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52 AMAZÔNIA REVELADA<br />

brasileira. Descobriu mais de vinte espécies de macacos,<br />

oito animais silvestres de grande porte, um mamífero<br />

aquático e, no mínimo, cinqüenta árvores novas<br />

para a ciência.<br />

Por conta de suas descobertas, ganhou prêmios importantes<br />

nos Estados Unidos, do governo e da família<br />

real holandesa. Van Roosmalen naturalizou-se brasileiro<br />

em setembro de 1987 e em 1999 fundou a AAP,<br />

ONG brasileira com o objetivo de criar e manter reservas<br />

particulares de patrimônio natural (RPPN).<br />

O suposto envolvimento do primatologista com a biopirataria<br />

só veio à tona em julho do ano passado,<br />

quando foi autuado por fiscais do Instituto de Proteção<br />

Ambiental do Amazonas (Ipaam), no município<br />

de Barcelos (a 396 km de Manaus), transportando ilegalmente<br />

e sem autorização da instituição quatro macacos<br />

e quatro espigões de orquídea. Roosmalen foi<br />

multado em R$ 5 mil e responde a um processo penal,<br />

conforme determina a Lei de Crimes Ambientais.<br />

[...] O filho mais novo do pesquisador, Thomas van<br />

Roosmalen, faz doutorado na Universidade de Colúmbia,<br />

em Nova York, e trabalha com seqüência genética<br />

de DNA de macacos-barrigudos, existentes apenas<br />

na Amazônia. A coleta é feita por meio das fezes,<br />

material enviado ilegalmente pelo pai, Marcus Gerardus.<br />

[...] Em depoimento à CPI, em Brasília – 19 de<br />

dezembro do ano passado –, Marcus van Roosmalen<br />

(que compareceu à sessão escoltado por um agente da<br />

Polícia Federal do Amazonas) declarou que seus projetos<br />

extra-institucionais são credenciados no Inpa<br />

desde 1997 e que são financiados pela Conservation<br />

International do Brasil e Margot Marsh Biodiversity<br />

Foundation.<br />

Aos membros da comissão também admitiu possuir<br />

um site na Internet onde divulgava o envio de material<br />

genético para o exterior; realizava trabalhos como<br />

guia turístico e cobrava dinheiro para registrar nomes<br />

nas espécies descobertas. Os valores variavam de US$<br />

10 mil a US$ 1 milhão, o equivalente a R$ 30,5 mil e<br />

R$ 3,5 milhões. 22<br />

O professor da Universidade Federal do Amazonas<br />

Frederico Arruda, há vinte anos dedicado ao estudo<br />

da biodiversidade brasileira, denunciou à CPI o<br />

convênio não autorizado pelo governo entre a indústria<br />

Stracta, ligada à estadunidense Gladson, com a<br />

Universidade Federal do Pará, destinado a dar cobertura<br />

à retirada ilegal de extratos vegetais da floresta<br />

amazônica e da Mata Atlântica. Os extratos são enviados<br />

ao laboratório da Gladson no exterior.<br />

Segundo Frederico Arruda, existem vários convênios<br />

similares ao da Gladson no país, sem que haja<br />

qualquer controle por parte das autoridades brasileiras.<br />

Cita, como exemplo, a página na Internet de um<br />

pesquisador francês que anuncia abertamente estar<br />

montando um herbário na Amazônia; e informações<br />

de que o laboratório suíço Roche fornecia medicamentos<br />

para tratamento de malária aos índios do Programa<br />

de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, em<br />

retribuição aos conhecimentos a respeito do poder de<br />

cura das plantas que os índios ianomâmis têm repassado.<br />

Frederico Arruda defende a tese de que a biopirataria<br />

afronta a soberania nacional e deveria ser criminalizada.<br />

23<br />

Uma das grandes dificuldades encontradas pelo<br />

combate à biopirataria, além da insuficiência doutrinária<br />

e de pessoal do aparato jurídico, é que ela se traveste<br />

sob a forma de atividades aparentemente ino-

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