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254 AMAZÔNIA REVELADA<br />

familiares e contribui financeiramente para seu sustento;<br />

na maioria das vezes, são jovens pais de família<br />

e retornam aos seus locais de origem após meses de<br />

trabalho. Contudo, após anos de ciclos alternantes de<br />

presença e ausência de sua cidade e de sua família, o<br />

trabalhador de fora eventualmente se move para outra<br />

categoria: ou muda-se para o “trecho” ou fixa-se no<br />

Pará, constituindo uma nova família.<br />

Mais da metade (51,8%) dos resgatados pelas<br />

equipes móveis procedia de outros Estados9 . Depois<br />

do Pará, o maior fluxo de trabalhadores vem do Maranhão<br />

(22%), Piauí (13,6%) e Tocantins (13,2%).<br />

Considerando apenas os migrantes que vieram de outros<br />

Estados, tem-se que quase a metade deles (42,5%)<br />

veio do Maranhão.<br />

Procedência dos trabalhadores resgatados que<br />

vieram de outros Estados (1997-2002)<br />

PROCEDÊNCIA NÚMERO DE %<br />

TRABALHADORES<br />

Maranhão 168 42,7<br />

Piauí 104 26,3<br />

Tocantins 101 25,5<br />

Outros Estados* 22 5,5<br />

TOTAL 395 100,0<br />

*Outros: Goiás, Ceará, Bahia, Mato Grosso, Pernambuco e Rondônia.<br />

Fonte: Relatório dos grupos móveis (1997-2002).<br />

ROTAS E ESTRATÉGIAS DE ALICIAMENTO<br />

De ônibus, parte de Teresina, PI, e ruma até Santa<br />

Inês, MA; daí, embarca no trem da Companhia Vale<br />

do Rio Doce (CVRD) até Marabá, PA. Eis a rota mais<br />

comum do trabalhador do Piauí que sai em busca de<br />

uma vida melhor. Existem também percursos alterna-<br />

tivos. De Uruçuí, PI, adentrando o Maranhão, há dois<br />

trajetos: um deles passa por Balsas, Carolina, entra no<br />

Tocantins até Araguaína e segue para o Pará; o outro<br />

vai em direção a Imperatriz e entra no Pará pela Transamazônica,<br />

até Marabá.<br />

Os trabalhadores do Tocantins são levados para<br />

as derrubadas em fazendas na região do Iriri, município<br />

de São Félix do Xingu, e para a área da Transamazônica,<br />

arredores de Pacajá, frente de expansão da atividade<br />

agropecuária. Grilagem de terras, violência e<br />

pouca ou nenhuma presença do poder público são os<br />

tradicionais ingredientes para a implantação dessas fazendas.<br />

Dentre elas, casualidade ou não, há várias cujos<br />

donos são políticos do Estado do Tocantins. Muitos<br />

trabalhadores, “gatos” e vários dos fazendeiros da<br />

região do Iriri e Pacajá (área de expansão) são também<br />

procedentes da mesma região do Tocantins, às proximidades<br />

de Araguaína.<br />

DÉCADAS DE 70 E 80 – A AUSÊNCIA DA AÇÃO<br />

DO PODER PÚBLICO<br />

Como visto, o trabalho escravo é integrante do processo<br />

de expansão da fronteira e da história da região.<br />

O poder público, quando não esteve ausente, foi na<br />

maioria das vezes conivente com os grupos dominantes,<br />

que quase sempre deram a palavra final nas disputas<br />

e nos conflitos. Por outro lado, a extrema fragilidade<br />

da sociedade civil dessas regiões impossibilitava<br />

que algo fosse feito no sentido de denunciar e deter<br />

a injustiça, violência, corrupção, impunidade e violação<br />

de direitos. No entanto, algumas vozes sempre<br />

se levantaram para trazer à tona o que ficava escondido<br />

no meio da mata, vindas principalmente de seto-

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