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84 AMAZÔNIA REVELADA<br />

toda a extensa área de influência desta estrada, criaremos<br />

condições propícias para bem situar o Brasil<br />

como fonte de alimentos e de recursos minerais, justamente<br />

setores onde possivelmente deverão ocorrer<br />

futuras crises de abastecimento, em um mundo cada<br />

vez mais superpovoado e carecedor daqueles bens essenciais.<br />

Essa possibilidade poderá vir a converter o<br />

porto fluvial de Santarém em grande centro exportador,<br />

criando-se, por meio dessa estrada, todo um<br />

complexo corredor de transporte voltado para o mercado<br />

fora de nossas fronteiras. (AMAZÔNIA, 1976a)<br />

Mas já em 1976 os empresários manifestavam<br />

sua preocupação com a “grilagem de terras”. Os acusados<br />

sempre foram os posseiros. É óbvio que os empresários<br />

nunca discutiam a procedência dos títulos<br />

de suas terras na região:<br />

Instrumento útil no processo de ocupação social e<br />

econômica da Amazônia, a colonização ao longo da<br />

Cuiabá-Santarém, contudo, já começa a preocupar<br />

algumas autoridades governamentais e empresários<br />

da Amazônia. Com efeito, bem recentes são as conturbadas<br />

experiências de ocupação ao longo de outras<br />

estradas na região, com a inevitável presença de grileiros<br />

e profissionais da “indústria da posse”, o que tem<br />

gerado disputas e choques violentos, freqüentemente<br />

com vítimas fatais. (AMAZÔNIA, 1976a)<br />

Na edição de junho daquele ano, a mesma revista<br />

informava:<br />

Os empresários manifestaram ao presidente Ernesto<br />

Geisel sua disposição de colaborarem com o Gover-<br />

no, na elaboração e execução dos planos de colonização.<br />

Especialmente os empresários mostraram a necessidade<br />

de que seja mantida a fiscalização do Exército,<br />

na área, de sorte a serem evitadas invasões que<br />

certamente comprometerão os esforços no sentido de<br />

uma colonização ordenada e racional de sorte a permitir<br />

a presença de pequenas, médias e grandes propriedades.<br />

(AMAZÔNIA, 1976b)<br />

A década de 1980 e os escândalos nos projetos<br />

agropecuários<br />

O processo de ocupação do norte mato-grossense<br />

pelos projetos agropecuários incentivados e financiados<br />

pela Sudam se fez por meio da grilagem das<br />

terras indígenas, o que provocou verdadeiros etnocídios<br />

e genocídios das nações Tapayuna, Panará, Kayabi,<br />

Xavante, Tapirapé, Carajá e outras. A maioria dos<br />

povos indígenas teve suas terras tomadas à força pelos<br />

especuladores, que lançavam mão de documentos<br />

falsos (certidões ou declarações atestando que não havia<br />

índios ou posseiros), e assim foram obtendo títulos<br />

de terras dos vários governos que ocuparam o poder<br />

em Mato Grosso. Qualquer pesquisa elementar<br />

naqueles documentos (ainda hoje) atesta a imensidão<br />

de títulos falsos presentes nos processos. O ponto alto<br />

na grilagem das terras indígenas está na figura do<br />

procurador. Este, munido de procurações, muitas vezes<br />

falsas, obtinha títulos de áreas contíguas, burlando<br />

a Constituição Federal, que impedia a venda, sem<br />

prévia autorização do Senado, de área superior a<br />

10.000 ha (1946), 3.000 ha (1967) e 2.500 ha (1988),<br />

estabelecendo gigantescos latifúndios na região.<br />

Como pode ser observado na figura 9, as propriedades<br />

têm linhas divisórias retas e em forma de quadra-

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