08.06.2013 Views

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

46 AMAZÔNIA REVELADA<br />

Hong Kong. A pedra especial – conhecida como fancy<br />

color – foi negociada pelos irmãos Gilmar Campos e<br />

Geraldo Magela Campos, donos de garimpos em Minas.<br />

O diamante avaliado em US$ 30 milhões depois<br />

de lapidado saiu clandestinamente do país dentro de<br />

um maço de cigarros rumo a Nova York.<br />

[...] A incrível história do diamante cor-de-rosa e do<br />

poder de fogo do doleiro carioca Dario Messer, que<br />

movimentou a fortuna que os irmãos garimpeiros ganharam<br />

com a pedra, é contada pelo próprio Gilmar<br />

Campos: “Durante mais de cinqüenta anos, quando<br />

não era possível a exportação de pedras, Messer foi o<br />

responsável por trazer para o país todo o dinheiro do<br />

contrabando de diamantes para o exterior”. Campos<br />

está sendo investigado pela PF por suspeita de envolvimento<br />

com o contrabando de pedras da Reserva<br />

dos Índios Cintas-largas em Rondônia. E Messer,<br />

prestes a completar 90 anos, só teve suas atividades<br />

criminosas descobertas no ano passado, durante as investigações<br />

da máfia dos fiscais, denunciada por IstoÉ,<br />

que mostrou as atividades nada públicas do ex-fiscal<br />

Rodrigo Silveirinha e sua quadrilha. Ele ajudou os fiscais<br />

a mandar US$ 30 milhões para a Suíça. Mas o doleiro,<br />

segundo documentos do MTB comprovam, operou<br />

mais de US$ 200 milhões com o contrabando de<br />

pedras preciosas retiradas de reservas indígenas e de<br />

garimpos ilegais do país. 17<br />

A referência à Reserva dos Índios Cintas-largas<br />

de Rondônia remete a outra tragédia, ocorrida em 7<br />

de abril de 2004, quando um grupo de cintas-largas<br />

promoveu o massacre de 29 garimpeiros que exploravam<br />

ilegalmente diamantes em suas terras (hoje consideradas<br />

uma das maiores, ou talvez a maior reserva<br />

de diamantes do mundo). Nunca foram completamente<br />

esclarecidas as circunstâncias que desembocaram<br />

na tragédia: quem, exatamente, eram os garimpeiros<br />

e quais as relações que eles mantinham (se havia<br />

alguma) com os índios; quem eram os intermediários<br />

entre os garimpeiros (e, eventualmente, os índios)<br />

e os comerciantes de jóias, na outra ponta da linha; e<br />

a responsabilidade e o papel dos agentes do governo<br />

do Estado e os da Funai nisso tudo.<br />

O massacre levantou, mais uma vez, uma questão<br />

candente e de proporções ainda desconhecidas: o contrabando<br />

de pedras preciosas. Não se trata, absolutamente,<br />

de uma questão secundária, especialmente<br />

quando se recorda que o circuito internacional do comércio<br />

de diamantes, que tem os seus principais pólos<br />

na África do Sul, Bélgica, Holanda, Israel e Estados<br />

Unidos, é um dos grandes responsáveis pelos horríveis<br />

e continuados morticínios verificados no sul da África.<br />

O direito de exploração das riquezas situadas em<br />

reservas indígenas é, sem dúvida, uma das questões<br />

mais espinhosas e explosivas do atual estágio de debates<br />

sobre o futuro da Amazônia. Mas não é objetivo<br />

deste trabalho apresentar a polêmica, e sim indicar a<br />

maneira pela qual as redes do crime organizado eventualmente<br />

dirigem os seus tentáculos para esse comércio,<br />

integrando-o à holding de que fala Giovanni Quaglia.<br />

Participam da mesma rede doleiros, banqueiros,<br />

políticos, empresários e comerciantes respeitados em<br />

suas comunidades, em todo o Brasil.<br />

Do ponto de vista dessa holding, ainda segundo<br />

Quaglia, até mesmo a posição geográfica da Amazônia<br />

é um capital negociável: a proximidade com os principais<br />

produtores de drogas faz com que os preços sejam<br />

muito baixos. Os distribuidores brasileiros que contro-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!