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ca, hoje, um choque entre a ilusão do ouro e a crise<br />

na agricultura. Garimpeiros são reprimidos em regiões<br />

como a de Alta Floresta, porque a colonizadora,<br />

a exemplo do que ocorre em outras áreas de iguais características,<br />

diz preferir investir na agricultura.<br />

(MATO GROSSO S/A, p. 11)<br />

No final da década de 1970, a descoberta de ouro<br />

ao norte de Mato Grosso fez com que acontecesse<br />

uma autêntica corrida para os garimpos dentro dos<br />

próprios projetos de colonização. Foi assim que Guarantã<br />

do Norte, Matupá, Terra Nova e Colíder aprenderam<br />

a conviver com os garimpos dos rios Peixoto<br />

Azevedo e Teles Pires. E também Carlinda, Alta Floresta,<br />

Paranaíta e Apiacás, “onde ninguém entrava ou<br />

saía sem controle” dos garimpos fechados de Alta Floresta.<br />

Aliás, os garimpos de Alta Floresta ficaram famosos,<br />

pois o proprietário da colonizadora Indeco<br />

desde 1972 sabia que havia ouro em suas terras. Mas<br />

foi no final de 1978 que a notícia se espalhou por meio<br />

de dois garimpeiros que entraram na área vindos do<br />

Pará pelo rio Juruena. Como conseqüência, uma avalanche<br />

de aventureiros correu para a região e outra<br />

parte largou a agricultura em troca do garimpo. A violência<br />

passou a fazer parte do dia-a-dia, e a busca do<br />

“enriquecimento fácil” tomou conta de Paranaíta e<br />

Alta Floresta. Estima-se que mais de trezentos garimpeiros<br />

foram mortos na disputa pelo ouro. De um<br />

lado, as empresas de mineração e a colonizadora, e do<br />

outro, como elo frágil, os garimpeiros. O ouro – segundo<br />

afirmou uma repórter do jornal O Estado de S.<br />

Paulo e Jornal da Tarde, que lá esteve desde 1979 – é<br />

vendido a comerciantes de São Paulo por preço que<br />

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA 123<br />

ninguém sabe. Os hotéis da cidade (praticamente todos)<br />

são o locus privilegiado das operações de contrabando<br />

do metal.<br />

Dessa forma, as colonizações envolvidas com garimpo<br />

são exemplos vivos da encruzilhada em que se<br />

encontram muitos desses projetos na Amazônia: entre<br />

a agricultura – em geral, com pouca assistência dos<br />

governos – e a febre do ouro dos garimpos. A colonização<br />

no norte mato-grossense, portanto, constituiuse<br />

em um paraíso para o capital, os especuladores e os<br />

grileiros que atuaram livremente com o “apoio” do<br />

próprio governo. Nessa região da Amazônia, verdadeiros<br />

latifúndios continuam sendo entregues “de graça”<br />

para os grandes grupos econômicos promoverem especulação.<br />

Os novos personagens sociais<br />

Assim, novos personagens sociais aparecem formando<br />

as novas regiões do norte mato-grossense.<br />

Quem são esses novos personagens do Centro-Oeste<br />

brasileiro, trazendo para cá toda a influência de uma<br />

cultura europeizada que colonizou o Sul brasileiro?<br />

Quem são afinal, os “polacos”, esses homens de pele<br />

clara, cabelos e sobrancelhas aloirados, enfrentando o<br />

inédito (para eles) calor dos trópicos e formando verdadeiras<br />

cidades amarelas de grandes olhos azuis?<br />

Definir o perfil do colono em Mato Grosso não é tarefa<br />

fácil, muito menos explicar os motivos que o trazem<br />

a um lugar tão diferente de suas origens, tão distante<br />

de suas tradições. Não é fácil, porque cada projeto<br />

de colonização tem a sua característica, cada colonizadora<br />

tem o seu público. Há, grosso modo, dois<br />

tipos de colono: o que tinha capital no Sul e resolveu

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