08.06.2013 Views

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

amazonia%20revelada

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

62 AMAZÔNIA REVELADA<br />

ceito de crime organizado poderia ser aplicado propriamente<br />

a essa prática.<br />

CONCLUSÃO<br />

Esperamos ter demonstrado que todo o processo de<br />

construção imaginária da Amazônia, bem como os<br />

métodos empregados para sua ocupação, até o momento<br />

obedeceram à lógica do colonizador, no contexto<br />

histórico específico que marcou a própria formação<br />

da nacionalidade brasileira, ancorada na idéia de uma<br />

natureza dada pela divina providência aos portugueses,<br />

e depois apropriada pelos brasileiros. O problema básico<br />

reside no fato de a elite brasileira (aqui entendida<br />

como governo, mídia, empresários, intelectuais), em<br />

geral, olhar para a Amazônia sob a mesma perspectiva<br />

com que, antes, a corte de Lisboa olhava para o Brasil.<br />

Trata-se de uma lógica radicada nos processos históricos<br />

que deram forma à nação brasileira.<br />

Historicamente, a transição da condição de colônia<br />

para império e depois para república foi operada,<br />

sem rupturas revolucionárias, por uma elite que<br />

soube preservar o seu poder à custa de manter na miséria<br />

a imensa maioria da população, como demonstra<br />

a condição brasileira de recordista mundial de desigualdade<br />

social. Essa mesma elite, sempre subordinada<br />

aos interesses do capital internacional (Lisboa,<br />

Londres, Washington), incapaz historicamente de<br />

construir um projeto genuinamente integrador dos<br />

potenciais criativos dos brasileiros das várias classes<br />

econômicas, encarou e encara o país como um enorme<br />

quintal à sua inteira disposição (isso também se reflete,<br />

por exemplo, nos mecanismos destinados a assegurar<br />

a impunidade dos mais ricos).<br />

Nos anos 90, as imagens e percepções sobre os<br />

destinos da Amazônia ganharam mais sofisticação, em<br />

comparação ao discurso primário e triunfalista da<br />

época da ditadura, graças aos embates entre as várias<br />

forças que disputam o controle sobre a região ou acreditam<br />

ter algo a dizer sobre o seu destino. Entre as várias<br />

forças, são mais facilmente identificáveis:<br />

- as nações originárias, grupos de pressão e ONGs<br />

a elas associados (incluindo missionários religiosos,<br />

brasileiros e estrangeiros), que reclamam os seus direitos<br />

e a demarcação de suas terras, com todos os problemas<br />

e conseqüências que isso acarreta;<br />

- ambientalistas genuínos (aqueles que de fato se<br />

preocupam com a preservação do equilíbrio ambiental<br />

e amam a região por aquilo que ela é, e não por<br />

aquilo que pode representar em termos de rapina e investimentos);<br />

- setores nacionalistas das Forças Armadas brasileiras,<br />

que denunciam as pressões pela internacionalização<br />

da Amazônia, incluindo, segundo eles, as missões<br />

religiosas que se colocam ao lado dos indígenas na reivindicação<br />

pela demarcação de terras e territórios;<br />

- empresas transnacionais e nacionais, incluindo<br />

madeireiras, farmacêuticas, mineradoras etc., que enxergam<br />

na Amazônia um espaço a ser explorado;<br />

- empresas vinculadas ao agronegócio, em particular<br />

exploração da soja e outras monoculturas de<br />

exportação;<br />

- governos internacionais, particularmente Estados<br />

Unidos, Japão e europeus, que já manifestaram<br />

publicamente sua vontade de ver a Amazônia internacionalizada,<br />

seja pela eventual venda do território em<br />

troca da dívida externa, seja por ocupação militar;

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!