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112 AMAZÔNIA REVELADA<br />

não convence a todos sobre a sua viabilidade. Tecnicamente<br />

é viável, todos concordam. O problema é a<br />

produtividade do solo com relação à mandioca, segundo<br />

alguns. (MATO GROSSO S/A, p. 21)<br />

Na gleba de 650.000 ha pertencente à Colonizadora<br />

Sinop, a estratégia para definição do loteamento<br />

foi mista. Além dos lotes residenciais, foram planejadas<br />

chácaras na área periférica, com terrenos entre 5 e<br />

10 ha, exclusivamente para hortifrutigranjeiros. Na<br />

zona rural, os lotes tinham no mínimo 60 ha e foram<br />

projetados centros de convergência social, com igrejas,<br />

escolas e outros equipamentos. Em 2000, a população<br />

era de mais de 74.000 habitantes.<br />

A Indeco S/A – Integração, Desenvolvimento e<br />

Colonização, de Ariosto da Riva (ex-sócio do grupo<br />

Ometto na Agropecuária Suiá-Missu), diz ter adquirido<br />

em 1971, 500.000 ha da gleba Raposo Tavares, por<br />

Cr$ 15,00 o hectare (o que na época dava para comprar<br />

seis maços de cigarro Hollywood). Dois anos depois,<br />

comprou outra área do governo do Estado contígua<br />

à anterior, de 400.000 ha, por apenas Cr$ 50,00<br />

o ha. Nessa área de quase 1 milhão de ha implantou<br />

três projetos de colonização: Alta Floresta, Paranaíta e<br />

Apiacás. Alta Floresta foi um dos projetos mais badalados<br />

pela imprensa e por parte dos intelectuais. O<br />

discurso competente (e inverso) de Ariosto da Riva,<br />

construído sobre a lógica da colonização, do desenvolvimento<br />

agrícola, da fixação do homem à terra, convenceu<br />

muita gente. Só que a contundência do discurso<br />

não tinha correspondência econômica para os colonos<br />

no dia-a-dia. Na abertura dos lotes, a venda da<br />

madeira garantiu entradas monetárias que a produção<br />

agrícola não manteve. Assim, enquanto defendia a co-<br />

lonização e o trabalho na terra, repudiava o garimpo<br />

do ouro, mas até os garçons dos restaurantes das cidades<br />

sabiam de histórias em contrário. O certo é que,<br />

enquanto cresceu o garimpo do ouro, a cidade cresceu.<br />

Com a sua decadência no início dos anos 1990,<br />

Alta Floresta, que havia crescido 15% na década anterior,<br />

chegou a 2000 com uma população de menos de<br />

47.000 habitantes. Muito pouco para uma cidade que<br />

em décadas anteriores havia apresentado os mais espetaculares<br />

índices de crescimento do país. Certamente<br />

o ouro, de controle monopolista, sempre foi o principal<br />

gerador da riqueza em Alta Floresta.<br />

Muitas são as histórias, de sucessos e fracassos,<br />

contadas por colonos de Alta Floresta:<br />

Com 70 anos de idade, Hideo Yamashita escolheu a<br />

região de Alta Floresta para executar seu maior projeto<br />

agrícola. Agricultor com larga tradição no café, Hideo<br />

saiu de Assis Chateaubriand, no Paraná […]<br />

rumo à desconhecida Amazônia. Gostou, se entrosou<br />

bem com a colonizadora de Alta Floresta (a Indeco) e<br />

resolveu ficar, após comprar um dos lotes modulares<br />

da zona rural de Alta Floresta. Não deu outra: em<br />

pouco tempo, o velho japonês, natural de Osaka, esqueceu<br />

completamente o Paraná e hoje possui mais<br />

de 4.000 ha. (MATO GROSSO S/A, p. 17)<br />

O senhor Ernesto Roman e sua esposa Irma Ganhaci<br />

Roman, ambos de São José do Cedro, em Santa Catarina,<br />

foram para a região de Alta Floresta em busca de<br />

terra fácil para plantar. Ernesto conta que veio a Mato<br />

Grosso sozinho, antes da família, e aqui comprou a<br />

posse de uma área de 5 alqueires nas proximidades de<br />

Alta Floresta. Voltou para Santa Catarina buscar a fa-

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