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impondo aos países do sul as concepções de conservação<br />

do norte (GUHA, 2000).<br />

Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer<br />

que não nos posicionamos contra todas as atividades<br />

desenvolvidas por essas organizações no tocante a<br />

conservação. São inegáveis, por exemplo, os feitos positivos<br />

dessas organizações, particularmente relacionados<br />

aos seus programas de apoio à pesquisa ambiental.<br />

Criticamos, aqui, especificamente, o modelo pretendido<br />

por essas entidades para a implantação de unidades<br />

de conservação e, também, os métodos usados para<br />

pressionar sua implementação. Antevemos nisso ações<br />

que consideramos contraprodutivas ambientalmente.<br />

Não raro, essas invasivas foram percebidas unicamente<br />

como um avanço das políticas ambientais<br />

brasileiras. Para LIMA e POZZOBON (2001), a partir da<br />

década de 90,<br />

A construção do paradigma ambientalista é resultado<br />

de uma longa reflexão sobre as raízes éticas e ideológicas<br />

da crise ambiental que põe em xeque diretamente<br />

o modelo de desenvolvimento capitalista, questiona<br />

o lugar da espécie humana na natureza e sua responsabilidade<br />

pelo futuro da biosfera. Esta autocrítica<br />

era, até recentemente, impensável. (p. 197)<br />

Não nos parece, de modo algum, que “a construção<br />

do paradigma ambientalista” tenha “posto em<br />

xeque diretamente o modelo de desenvolvimento capitalista”.<br />

Deu-se, sim, um “selo verde” ao capitalismo<br />

que, então, era aplicado na sua mais autêntica forma,<br />

valendo-se, inclusive, dessas políticas ambientais para<br />

o exercício imperialista. Em meio à intocada dominação<br />

ideológica, qualquer alternativa ao modelo é en-<br />

MAURÍCIO TORRES E WILSEA FIGUEIREDO 349<br />

tendida como poética e utópica, como um contrafluxo<br />

na linha natural da evolução socioeconômica. Assim,<br />

vemos, muitas vezes, a preocupação ambiental<br />

esmerar-se em promover o paradoxal “capitalismo sustentável”.<br />

Eis, então, a contribuição ambientalista ao<br />

mito do Brasil moderno que se fossiliza arcaico; que<br />

muda mantendo intocadas suas bases.<br />

Esses autores enxergam a transformação gerada<br />

pelo que entendem ser a nova mentalidade ambiental,<br />

em quadros bastante questionáveis:<br />

O reflexo da mudança de mentalidade se percebe claramente<br />

nos financiamentos internacionais para o desenvolvimento<br />

regional, no mais das vezes provenientes<br />

de acordos bilaterais com o Banco Mundial. Até a<br />

década de 80, eles não incluíam cláusulas ecológicas.<br />

Na década seguinte passaram a condicionar o desembolso<br />

e verbas para a infra-estrutura ao desembolso<br />

pari passu de verbas para a proteção ambiental e a demarcação<br />

de terras indígenas. (Ibid, nota 3)<br />

Ora, incluir “cláusulas ecológicas” para financiar<br />

fábricas de alumínio, como vemos acontecer, seria de<br />

fato uma nova postura dos agentes internacionais? Podemos<br />

perceber, nesse tipo de financiamento, não um<br />

incentivo ao desenvolvimento, mas o deslocamento de<br />

um ônus ambiental em que as “cláusulas ecológicas”<br />

não passam de invólucro constrangedor e hipócrita.<br />

FEARNSIDE esclarece sobre a estratégia de construção de<br />

fábricas de alumínio nos países do Terceiro Mundo:<br />

Um tipo de impacto ambiental que os países do Primeiro<br />

Mundo procuram passar para o Terceiro Mundo<br />

é a fabricação de alumínio. Essa atividade conso-

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