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duri e a Reserva Biológica do Tapirapé, foram decretadas<br />

no Pará e Amazonas, dentro da área de influência<br />

da BR-163. Somando o Parque Nacional da Amazônia,<br />

PA, a Estação Ecológica do Rio Ronuro e o Parque<br />

Estadual do Cristalino, em Mato Grosso, completa-se<br />

o quadro de reservas de proteção estrita na<br />

área de influência da rodovia.<br />

O Parque Nacional da Amazônia ilustra bem o<br />

funcionamento efetivo dessa categoria de uso. Assim<br />

como 85% dos outros parques nacionais no Brasil,<br />

esse também é habitado; assim como 100% dos outros<br />

parques, padece de deficiências no aparato de gestão e<br />

fiscalização; como os outros, o Parque Nacional da<br />

Amazônia sofre os problemas advindos da degradação<br />

e pressões do entorno; também assiste à devastação<br />

em seu interior; paga o preço de ser gerido por um<br />

plano de manejo elaborado sem o devido conhecimento<br />

do meio biótico e bastante inclinado à exclusão<br />

social; tem problemas de demarcação; abriga atividades<br />

criminosas etc.<br />

RENOVANDO O ARCAICO<br />

A criação do Parque foi iniciada pelo Grupo de Operações<br />

da Amazônia (GOA), organização governamental<br />

de consultoria com interesse na Amazônia que incluía<br />

vários órgãos, dentre eles INCRA, Sudam, Ministério<br />

da Agricultura (IBDF, 1979). A gênese do Parque<br />

veio atada aos projetos do governo militar de colonização<br />

e reforma agrária. Projetos marcados pelas alianças<br />

do Estado com o grande capital nacional e estrangeiro,<br />

de onde brotaram as expropriações das populações<br />

originais, bem como a exploração predatória dos<br />

recursos naturais (OLIVEIRA, 1995, 1997, e neste livro).<br />

MAURÍCIO TORRES E WILSEA FIGUEIREDO 347<br />

Em 1971, o INCRA desapropriou uma área de 6<br />

milhões de hectares no Pará, designada Polígono de<br />

Altamira. O objetivo era estimular a ocupação de terras<br />

sob a influência da rodovia Transamazônica e estabelecer<br />

programas agropecuários. O GOA recomendou<br />

que 1 milhão de hectares do Polígono fossem destinados<br />

à preservação ambiental, especificamente na categoria<br />

de parque nacional. Em 1974, cria-se o Parque<br />

Nacional da Amazônia.<br />

Na verdade, desde então, a criação dessa e outras<br />

unidades de conservação, na lógica das políticas de desenvolvimento<br />

e integração nacional dos governos militares,<br />

objetivou atender às pressões internacionais e<br />

encobriu tal intento sob o argumento da proteção ambiental<br />

(FOREST, 1991). Apenas dois anos antes, em<br />

1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio<br />

Ambiente, em Estocolmo, o Brasil adotara uma postura<br />

marcada pelo louvor à “indústria da chaminé”.<br />

Defendeu que os países em desenvolvimento não deveriam<br />

sacrificar suas economias por questões ambientais.<br />

Esse arroubo rendeu ao país severas críticas<br />

(GUIMARÃES, 1991). Assim, com a criação (num determinado<br />

modelo e muitas vezes com poucos critérios e<br />

estudos) de várias unidades de conservação a partir de<br />

1974, o Brasil mostraria adesão e endosso às determinações<br />

ambientalistas estrangeiras, na intenção de restauração<br />

de sua imagem no cenário internacional.<br />

A influência estrangeira sobre as políticas ambientais<br />

no Brasil não se limitou a determinar a criação de<br />

áreas protegidas, mas também a reger os processos nos<br />

quais estas são concebidas e implementadas. Por exemplo,<br />

a legislação ambiental brasileira é muito influenciada<br />

pelas leis norte-americanas; a forma adotada para<br />

guiar a criação de unidades de conservação baseia-se nas

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