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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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mesmo assim com resulta<strong>do</strong>s sempre limita<strong>do</strong>s ou parciais, enquanto não se alterasse alógica estrutural <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo. A participação institucionalizada e representativa <strong>de</strong> segmentossociais no interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> era vetada, não sen<strong>do</strong> buscada pelo movimentosenão na forma da ocupação <strong>de</strong> espaços técnicos no interior das instituições, comoestratégia <strong>de</strong> fortalecimento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>luta</strong>. Não se tratava <strong>de</strong> participação oupretensão <strong>de</strong> controle <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e sim <strong>de</strong> <strong>luta</strong> contra ele, disputan<strong>do</strong> palmo a palmomelhorias no acesso ao produto social, especialmente nos aspectos relaciona<strong>do</strong>s à saú<strong>de</strong>.Mais tar<strong>de</strong>, ao longo da década <strong>de</strong> 80, a experiência <strong>de</strong> enfrentamento com oEsta<strong>do</strong> foi associan<strong>do</strong>, na medida <strong>do</strong> alargamento <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong>mocráticos, a <strong>de</strong>mandasocial por bens e serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> à <strong>de</strong>manda política por acesso aos mecanismos <strong>de</strong>po<strong>de</strong>r. A própria vivência <strong>do</strong> aumento da permeabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> foi ensejan<strong>do</strong> novosmo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> compreensão das relações Esta<strong>do</strong>-socieda<strong>de</strong>. À visão <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong> monolítico,fiel <strong>de</strong>positário e executor <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sígnios <strong>de</strong> uma elite <strong>do</strong>minante, suce<strong>de</strong> umacompreensão mais flexível da esfera estatal. Nesse momento, ganha peso e importânciaa concepção gramsciana <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> amplia<strong>do</strong>. Ainda no campo <strong>do</strong> pensamento marxista,essa vertente atribui ao Esta<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno o papel <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma “base material<strong>de</strong> consenso”, que torne aceitável ou suportável pelo conjunto da socieda<strong>de</strong> a or<strong>de</strong>mcapitalista e a primazia <strong>do</strong>s interesses econômicos da burguesia (Coutinho, 1989). Assim,para realizar os interesses da burguesia ou <strong>do</strong> capital (acumulação econômica), o Esta<strong>do</strong><strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar os interesses <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais setores (legitimação política), associan<strong>do</strong> entãopráticas <strong>de</strong> coersão com práticas <strong>de</strong> persuasão. Essa visão implica em que o Esta<strong>do</strong>,ainda como instrumento da classe <strong>do</strong>minante, permita que alguns interesses das classes<strong>do</strong>minadas sejam nele representa<strong>do</strong>s e por ele acolhi<strong>do</strong>s, implementan<strong>do</strong>-se atravésdas políticas públicas.Na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 80, com o advento da Nova República, aceleraseo processo <strong>de</strong> incorporação <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas sociais, a partir <strong>do</strong> reconhecimento dadiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores sociais e grupos <strong>de</strong> interesses. A revalorização das eleições e outrosmecanismos da <strong>de</strong>mocracia representativa permitiu a ampliação da participação política,disseminan<strong>do</strong> e fortalecen<strong>do</strong> a concepção pluralista <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que passa a pre<strong>do</strong>minarentre os atores políticos relevantes. Essa concepção supõe que o Esta<strong>do</strong> funcione a partir<strong>do</strong> reconhecimento da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses sociais presentes na socieda<strong>de</strong> e daaceitação <strong>de</strong> suas formas <strong>de</strong> representação, sen<strong>do</strong> as políticas públicas o fruto <strong>do</strong> processo<strong>de</strong> disputa e pactuação entre grupos <strong>de</strong> interesse no seu interior. Isso normalmente significaa inclusão, no arcabouço jurídico institucional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> representaçãodireta da socieda<strong>de</strong>, investidas <strong>de</strong> algum nível <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> governo,ou seja, a presença explícita e formal no interior <strong>do</strong> aparato estatal <strong>do</strong>s vários segmentossociais, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a tornar visível e legitimada a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interesses e projetos.Esse referencial presidiu, ao longo <strong>do</strong>s anos 80, o aparecimento progressivo <strong>de</strong>diversos órgãos colegia<strong>do</strong>s no âmbito <strong>do</strong> aparelho estatal, compostos por representaçõesmistas da socieda<strong>de</strong> e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Primeiro com as AIS, <strong>de</strong>pois com os SUDS 1 , instituiramsediversos tipos <strong>de</strong> conselhos e comissões, nas três esferas <strong>de</strong> governo, que foram engloban<strong>do</strong>a presença <strong>do</strong>s principais atores na arena político-sanitária: representantes governamentais,presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços, profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, diversos segmentos <strong>de</strong>usuários.O pressuposto e, ao mesmo tempo, o corolário <strong>do</strong> pluralismo e das formas institucionaisque assume é o reconhecimento recíproco - por parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da socieda<strong>de</strong>- <strong>de</strong> interlocutores legítimos e com um mínimo <strong>de</strong> eficácia dialógica. Ou seja, o Esta<strong>do</strong>96 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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