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74 AMAZÔNIA REVELADA<br />

O processo histórico da ocupação dessa imensa<br />

área, coberta ao norte pela floresta amazônica e ao sul<br />

pelo cerrado, contém as marcas dos desmatamentos<br />

feitos pelos projetos agropecuários financiados pela<br />

Sudam, que têm apresentado baixos resultados econômicos<br />

em face de vasta destruição do ecossistema, e<br />

esse processo trouxe conseqüentemente o aprofundamento<br />

da concentração fundiária.<br />

Em contrapartida, há inúmeros enclaves de posseiros,<br />

que praticam uma agricultura camponesa e às<br />

vezes sofrem a intervenção do governo, visando regularizar<br />

tais terras. As áreas dos projetos de colonização<br />

implantados por empresas privadas e/ou cooperativas<br />

de colonização estão também ocupadas por uma agricultura<br />

camponesa rentável e equilibrada do ponto de<br />

vista ecológico. São regiões onde há uma melhor distribuição<br />

da propriedade da terra e da renda, com<br />

prósperos centros urbanos, caso de Sinop.<br />

Soma-se a essas características gerais a presença<br />

do garimpo de ouro, que trouxe à tona conflitos e<br />

contradições entre os agentes sociais que o dominam,<br />

estabelecendo novas inter-relações e novos papéis<br />

qualificando e requalificando papéis anteriores. Foi<br />

assim que os colonizadores se transformaram em proprietários<br />

de garimpos, e políticos tradicionais idem.<br />

Os latifundiários foram pelo mesmo caminho. Enquanto<br />

isso, posseiros e colonos se transformaram em<br />

garimpeiros.<br />

A compreensão desse processo histórico é fundamental<br />

para uma avaliação das diferentes formas de<br />

assentamento humano, tendo em vista, inclusive, propostas<br />

que permitam um desenvolvimento mais justo<br />

e equilibrado na região.<br />

A ocupação começou na década de 1940, no go-<br />

verno Vargas. Conhecida como Marcha para o Oeste,<br />

a política oficial de ocupação do Centro-Oeste e da<br />

Amazônia contou com a primeira expedição na região<br />

do Araguaia, a Expedição Roncador-Xingu, que, por<br />

meio do Serviço de Proteção ao Índio, o SPI, estabeleceu<br />

contato com os povos indígenas da região. Da<br />

epopéia participaram os irmãos Villas Boas, que depois<br />

se tornaram importantes na luta pela implantação<br />

do Parque Nacional do Xingu (VILLAS BOAS,<br />

1994).<br />

Entretanto, coube à Fundação Brasil-Central,<br />

entidade governamental que depois se transformou<br />

em Sudeco – Superintendência do Desenvolvimento<br />

do Centro-Oeste –, a tarefa de organizar o processo de<br />

ocupação da região. A partir de 1945, particularmente<br />

a região do Araguaia mato-grossense passou a ser mais<br />

ocupada por posseiros, migrantes de Minas Gerais,<br />

Goiás e de Estados nordestinos. Seguindo os rios, em<br />

geral foram se instalando nas margens, onde surgiram<br />

povoados, chamados de patrimônios. Com a chegada<br />

dos grandes fazendeiros do Centro-Sul, a partir da década<br />

de 1960, e com as políticas públicas da Sudam, a<br />

região se tornou um “barril de pólvora”, palco de inúmeros<br />

conflitos entre índios, posseiros e grileiros. Até<br />

então, a porção central do Estado de Mato Grosso e o<br />

oeste do Pará eram territórios indígenas, como pode<br />

ser visto no mapa da parte centro-norte de Mato<br />

Grosso, cortada pela BR-163 (figura 1).<br />

Essa região era parte dos territórios dos Bororo,<br />

Bakairi, Kayabi, Suiá, Manitsauá e Panará (Kren Akarore)<br />

em Mato Grosso. E, no Pará, dos Panará, Kayapó,<br />

Kube-Kra-Noti, Yuruayá, Kuruáya, Sipayá, Munduruku,<br />

Guahuara, Arara, Yuruna, Sipáy, Maué, dentre<br />

outros (figura 2).

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