposta <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia radical Chantal Mouffe 24 <strong>de</strong>fine-a como exigência<strong>do</strong> reconhecimento da diferença, recuperan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> que tinha si<strong>do</strong> excluí<strong>do</strong> pelo conceitoabstrato <strong>de</strong> homem: o particular, o múltiplo, o heterogêneo. Não se trata <strong>de</strong> negar ouniversalismo, mas <strong>de</strong> particularizá-lo, assim como a igualda<strong>de</strong> complexa não propõe a<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> ou a segmentação <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s.A proposta radical <strong>de</strong> Mouffe (1996:97) assim se expressa: “a concepção <strong>de</strong> cidadaniaque proponho rejeita a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição universalista abstrata <strong>do</strong> público,oposto a um <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> priva<strong>do</strong>, entendi<strong>do</strong> como reino da especialida<strong>de</strong> e da diferença.Consi<strong>de</strong>ra que, embora a i<strong>de</strong>ia mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> cidadão tenha si<strong>do</strong> realmente fundamentalpara a revolução <strong>de</strong>mocrática, constitui hoje um obstáculo à sua extensão”.Creio que chegamos aquí ao ponto central da transformação que se está operan<strong>do</strong>na noção <strong>de</strong> cidadania e no próprio projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia: trata-se <strong>de</strong> rompercom a divisão tradicional entre as esferas <strong>do</strong> público e <strong>do</strong> priva<strong>do</strong>, reintroduzin<strong>do</strong> atensão permanente entre a liberda<strong>de</strong> e a igualda<strong>de</strong>.Ao invés <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a cidadania como a dimensão pública <strong>do</strong>s indivíduosparticulariza<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong>, que se homogenizam assim em sua mediação com o Esta<strong>do</strong>,trata-se <strong>de</strong> reconstruir a relação entre Esta<strong>do</strong> e socieda<strong>de</strong> através da valorização <strong>de</strong>uma nova esfera pública não-estatal, permeada pelas diferenças e situada ao nível local,que nos permita reformar <strong>de</strong>mocraticamente o Esta<strong>do</strong>.A reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> não é, portanto a sua subordinação ao pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> princípioalocativo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais princípios <strong>de</strong> justiça como omérito e a necessida<strong>de</strong>. Isto nos levaria às propostas atuais <strong>de</strong> segmentação <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>ssociais, institucionalizan<strong>do</strong> as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s através das políticas públicas, o quenos remeteria, irremediavelmente, à focalização como negação da cidadania.Também não se trata <strong>de</strong> pensar a reforma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a partir <strong>de</strong> um padrão anglosaxão<strong>de</strong> separação entre as esferas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da socieda<strong>de</strong>, mediadas pela cidadaniae pelo sistema <strong>de</strong> representação <strong>de</strong> interesses, buscan<strong>do</strong> enten<strong>de</strong>r porque afinal nãoSAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>39

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