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damente deficitárias, que impediram uma leitura mais<br />

precisa, que apuraria subdivisões no atual quadro de<br />

disposição das áreas de endemismo.<br />

PROCESSOS DE DIVERSIFICAÇÃO NA AMAZÔNIA<br />

O conhecimento sobre como e quando se deram os processos<br />

de formação da diversidade de espécies na Amazônia<br />

é importante para auxiliar na criação e gestão de<br />

unidades de conservação. Uma vez que raramente se<br />

pode delimitar com acurácia as barreiras geográficas que<br />

promovem a divergência entre espécies, é vital ter uma<br />

noção de como se deram os processos de especiação. Assim,<br />

sabe-se indiretamente sobre as barreiras e, também,<br />

pode-se avaliar onde se localizam as áreas diferenciadas<br />

que devem ser protegidas em reservas ambientais.<br />

Durante um período acreditou-se no grande número<br />

de espécies da Amazônia como produto de suas<br />

marcantes estabilidades climática e geológica. Isso poria<br />

a floresta a salvo de desastres e condições extremas,<br />

geralmente responsáveis por eventos catastróficos,<br />

causadores da morte de populações naturais. Tal estabilidade<br />

promoveria um aumento gradativo de biodiversidade,<br />

ao levar as taxas de nascimento de espécies<br />

a superar as de extinção (SANDERS, 1969). Entretanto,<br />

evidências mais recentes demonstram drásticas mudanças<br />

geoclimáticas a pontuar o passado histórico da<br />

Amazônia (TUOMISTO; RUOKOLAINEN, 1997). Atualmente,<br />

é consenso que grande parte das espécies da<br />

Amazônia foi gerada por eventos históricos de separação<br />

geográfica (a formação dos rios, por exemplo) geradora<br />

da diferenciação das espécies. Estabelecer quais<br />

foram tais eventos é tarefa difícil. Existem várias hipóteses<br />

sobre quais processos e fatores de diversificação<br />

MAURÍCIO TORRES E WILSEA FIGUEIREDO 331<br />

ocorreram na região (uma ampla revisão e discussão<br />

sobre cada uma dessas hipóteses é encontrada em HAF-<br />

FER, 2001). Dentre elas, podem ser citadas:<br />

1. a formação dos rios amazônicos (WALLACE,<br />

1852; CAPPARELLA, 1991; AYRES; CLUTTON-BROCK,<br />

1992), que separaram as espécies ao longo de suas<br />

margens;<br />

2. drásticos eventos geológicos, como: movimentação<br />

de placas tectônicas (que ocasionam a formação<br />

de vales e cadeias de montanhas); flutuações<br />

no nível do mar (que provocaram grandes<br />

inundações e secas na Amazônia) (RÄSÄNEN et al.,<br />

1995; WEBB, 1995; NORES, 1999; BATES, 2001);<br />

3. eventos climáticos causadores do isolamento<br />

(e conseqüente diferenciação de espécies) de florestas<br />

em lugares montanhosos durante períodos<br />

secos das glaciações (HAFFER, 1969; VANZOLINI;<br />

WILLIAMS, 1970).<br />

Essas hipóteses, em geral, não se excluem mutuamente.<br />

Embora a investigação dos mecanismos geradores<br />

da biodiversidade amazônica seja um assunto<br />

que fascina gerações, estudos que amadureçam e aprofundem<br />

a aplicabilidade de cada uma das propostas<br />

acima ainda estão por vir. Uma das poucas informações<br />

que podem ser generalizadas a partir dos estudos<br />

disponíveis diz respeito ao fato de que as áreas de endemismo<br />

amazônicas, em geral, delimitam-se pelo<br />

curso de grandes rios. Isso fornece, portanto, fortes<br />

evidências da importância dos rios como agentes de<br />

diversificação. Contudo, a visão mais realista aponta<br />

que a diversificação na Amazônia não pode ser explicada<br />

por um único processo geológico ou climático.

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