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iológico –, o Brasil perde por volta de 1 bilhão de dó-<br />

lares ao ano. Eis o que afirma Ilse Walker, especialista<br />

em ecologia aquática na região da bacia do rio Negro<br />

e integrante do Instituto Nacional de Pesquisas da<br />

Amazônia (Inpa):<br />

Em um pequeno igarapé tem mais espécies de peixes<br />

que a Inglaterra e a Escócia juntas. Na floresta, por<br />

hectare, você chega acima de 100-150 espécies de árvores.<br />

[...] Um bom exemplo de biopirataria é o da<br />

aranha-caranguejeira, que é vendida pelos nativos a<br />

R$ 1,00 (um real) cada e, se chegar viva a seu destino,<br />

pode chegar a valer US$ 500,00 (quinhentos dólares),<br />

dependendo do espécime, pois algumas aranhas<br />

dessa espécie possuem um veneno que aumenta<br />

o seu valor. 21<br />

Eventualmente, a biopirataria conta com a participação<br />

de instituições oficiais de pesquisas e universidades,<br />

como concluiu, em 2003, o relatório de 161<br />

páginas de uma comissão parlamentar de inquérito<br />

(CPI) da Câmara dos Deputados sobre tráfico de plantas<br />

e animais silvestres. A CPI, criada em setembro de<br />

2002, ouviu depoimentos de 112 cientistas, especialistas,<br />

pesquisadores e representantes de instituições de<br />

vários Estados brasileiros. Assim como acontece no<br />

caso do crime organizado em geral, comprovou-se a<br />

necessidade tanto de adequar a legislação brasileira ao<br />

problema existente (não há punição para quem comete<br />

esse tipo de delito) quanto dotar os organismos fiscalizadores<br />

de mais recursos humanos e técnicos e integrar<br />

os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário<br />

no combate à biopirataria.<br />

No total, o relatório pediu ao Ministério Públi-<br />

JOSÉ ARBEX JR. 51<br />

co Federal a investigação das atividades de 83 pessoas<br />

físicas e jurídicas nacionais e estrangeiras suspeitas de<br />

envolvimento com a biopirataria, extração ilegal de<br />

madeira com a participação de servidores públicos de<br />

órgãos ambientais e membros de organizações nãogovernamentais<br />

(ONGs). Entre os suspeitos citados no<br />

documento estava o pesquisador holandês do Instituto<br />

Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Marcus<br />

Gerardus Maria van Roosmalen e familiares, assim<br />

como a ONG por eles comandada, a Associação Amazônica<br />

para Preservação de Áreas de Alta Biodiversida-<br />

de (AAP).<br />

A deputada amazonense Vanessa Grazziotin,<br />

sub-relatora das denúncias de extração ilegal de madeira<br />

na Amazônia e especificamente destacada para<br />

cuidar do “Caso Roosmalen”, pediu o enquadramento<br />

do pesquisador nos crimes de prevaricação, biopirataria<br />

e falsidade ideológica, “por utilizar indevidamente<br />

o nome da instituição em atividades paralelas<br />

exercidas por ele”; e abertura de processo de demissão<br />

do instituto e cassação da cidadania brasileira. O colombiano<br />

Henri Porras Ardila, que vive no Brasil e<br />

atua no ramo de pescado no Estado do Amazonas,<br />

também é citado na CPI da Biopirataria como suspeito<br />

de prática de exportação ilegal de peixes.<br />

As principais informações sobre o pesquisador holandês,<br />

colhidas por Vanessa, vieram do processo de<br />

sindicância instaurado pelo Inpa e do próprio depoimento<br />

de Roosmalen à CPI do Tráfico de Animais e<br />

Plantas Silvestres. Servidor do instituto desde 31 de<br />

dezembro de 1986, nos últimos anos, o primatologista<br />

ficou mundialmente conhecido por meio de descobertas<br />

inéditas de animais e plantas na Amazônia

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