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244 AMAZÔNIA REVELADA<br />

Seria enganoso atermo-nos a mensurar (e com-<br />

preender) a situação do trabalho escravo considerando<br />

apenas os registros oficiais. Uma outra realidade<br />

se mostra além dos casos de ocorrência identificados,<br />

de modo que é necessário levantar informações<br />

sobre as condições que propiciam a sua existência,<br />

tais como: as atividades produtivas nas quais o<br />

trabalho escravo costuma ser utilizado, as condições<br />

nas quais ele costuma ocorrer – locais com ausência<br />

de fiscalização e dificuldade de comunicação – e a<br />

disponibilidade de força de trabalho excedente e<br />

vulnerável que favorece sua utilização. Houve nos<br />

últimos anos uma considerável ampliação da fiscalização.<br />

Mesmo assim, seria enganoso se apoiar em<br />

dados aí limitados.<br />

Essa mais efetiva ação de fiscalização deveu-se<br />

fundamentalmente às ações do Gertraf (Grupo Executivo<br />

de Repressão ao Trabalho Forçado), criado em<br />

1995 pelo governo federal. O Grupo objetivou a implementação<br />

de ações articuladas entre as diversas áreas de<br />

governo. Assim, equipes montadas por representantes<br />

de áreas distintas do governo federal formavam grupos<br />

móveis de fiscalização atentos às áreas de maior<br />

incidência de trabalho escravo.<br />

Muitos creditam ao trabalho das equipes móveis<br />

o grande crescimento das denúncias. Se isso for fato,<br />

há que se dar o mérito à presença e à atuação do poder<br />

público no combate ao trabalho escravo, pois essas<br />

ações estariam estimulando e encorajando os trabalhadores<br />

a recorrer às autoridades em busca da defesa de<br />

seus direitos. Na verdade, o aumento das denúncias estaria<br />

apenas dando mais visibilidade a um problema de<br />

proporções muito maiores que vinha sendo mantido<br />

oculto e agora começa a ser revelado. Essa é a opinião,<br />

por exemplo, de coordenadores das equipes móveis,<br />

mas também de alguns agentes da CPT.<br />

LOCALIZAÇÃO DAS DENÚNCIAS<br />

Os municípios de Redenção, Conceição do Araguaia<br />

e Santana do Araguaia (REZENDE FIGUEIRA, 1999), todos<br />

no sul do Pará, concentravam a maioria das denúncias<br />

de trabalho escravo na região durante a década<br />

de 70. O município de Santana do Araguaia, coincidentemente,<br />

sediou as maiores atenções do Estado<br />

ao receber o maior montante de recursos para projetos<br />

agropecuários. E, ao mesmo tempo, respondeu<br />

também pelo maior número de denúncias: metade<br />

das fazendas denunciadas.<br />

Anos 80 e 90. A fronteira se expande e novos municípios<br />

surgem no cenário do trabalho escravo, descrevendo<br />

um movimento que parece acompanhar esse<br />

processo de expansão, e em 2002 há registros de denúncias<br />

de trabalhadores escravizados em quase todos<br />

os municípios do sul do Pará. Agrupando os dados, é<br />

possível observar algumas áreas de concentração, como<br />

mostra a tabela a seguir.<br />

Esses dados permitem distinguir duas áreas de<br />

concentração. A primeira, de ocupação mais antiga,<br />

composta pelos grupos Sul II e Sudeste, destaca-se<br />

em relação ao número de fazendas denunciadas. A<br />

região Sul II abriga 20,5% dos casos e abrange os municípios<br />

localizados ao longo da PA-150 e suas proximidades<br />

(Água Azul, Bannach, Pau-d’Arco, Xinguara,<br />

Redenção, Rio Maria, Sapucaia). A região Sudeste<br />

responde por 17,1% das fazendas denunciadas e encampa<br />

a área de Marabá e municípios vizinhos (Eldorado,<br />

Curionópolis, Canaã, Brejo Grande, Palestina).

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