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56 AMAZÔNIA REVELADA<br />

pode matar 40% das árvores restantes. A morte des-<br />

tas árvores cria mais combustível (galhos e troncos<br />

caídos) que pode resultar em um incêndio devastador<br />

subseqüente. Neste caso, mais de um século seria necessário<br />

para a recuperação da floresta original. 27<br />

Acrescente-se aos danos ambientais a ação corruptora<br />

das madeireiras nas localidades onde se instalam,<br />

incluindo a cooptação de autoridades locais (prefeitos,<br />

juízes, promotores, policiais), além dos mecanismos<br />

de intimidação (ameaças e assassinatos), graças<br />

à ação de jagunços. Não raro, as madeireiras empregam<br />

trabalho escravo. Em 3 de novembro de 2004, a<br />

ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, admitiu<br />

que a ocorrência de trabalho escravo na Amazônia “é<br />

grave”, ao comentar uma reportagem publicada pelo<br />

jornal britânico The Independent, segundo a qual há<br />

25.000 pessoas em situação de escravidão trabalhando<br />

no desmatamento da floresta.<br />

Refletindo a preocupação do governo federal, o<br />

presidente Lula promulgou, em novembro de 2004,<br />

um decreto que define como reservas extrativistas<br />

(Resex) as regiões de Verde Para Sempre, em Porto de<br />

Moz, e a de Riozinho do Anfrísio, na região da Terra<br />

do Meio, no Pará, com área superior a 2 milhões de<br />

ha, muito cobiçada pelas madeireiras que já esgotaram<br />

o valor comercial de outras regiões.<br />

No dia 23 de agosto de 2004, a Polícia Federal no<br />

Amapá acrescentaria novo capítulo à história do crime<br />

organizado na Amazônia, ao anunciar a apreensão, no<br />

Estado, de uma carga ilegal de 600 kg de urânio e tório,<br />

minérios com potencial radiativo. Pela primeira<br />

vez, um carregamento desse tipo era interceptado no<br />

país. A mercadoria, de valor avaliado em 1,4 milhão de<br />

reais, fora apreendida no mês anterior, mas a PF preferiu<br />

não divulgar nada até ter em mãos o resultado da<br />

perícia no material, realizada pelo Instituto de Radioproteção<br />

e Dosimetria, no Rio de Janeiro, RJ, e pelo<br />

Instituto Nacional de Criminalística, de Brasília, DF.<br />

As jazidas desse tipo de minério são de propriedade<br />

exclusiva da União e, por lei, devem ser rigorosamente<br />

controladas.<br />

O urânio e o tório estavam acondicionados em uma<br />

caminhonete, que foi parada por uma fiscalização de<br />

rotina da Delegacia de Repressão aos Crimes contra o<br />

Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, entre os municípios<br />

de Pedra Branca do Amapari e Porto Grande,<br />

próximo à reserva de onde os minérios foram retirados,<br />

a cerca de 120 km de Macapá.<br />

No veículo estavam o suposto dono da carga, que fugiu<br />

numa mata fechada no momento da abordagem<br />

dos agentes, e o motorista, que foi preso. O material<br />

foi mandado para análise devido a suas características:<br />

escuro e denso. Inicialmente, a suspeita era que<br />

se tratava de tantalita e cassiterita, minérios explorados<br />

no Estado.<br />

DESTINO<br />

“Pelas investigações, descobrimos que a carga iria<br />

para São Paulo, de navio. De lá, muito provavelmente,<br />

seguiria para o exterior”, disse o delegado Tardelli<br />

Cerqueira Boaventura, da PF no Amapá.<br />

A polícia já identificou o dono da carga, que pode ser<br />

preso a qualquer momento e já está indiciado por crime<br />

ambiental e crime de usurpação de matéria pertencente<br />

à União – ele pode cumprir pena de até seis<br />

anos de prisão.<br />

Segundo as investigações, o motorista recebeu R$ 20

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