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com as que se dirigem em sentido inverso das margens<br />

da BR-163 em Novo Progresso. Vale lembrar que a referida<br />

região já foi objeto de intensa exploração madeireira,<br />

baseada principalmente no mogno, que deixou<br />

para trás uma relativamente densa rede de estradas endógenas<br />

que já servem de suporte para a expansão das<br />

frentes que partem de São Félix do Xingu (figura 4).<br />

Um novo surto de grilagem irradia-se por mais<br />

de 1.000 km via estradas federais. A partir da BR-163,<br />

essas frentes de apropriação do território alcançam o<br />

sul do Amazonas, tendo como referência os municípios<br />

de Apuí e Novo Aripuanã.<br />

Mantidos a fragilidade dos órgãos do Estado e<br />

o padrão, já descrito, de expansão por meio de estradas<br />

endógenas, a conexão viária entre São Félix do<br />

Xingu e Novo Progresso deverá concretizar-se em futuro<br />

próximo. Possíveis cenários podem ser previstos:<br />

a) as frentes de grilagem se expandiriam ainda<br />

mais na direção oeste da BR-163; possíveis pontos de<br />

conexão seriam a “rodovia Transgarimpeira”, que<br />

parte da BR-163 e se alongaria para atingir Jacareacanga,<br />

na Transamazônica; b) outro acesso a partir<br />

da BR-163 para Apuí seria a “rodovia do Estanho”,<br />

consolidando a ligação entre Apuí e Colnisa, em<br />

Mato Grosso. Caso essas conexões viárias se concretizem,<br />

os processos clássicos de grilagem, exploração<br />

ilegal de recursos e expansão de desmatamento prosseguiriam,<br />

como aconteceu em muitas áreas de floresta<br />

amazônica já destruídas.<br />

A tendência futura do desflorestamento nessa<br />

região dependerá principalmente de condições políticas<br />

e econômicas que assegurem uma revisão constante<br />

dos fatores que induzem ao desmatamento.<br />

Uma mudança radical no direito de propriedade e a<br />

ARNALDO CARNEIRO FILHO 193<br />

introdução de incentivos econômicos para atividades<br />

sustentáveis podem desempenhar papel importante<br />

nesse processo.<br />

FRAGILIDADE DAS TERRAS INDÍGENAS<br />

A situação das terras indígenas também merece cuidados<br />

especiais, visto que a própria construção da BR-163<br />

nos anos 1970 já foi motivo de diversos conflitos de<br />

interesses referentes a essas terras. Algumas delas foram<br />

objeto de constantes invasões, tanto da parte de<br />

madeireiros e garimpeiros quanto de colonos e fazendeiros<br />

(figura 5). Exemplos desses fatos:<br />

1) A Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, com<br />

793.489 ha, sofreu uma primeira fase de invasão feita<br />

pelos exploradores de mogno e, num segundo momento,<br />

pelos colonos da Transamazônica, deixando<br />

um saldo de ocupação da ordem de 29.890 ha;<br />

2) a Terra Indígena Apiterewa, cuja área apresenta<br />

992.507 ha, sofreu uma expansão da colonização<br />

ilegal no interior da Terra do Meio que penetrou os<br />

seus limites e gerou um desmatamento da ordem de<br />

148.881 ha, ou seja, 15% da área indígena;<br />

3) a Terra Indígena Baú, com 1.905.982 ha, da<br />

mesma forma sofreu invasões vindas a partir de estradas<br />

construídas pelos madeireiros nas vicinais da BR-<br />

163. A área desmatada no interior da área indígena é<br />

da ordem de 54.031 ha.<br />

Os valores acima referem-se apenas ao desmatamento<br />

por corte raso. Como a extração madeireira<br />

(desmatamento invisível) é uma das principais atividades<br />

de exploração nas TIs, em ambos os casos a

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