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ainda maior que o calculado anteriormente apenas<br />

com as distribuições geográficas dos animais.<br />

Tais resultados também revelam uma história dinâmica<br />

para a Amazônia, onde vários processos<br />

evolutivos podem ter influenciado a diversificação<br />

da biota em épocas diferenciadas (COSTA, 2003).<br />

2. As divergências genéticas encontradas entre<br />

espécies ou populações são em geral profundas.<br />

Quando se empregam métodos para o cálculo de<br />

tempo de separação entre espécies com base na<br />

pluralidade genética, estima-se que a maioria das<br />

separações entre espécies aparentadas se deu há<br />

mais de 2 milhões de anos, indicando que as espécies<br />

que habitam hoje a Amazônia são fruto de<br />

uma longa história evolutiva (por exemplo:<br />

COLLINS; DUBACH, 2000; PATTON et al., 2000;<br />

CORTÉS-ORTIZ, 2003).<br />

3. Análises genéticas também evidenciaram barreiras<br />

geográficas anteriormente desconhecidas,<br />

possibilitando o surgimento de novas hipóteses<br />

para a explicação de eventos de diversificação na<br />

Amazônia e a delimitação de novas áreas de endemismo<br />

ainda não reconhecidas. Por exemplo,<br />

estudos genéticos de pequenos mamíferos (PAT-<br />

TON et al., 2000) e anfíbios (LOUGHEED et al.,<br />

1999) ao longo do rio Juruá apontam para a existência,<br />

no passado, de uma barreira que cruzou<br />

o rio e separou populações da foz daquelas da cabeceira<br />

do rio. Esses resultados corroboram estudos<br />

feitos com borboletas (BROWN Jr., 1979) e<br />

répteis (ÁVILA-PIRES, 1995).<br />

Apesar de apoiada em congruentes evidências, a<br />

divisão nas áreas de endemismo (figura 4), como evi-<br />

MAURÍCIO TORRES E WILSEA FIGUEIREDO 333<br />

denciado pelos resultados dos estudos genéticos, não<br />

permite uma apreciação detalhada da distribuição<br />

geográfica da biodiversidade amazônica. Essa falta de<br />

resolução se deve, mais uma vez, à enorme carência<br />

de dados sobre a composição biológica de extensas<br />

áreas na região. Para contornar tal lacuna, a ONG<br />

World Wildlife Fund (WWF) propôs uma divisão da<br />

Amazônia em ecorregiões. Uma ecorregião é “um<br />

conjunto de comunidades naturais, geograficamente<br />

distintas, que compartilham a maioria das suas espécies,<br />

dinâmicas e processos ecológicos, e condições<br />

ambientais similares nas quais as interações ecológicas<br />

são críticas para sua sobrevivência em longo prazo”<br />

(DINERSTEIN et al. 1995). A delimitação das ecorregiões<br />

não se vale apenas dos escassos dados de distribuição<br />

de organismos. Além de incorporar a divisão<br />

da Amazônia nas áreas de endemismo, a proposta<br />

parte do princípio de que topografia, clima, tipos<br />

de solo, variação no nível dos rios etc. também são fatores<br />

determinantes da distribuição e da diferenciação<br />

dos organismos. Dados como imagens de satélite,<br />

mapas de vegetação, precipitação, tipos de solo são<br />

incorporados às análises.<br />

A área de influência da BR-163 estende-se sobre<br />

oito das 23 ecorregiões amazônicas. A sobreposição<br />

entre a ecorregião das várzeas do Marajó e a área de<br />

influência da rodovia não chega a 600 km2 e não será<br />

aqui considerada. Cinco das ecorregiões situam-se totalmente<br />

no bioma Amazônia. As florestas secas de<br />

Mato Grosso compreendem um ecossistema denominado<br />

Ecótonos Cerrado-Amazônia, que representa a<br />

transição entre essas duas regiões. Finalmente, o extremo<br />

sul da área de influência compreende o ecossistema<br />

Cerrado.

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